Embusteiro.
Sem querer querendo, quiseste enganar.
Na verdade mentindo ficaste a pensar.
Tua mão jogaste fingindo agarrar.
Desamparado caí, nem quiseste teimar.
Ousaste saber os segredos da gente.
A verdade disfarças o engano desmente.
Nos reveses da vida tão pouco medito.
Eu sei que não sei e por isso acredito.
Saúdas o crente que mal não infere.
Pensas por ele e ele nem se apercebe.
A semente plantada o fruto dará.
Daninha a erva o consumirá.
Caminhas à chuva, disfarças o choro.
Prantos uivados te pedem namoro.
Sabes que tens mas tomas do outro.
Tamanho desplante tão fraco decoro.
Levantas alertas instauras o medo.
Persegues infantes, atormentas o velho.
No campo dos fracos disputas os pontos.
Dos fortes tu foges, parecem leprosos.
Bandeiras, cores, praças, nações.
Umbigo do mundo agora e depois.
O degredo do verbo adultera razões.
A crença do casto é o pasto dos bois.
Que triste te sentes, na tua condição.
Teu ego não dorme nem pede perdão.
Bem sei que tu sabes, que sabes que eu sei.
Fingimos os dois o embuste é o rei!.
Se tua intenção não foi enganar?.
Por que raio o fazes? Não te pois no lugar?.
Um dia eu me canso, a fé em ti cairá.
Não me peças desculpas, pois perdão não há!.