Paris acolhe até 09 de Junho uma exposição sobre a vida de Cesária Évora, dando destaque à relação especial que a diva cabo-verdiana mantinha com a Cidade das Luzes. A sua simplicidade, determinação e talento estão agora à vista de todos os parisienses que caminhem à beira do rio Sena.
“Portraits d’une icône” ou “Retratos de um ícone” é a exposição de fotografia inédita que celebra Cesária Évora nas margens do rio Sena, em Paris, uma cidade emblemática na vida da diva dos pés descalços. Esta exposição nasceu do desejo de Émilie Silva, uma advogada franco-cabo-verdiana, de dar uma nova visibilidade à rainha da morna na capital francesa quase 14 anos após a sua morte.
Émilie Silva, que dirige também a associação Les Arts Voyagent para a promoção cultural, explicou em entrevista à RFI como foi crescer em França, numa altura em que Cesária Évora era uma estrela em terras gaulesas, e a importância de relembrar a maior cantora cabo-verdiana de todos os tempos.
"Foi uma ideia muito natural para mim. Cesária Évora é a artista mais famosa de Cabo Verde e eu achei que esta artista não tinha aqui em França o mesmo reconhecimento que já teve. E queríamos fazer-lhe uma grande homenagem, porque ela merece. Esta exposição aconteceu porque eu tinha a ideia e as portas foram abrindo-se. Conheço a antiga ministra Elisabeth Moreno e ela disse que a Câmara de Paris gostaria desta ideia e tivemos depois acesso ao grande arquivo fotográfico de Cesária Évora e depois fomos avançando sobre as temáticas da sua vida", explicou Émilie Silva.
Para orientar esta exposição, Egídia Souto, professora de Literatura e História de Arte de África na Universidade Sorbonne Nouvelle, ajudou a construir um percurso baseado na história de Cesária Évora, mas também nas suas características única. O facto de esta ser uma exposição que está nas ruas de Paris e acessível a todos é também algo que encaixa com o percurso desta personagem única.
"Cesária Évora viveu o tempo da pobreza em Cabo Verde e para ela era importante que todos soubessem de onde é que ela vinha. De onde é que ela veio e onde quer que ela estivesse, ela levava a comida dela, levava o país dela e ela nunca mudo isso. [...] As temáticas na exposição impuseram-se naturalmente, porque, no fundo, era uma imagem também que queríamos mostrar da Cesária e mostrar, sobretudo, que ela é uma mulher do povo e que ela levou com ela a imagem de Cabo Verde. E trouxe esta história dos contratados, a história de milhares de pessoas que foram de Cabo Verde para São Tomé. Ela vinha para Paris e trazia para Paris as emoções de Cabo Verde", detalhou Egídia Souto, co-comissária da exposição com Solene Vassal.
Também José da Silva, empresário e amiga da cantora, que a trouxe para Paris e lançou através da sua editora, Lusafrica, a carreira de Cesária Évora, considerou que este lugar, à beira do rio Sena, agradaria à diva cabo-verdiana.
"Ela teria muito orgulho porque ela gostava de Paris. Essa exposição é algo de inesperado e formidável. Ela ia gostar. Como gostou sempre da França", indicou José da Silva.
Esta exposição que vai estar patente nas margens do rio Sena, junto à praça de Chatelet, e em frente à ilha de La Cité, onde se encontra a Catedral de Notre Dame, até 9 de Junho, mas deverá depois viajar, segundo explicou Egídia Souto.
A exposição “Portraits d’une icône” ou “Retratos de um ícone” foi organizada pela associação Les Arts Voyagent em associação com a Câmara Municipal de Paris, com o Theatre de la Ville, o primeiro teatro em Paris que acolheu Cesária Évora, a editora Lusafrica e ainda conta com o apoio de Elisabeth moreno, antiga ministra franco-cabo-verdiana.