As mudanças e desafios de Rúben Amorim no Manchester United
06 December 2024

As mudanças e desafios de Rúben Amorim no Manchester United

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O português Rúben Amorim chegou ao Manchester United há pouco menos de um mês e trouxe mudanças no desempenho ofensivo, já com vitórias expressivas, como por exemplo contra o Everton. O jornalista desportivo Óscar Cordeiro acompanha a primeira liga inglesa na DAZN Portugal e destaca a boa comunicação e o trabalho meticuloso de Ruben Amorim.

RFI: O que é que mudou no Manchester United com a chegada de Rúben Amorim?

Oscar Cordeiro: A verdade é que aquilo que muda por esta altura em Manchester United, é, no fundo, uma forma de estar, um estilo de jogo. Para ser claro, muda tudo, porque Ruben Amorim chegou com uma nova ideia, semelhante à que tinha no Sporting no que diz respeito à questão táctica, completamente distinta da que Erik ten Hag tinha no clube. Um sistema com três defesas que surpreende todas as pessoas aqui, desde jornalistas a adeptos. Nunca houve desconfiança, houve sempre vontade que existisse mudança. E, por exemplo, os media aqui falavam, depois da derrota com o Arsenal, a primeira ao final de quatro jogos no comando técnico do United, que não existiria muito tempo para pensar nesta derrota, que não seria este desaire a abalar aquilo que será o trajecto de Rúben Amorim. E, de resto, Rúben Amorim, também na antevisão do jogo, tinha dito que a tensão viraria tempestade, ou seja, chegariam resultados menos positivos ou algumas dificuldades. E eu estive no Arsenal - United e até foi uma primeira parte equilibrada, mas as bolas paradas, os pontapés de canto fizeram a diferença. O Arsenal teve também outras chances, mas isso não abala o trajecto do Rúben Amorim, que se espera de sucesso, mas que para isso terá de ter muito tempo também para conhecer os jogadores, para perceber com quem conta ou não e os jogadores a adaptarem se também à sua nova ideia.

Os adeptos receberam bem Rúben Amorim, cantando nome logo depois de três jogos no banco, embora Amorim tenha mostrado humildade. Ele afirmou que a equipa é que deve ser o foco. Em termos tácticos, Amorim implementou um sistema de 3-4-2-1 e dá prioridade à intensidade física e que resulta em mudanças?

Sim, existem muitas mudanças. Naturalmente que há um ou outro jogador que tem que ser também adaptado porque o plantel não foi construído para jogar desse modo. Ao contrário, por exemplo, do Sporting, onde ao longo dos anos Ruben Amorim conseguiu que o plantel fosse construído também a pensar nessa ideia. E é isso que se espera em Manchester, que a médio longo prazo e inclusive também já independentemente de existir ou não possibilidade financeira em Janeiro para o Manchester United. Mas à medida que os jogos vão passando, vai se percebendo com quem conta ou quem não conta Ruben Amorim e na verdade tem utilizado de grande parte dos jogadores, já utilizou mais de 20. Depois em Janeiro, eventualmente existirem algumas saídas de algumas entradas e a médio longo prazo também o plantel do United ser formatado. Eu diria que a grande mudança é a mudança de sistema. Já se viu o Manchester United em alguns jogos a criar muitas chances. De resto, Ruben Amorim fez, num curtíssimo espaço de tempo o que o, Erik ten Hag não tinha conseguido a nível de produção ofensiva, ou seja, vencer por 4-0 em dois anos e tal no Manchester United, o treinador neerlandês nunca havia conseguido esse resultado, essa margem de resultado. E Ruben Amorim conseguiu passado pouquíssimo tempo no jogo com o Everton. Agora, claro, como o Ruben Amorim disse e disse também na entrevista a razão depois do jogo, é claro que é obrigatório que quer ganhar e que tem que ganhar jogos e trabalhar também assentes nessa mudança.

Amorim é elogiado pelo trabalho que fez no Sporting, que tem mostrado ter capacidade para gerir um clube da dimensão do Manchester United. O que é que fez Ruben Amorim uma escolha atractiva para uma Manchester, foi a experiência no futebol português.

Eu diria que é uma junção de factores: o futebol praticado, a boa disposição, a comunicação do treinador, que é algo que se tem elogiado imenso, a forma de comunicar de Ruben Amorim. A verdade, a forma de estar não se esconde nas questões, nos vídeos que surgiram, a interacção com os jogadores nos treinos, sabe-se aqui em Inglaterra é um dos mercados onde os treinadores, quando são avaliados e pensados para o cargo, passam em muitos clubes por um intenso processo de recrutamento, com entrevistas onde explicam o seu modelo de jogo, a sua forma de estar, aquilo que pretendem, desde as camadas jovens até ao futebol profissional, a relação com os media, as equipas técnicas, quem querem trazer, quem não querem, o que é que pensam a médio longo prazo, a nível de títulos e o que é que podem ou não trazer aos clubes. Isso não acontece só no Manchester United ou no Liverpool, acontece em praticamente todos os clubes. Não é só no Manchester United ou no Liverpool ou no Manchester City. São todos os clubes, ou grande parte deles aqui em Inglaterra, que para os mais diversos sectores, fazem uma série de entrevistas, desde o director desportivo, ao treinador, tudo é equacionado ao detalhe. Por isso, eu diria que todo o percurso de Ruben Amorim, desde a forma de estar à comunicação, foi equacionado e foi ponderado ao detalhe e foram uma série de factores que fizeram com que o Manchester United se interessasse pelo treinador. E parece me a mim que desde os adeptos até à própria administração, sabendo que há muito trabalho pela frente, ninguém espera outra coisa que não o sucesso a médio longo prazo com o treinador português.

O Sporting sem Amorim sofre a terceira derrota consecutiva ao perder com o Moreirense 2-1. O que está a acontecer no Sporting sem Amorim, que está a somar derrotas?

Eu acho que essa é a questão para 1 milhão de euros. Toda a gente deve estar a fazer essa questão. A verdade é que foram muitos anos com um treinador. É mais do que normal e acho que é o futebol, mesmo não acompanhando agora com detalhe o futebol português, como já acompanhei em tempos. Naturalmente que há também sempre a curiosidade de perceber como é que as coisas vão rolar e como, por exemplo, João Pereira - disse depois do jogo com o Moreirense - as coisas terão tendência, naturalmente a melhorar e a bola deixar de bater no poste. Veremos o que vai acontecer. É uma situação delicada e relança também o campeonato português, mas eu diria que só o tempo é que vai provar efectivamente como é que o Sporting vai reagir à saída de Rúben Amorim se a decisão da direcção em ter este novo treinador que saiu da equipa B foi positiva ou não, O tempo é que vai mostrar isso e vai acabar por mostrar efectivamente qual foi o impacto da saída de Rúben Amorim.

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