A selecção feminina de andebol de Angola conquistou o 16.º título da Taça das Nações Africanas, vencendo o Senegal por 27-18 na final que decorre na República Democrática do Congo. O ministro do desporto angolano, Rui Falcão, destacou a qualidade superior do andebol feminino de Angola, que se mantém como potência continental. A capitã, Albertina Kassoma, descreve um sentimento de realização pela vitória histórica, refletindo o orgulho da equipa.
RFI: A seleção feminina de andebol de Angola fez história ao conquistar o 16.º título da Taça das Nações Africanas, depois de uma vitória sobre o Senegal por 27 18, na final que decorreu na República Democrática do Congo. Senhor ministro é que acompanhou esta final?
Rui Falcão: Com muita tranquilidade, depois da fase de apuramento ficámos com a convicção de que os adversários teriam que trabalhar muito para poder aproximar-se da qualidade que Angola tem em termos de andebol feminino. Foi com tranquilidade que assistimos à final.
A equipa angolana continua a ser uma das maiores potências do andebol feminino no continente africano. Alcançou cinco vitórias consecutivas na competição, consolidou-se como a grande favorita na modalidade. Podemos, senhor ministro, considerar o andebol feminino a modalidade mais forte na vertente feminina em Angola?
Que sem dúvida nenhuma, mesmo ao nível do continente africano. É preciso relembrar que são seis títulos. Digamos que é muito tempo na liderança, com uma diferença de qualidade acentuada. Não se pode comparar o andebol de Angola com o dos demais países, como constatamos neste campeonato africano, sendo certo que algumas estão a crescer, mas ainda longe da qualidade que o nosso andebol atingiu.
Com esta vitória, Angola não só confirma o lugar que ocupa no andebol africano, mas garantiu a qualificação para o Campeonato do Mundo de Andebol Feminino, que vai decorrer no próximo ano, em 2025, na Alemanha e Países Baixos. O que se pode esperar deste Mundial?
Sabemos que ainda temos um percurso para fazer, sendo certo que o nosso objectivo será melhorar o nosso ranking a nível mundial. Para isso precisamos de ganhar a duas ou três equipas e é esse o trabalho que vamos fazer a partir de agora. O nosso objectivo no próximo Campeonato do Mundo, que se realiza em 2025, será melhorar o nosso ranking. Há alguns anos a nossa meta era vencer equipas do continente africano. Hoje o limite já não pode ser esse porque já está praticamente concretizado, salvo raríssimas excepções. O que precisamos agora é de vencer algumas equipas europeias. Só isso é que nos vai permitir melhorar o ranking. Ultimamente temos andado a perder por um ou dois pontos, o que significa que estamos muito perto de fazer a viragem. Vamos continuar a investir na preparação da nossa selecção, levá-la a outro patamar de torneios que nos permitam melhorar a qualidade técnico, táctica e, com isso, depois poder enfrentar as melhores equipas da Europa.
Como descreve a evolução do desporto no feminino angolano? Houve recentemente a criação da selecção feminina de futebol, por exemplo?
Está dentro do programa do Plano a Desporto o alargamento da base de participação feminina em todas as actividades desportivas no país. Todas as federações estão alinhadas no sentido de aumentar os índices de participação feminina nas nossas competições. Para isso, temos que alargar a base, temos que trazer cada vez mais meninas para o desporto no sentido de termos mais disponibilidade no futuro.
Foi um sentimento de realização porque era o nosso 16.º título e o país inteiro estava à espera. Nós também estávamos à espera.
A capitã da selecção feminina de andebol de Angola, Albertina Kassoma, descreve emoção pela victória contra o Senegal (27-18), conquistando o 16.º título da Taça das Nações Africanas. Albertina Kassoma destaca o foco da equipa em melhorar a sua classificação no Campeonato do Mundo de 2025 e enfrentar equipas europeias. A capitã da equipa reconhece a falta de experiência, mas acredita que mais jogos de preparação e o investimento no campeonato nacional vão ajudar a alcançar o nível das grandes seleções.
RFI: Como descreve a vitória de sábado frente ao Senegal por 27-18?
Albertina Kassoma: Foi uma emoção muito grande porque estávamos à espera deste jogo. Sabíamos que o jogo contra Senegal não seria um jogo fácil porque elas também têm uma boa equipa. Foi um sentimento de realização porque era o nosso 16.º título e o país inteiro estava à espera e nós também estávamos à espera. Foi bom chegar no fim de tudo e saber que conseguimos conquistar a taça que tanto almejávamos.
É a sexta vitória nesta competição. Garantem a qualificação para o Mundial. Já pensam no Campeonato do Mundo de andebol do próximo ano?
Com certeza. Nós temos como objectivo melhorar a nossa classificação no campeonato mundial e nos outros campeonatos internacionais, como os Jogos Olímpicos e Mundial. Já temos em vista alguns ciclos de preparação para o campeonato mundial.
O ministro dos Desportos, Rui Falcão, disse-nos que a vossa prestação é cada vez melhor. Ele dizia que vocês já conquistaram, em termos continental, um lugar de topo. Falta agora a competição com equipas europeias, uma vez que os resultados aproximam-se sempre de um ou dois pontos. É nisto que vão ter que trabalhar?
Sim, sim. Nós já conseguimos provar a nossa hegemonia aqui no continente africano e agora os nossos próximos objectivos são de chegar ao nível das equipas de topo. Temos em vista continuar a trabalhar, a aperfeiçoar aquilo que nós não temos feito tão bem para podermos chegar ao nível das grandes equipas.
O que têm feito de menos bem?
Eu acho que nos falta ainda um pouquinho da qualidade. Temos qualidade individual e a nível do grupo temos muita qualidade. Falta ainda um pouquinho de experiência porque, se notar, os jogos que normalmente nós fazemos com as equipas como França, como Dinamarca são jogos em que conseguimos aguentar e uma boa parte do tempo, mas depois, no final, com alguns erros, por falta de experiência, alguma imaturidade, cometemos alguns erros que nos custam a derrota. Acho que quanto mais jogos de preparação tivermos de alto nível, vai ajudar muito a conseguirmos chegar ao nível das outras equipas. O investimento interno que fizemos aqui no nosso campeonato ajuda também, de alguma forma, a termos um bom nível quando formos jogar os campeonatos mundiais.
Além de Angola, o Senegal ficou em segundo lugar, a Tunísia e o Egipto terminaram no terceiro e quarto lugar, e são as equipas que vão representar o continente africano no maior palco mundial do andebol feminino, competindo contra as melhores selecções do mundo.