Luciana Souza canta no Carnegie Hall de Nova York, acompanhada de jovens músicos de jazz dos EUA
26 July 2025

Luciana Souza canta no Carnegie Hall de Nova York, acompanhada de jovens músicos de jazz dos EUA

Brasil-Mundo

About

O palco do Carnegie Hall, em Nova York, recebe neste verão americano mais uma edição da NYO Jazz, a Orquestra Jovem de Jazz dos Estados Unidos. O projeto educativo, ligado à tradicional casa de concertos, já teve como convidadas especiais Dee Dee Bridgewater, uma das maiores cantoras de jazz da atualidade, e Dianne Reeves, ambas vencedoras de múltiplos prêmios Grammy.

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Este ano, quem assume os vocais é Luciana Souza, cantora, compositora e educadora musical nascida em São Paulo e radicada nos Estados Unidos desde os anos 1990.

Luciana conta que foi convidada especial de um projeto já tradicional do Carnegie Hall, uma instituição que, além de apresentar grandes concertos e artistas, também mantém um forte braço educativo. “Eles organizam três orquestras – duas sinfônicas e uma big band. Chama-se NYO, a sigla para National Youth Orchestra”, explica.

Filha do cantor e compositor Walter Santos e da letrista Teresa Souza, Luciana cresceu imersa em um ambiente musical. Ainda menina, gravava jingles e acompanhava o movimento da música instrumental brasileira.

“Meus pais foram muito influentes na música, especialmente em São Paulo”, relembra a cantora. Eles criaram um selo de disco chamado Som da Gente que, durante dez anos, ajudou a impulsionar a música instrumental brasileira – ou, como ela mesma define, “o jazz brasileiro”.

Repertório inclui canções de Tom Jobim, Ivan Lins e Vince Mendoza

Reconhecida como uma das vozes mais respeitadas da música brasileira fora do país, Luciana Souza traz ao projeto sua vivência única entre o jazz norte-americano e os ritmos brasileiros. Ela vê em Tom Jobim a figura central dessa ponte entre os dois mundos. “Praticamente todo o repertório de música brasileira que a gente está fazendo é baseado no Jobim”, destaca.

Entre os clássicos escolhidos para o repertório da turnê está “Chega de Saudade”, eternizada por João Gilberto. O programa ainda inclui a canção “Se Acontecer”, de Ivan Lins e Lenine, além de um novo choro assinado pelo maestro Vince Mendoza, diretor musical da NYO Jazz.

Com seis indicações ao Grammy, Luciana já colaborou com nomes como Herbie Hancock, Hermeto Pascoal, Romero Lubambo, Maria Schneider, Danilo Perez, Paul Simon e James Taylor. Mas, segundo ela, o que mais a inspira é ver o jazz renascer nas mãos dos jovens músicos.

Para ela, o jazz está longe de ter desaparecido. “O jazz não está morto. Está morto para algumas pessoas, mas para muitos de nós ainda está muito vivo”, afirma. “Tem muita vitalidade na voz desses jovens que vão tocar. Eles são o futuro do jazz.”

Turnê da NYO Jazz no Brasil

Após as apresentações neste fim de semana (26 e 27 de julho) em Nova York, a NYO Jazz – sob regência do trompetista Sean Jones – embarca para uma turnê pelo Brasil, com shows em São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus.

“Esse ano, o foco é a América do Sul, principalmente o Brasil. A gente vai fazer concertos em São Paulo, no Rio e em Manaus”, conta Luciana.

A volta ao palco do Carnegie Hall tem um sabor especial. Ela já se apresentou ali em outras ocasiões, mas diz que o convite atual tem um peso simbólico.

“É uma honra e uma alegria imensa. Trabalhar com o Carnegie Hall é algo muito prestigioso”, diz Luciana. “Eu acredito profundamente no jazz e estou em um momento da vida em que sigo criando, mas também quero abrir espaço para a nova geração.”

Entre o passado glorioso do jazz e seu futuro vibrante, Luciana Souza é ponte, voz e referência.