Cirurgiã vascular explica por que quem tem varizes deve continuar a fazer exercícios

Cirurgiã vascular explica por que quem tem varizes deve continuar a fazer exercícios

RFI Brasil
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Ter varizes não é um impedimento para fazer exercícios, explica a cirurgiã vascular Nathassia Domingues, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Pelo contrário: a atividade física é uma aliada dos pacientes e deve ser praticada com regularidade, explicou em entrevista à RFI.

Taíssa Stivanin, da RFI

“Existe um mito de que a atividade física pode piorar as varizes e dilatar as veias, mas é o contrário. Quanto mais a gente faz atividade física, mas trabalha a bomba muscular da perna e melhora nossa circulação”, diz Nathassia. 

As varizes são veias dilatadas que podem prejudicar a circulação e, sem tratamento, causar problemas sérios para a saúde. “O sangue dentro da veia circula do pé para o coração, ou seja, de baixo para cima e contra a força da gravidade. Ela então tem que fazer esse esforço, principalmente quando trabalhamos sentados ou em pé, para o sangue voltar para o pulmão e continuar circulando pelo coração”, detalha. 

É por essa razão que medidas simples, como colocar as pernas para cima alivia alguns sintomas relacionados à doença. Entre eles está aquela sensação de inchaço e peso que algumas pessoas sentem depois de passar o dia todo sentadas, por exemplo. 

“A gente até brinca dizendo que o nosso segundo coração do corpo é a panturrilha. Então quanto mais essa musculatura for trabalhada, melhor será para a circulação”. A musculação é indicada em todos os casos, justamente para reforçar os músculos das pernas, diz. 

“Para quem tem varizes já instaladas em um estado avançado, atividades de impacto podem piorar a situação. Por isso é importante consultar um médico para avaliar qual será o tipo de exercício mais adequado. Mas, de uma foram geral, todas as atividades estão liberadas e não só podem como devem ser feitas por todo mundo, especialmente pessoas com varizes”, lembra. 

Graus de gravidade

Existem seis níveis de gravidade das varizes, que começam com pequenos vasos visíveis na perna e depois podem se transformar em feridas que cicatrizam dificilmente.

“Começam com vasinhos e depois as veias vão ficando mais saltadas e visíveis. No terceiro grau, a perna vai inchando. No quarto grau, já há complicações como a dermatite ocre. A pressão na veia e no pé é muito alta e há a dificuldade para o sangue retornar para o coração”, explica a cirurgiã.  

“São manchas amarronzadas de cicatrização difícil e um indício de comprometimento importante na cicatrização da perna. No quinto grau, o paciente teve a ferida e cicatrizou, e o sexto grau é uma ferida aberta, um estágio que obviamente a gente não quer que chegue”, completa. 

Existe uma predisposição genética que, associada a fatores ambientais, pode desencadear a doença. Entre eles estão o tabagismo, sedentarismo ou sobrepeso.

As mulheres também têm mais propensão por conta das oscilações hormonais que ocorrem na gravidez, explica a médica. Além disso, o uso da pílula também favorecer o aparecimento das varizes e até de trombose. O tratamento é feito com anticoagulantes que vão deixar o sangue mais fluido e visa evitar situações graves, como a embolia pulmonar. 

“As varizes aumentam o risco de trombose, e a medicação, como dizemos de maneira popular, “afina” o sangue. Com o tempo o organismo vai dissolvendo aquele coágulo. A medicação é para a trombose não agravar e para evitar a embolia pulmonar, que é quando esse coágulo que está dentro da veia desprende, corre na circulação e vai para o pulmão. Dependendo do caso, pode ser fatal, e é a complicação que a gente mais teme da trombose”, conclui.