Relação de pai e filho é tema de longa brasileiro premiado na França

Relação de pai e filho é tema de longa brasileiro premiado na França

RFI Brasil
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David é um jovem cineasta cearense radicado há dez anos em Portugal. Ele volta a Fortaleza para exibir seu primeiro longa, mas o lockdown da Covid muda o rumo de seus planos e o leva a um reencontro com o pai. Esse é o tema de “Estranho Caminho”, de Guto Parente, que levou a menção especial do júri do festival Cinélatino, de Toulouse, no último sábado (23).

Patrícia Moribe, enviada especial a Toulouse

O protagonista é vivido por Lucas Limeira, que representou o filme no festival, no sudoeste da França. “No recorte que é contado no filme, ele está voltando para a cidade natal dele para exibir o filme em um festival”, conta o artista. E de repente, é anunciado o primeiro lockdown. “Os voos são cancelados, o hotel onde ele está hospedado é fechado e aí ele tem que reencontrar o pai dele, com quem ele não fala há dez anos. E aí? E o filme se desenrola a partir desse reencontro de pai e filho”.

Para Lucas Limeira, o momento também foi de adaptações. “Eu estava em Fortaleza, terminando a graduação em teatro. Foi um momento de muitas adaptações. Eu fazia uma faculdade muito voltada para o corpo, de estar em movimento. E aí teve essa primeira adaptação de estudar teatro através de uma tela, por videochamadas”, relata. Ele acrescenta que a distância da família foi outro aspecto que marcou o artista.

“Acho que esse momento no Brasil foi bem difícil por causa do governo naquele momento, que era um governo que não estava dando a assistência necessária para a gente passar por essa situação. E artisticamente também foi um momento de reinvenção, porque tudo o que a gente estava fazendo artisticamente a gente teve que adaptar para as formas virtuais, para as redes sociais, para o YouTube. Então foi isso, um momento de muita tristeza e de muitas adaptações. A gente teve que se reinventar de muitas formas”, diz o artista.

O diretor Guto Parente escreveu o roteiro pensando na relação com o próprio pai, explica Lucas Limeira. “Para o brasileiro, é uma situação muito similar, que muita identificação essa relação entre o David e o Geraldo. Em outros locais, como aqui, as relações são outras. Eu me identifiquei muito com o personagem, com a relação de pai e filho, e consegui construir muito a partir da minha própria vivência, sobre as diferentes formas de se encontrar o amor".