Novo clipe do brasileiro Leopold Nunan transforma dor em beleza e resistência em dança
03 May 2025

Novo clipe do brasileiro Leopold Nunan transforma dor em beleza e resistência em dança

Brasil-Mundo

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Quando Leopold Nunan entra em cena, é impossível não dançar com ele. Colorido, intenso, provocador e magnético, ele não apenas ocupa o palco, como domina o espaço com sua presença vibrante, a voz poderosa e uma estética visual que mistura Brasil, Estados Unidos, personalidade e liberdade. É esse espírito indomável que pulsa em "C’est la Music", novo single e clipe do artista, que acaba de ser lançado. É um manifesto que transforma dor em beleza e resistência em dança.

Cleide Klock, correspondente em Los Angeles

O clipe, que integra seu álbum de estreia, "Leo from Rio", é uma explosão visual e emocional que celebra o poder da arte como salvação.

"Esse filme — eu chamo de filme — sou eu usando esses personagens como uma defesa para o mundo exterior", conta Leopold, radicado em Los Angeles. “Eu adoro incorporar personagens e transformar o meu invólucro, a minha pele, usar a minha pele realmente como veículo. Isso é do Rio de Janeiro, é do Carnaval, é de ser brasileiro, é do indígena. Meu pai e minha avó têm linhagem indígena, do Piauí."

A narrativa começa com uma cena crua e logo emerge pelo renascimento ao som da música. O vídeo mistura artes, dança, símbolos e referências à fauna brasileira e à cultura indígena, com pinturas como escudo e segunda pele — uma metáfora perfeita para o artista que se protege e se fortalece por meio da arte. Em um dos momentos mais simbólicos, Leopold aparece se transformando em uma onça-pintada, com pintura corporal feita por Glen Allen, artista vencedor de três Emmys.

“A onça-pintada é um animal em extinção e, mesmo assim, está lá, sobrevivendo. Está lá, vítima do desmatamento e das atrocidades de governos que não querem saber de preservar a nossa natureza. Essa vulnerabilidade com essa força que me interessou", conta. "Nós, LGBT, também somos muito vulneráveis e, ao mesmo tempo, bem resilientes. A gente é forte, a gente se une, se reúne e a gente fica forte com isso", diz o artista.

Influência de Ed Motta

O álbum "Leo from Rio", lançado em 2024, é seu primeiro projeto completo, totalmente independente. Tem dez músicas e já deu origem a cinco clipes — cada um explorando novas camadas da identidade do artista, que mora há 23 anos nos Estados Unidos, mas que sempre vai ser bem brasileiro.

“Eu sou o Brasil. Está dentro de mim, da minha alma, e esse álbum realmente é um raio-x dessa minha vinda para cá. Metade português, metade inglês. Eu era aquele cara carioca influenciado por Ed Motta — e Ed Motta é influenciado pela música americana", explica. "Aqui, o funk já dentro de mim é o soul music. Quando eu fui para Nova York, eu fui aprender a cantar com as cantoras de gospel no Harlem. Então, eu acho que isso também teve soul. Mas é carioca. Você tira o Leo do Rio, mas não tira o Rio do Leo", brinca.

Brasileiros ganham espaço na Califórnia

O lançamento oficial de "C’est la Music" aconteceu em abril, no consulado-geral do Brasil em Los Angeles, no primeiro evento de videoclipes musicais de brasileiros. O evento celebrou a força dos artistas independentes e a presença crescente deles na cena criativa da Califórnia.

Além do filme de Leopold, o evento exibiu "The One", da cantora paranaense Carol Grando, com produção de Eduardo Orelha; e "Breaking Free", de Raquel Leal Davies, com a atriz Sophia Mayer Pliner — uma obra audiovisual inspirada no flamenco, que aborda libertação e dualidade com força poética e visual arrebatador.