Jacque Falcheti encerra um ano de mais de 200 shows com turnê intimista pela Europa
28 November 2025

Jacque Falcheti encerra um ano de mais de 200 shows com turnê intimista pela Europa

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A cantora, compositora e violonista paulista Jacque Falcheti se prepara para fechar o ano de 2025 com um marco na carreira: mais de 200 shows realizados em diversos países e continentes. Ela segue em turnê pela Europa neste fim de ano, apresentando as canções de seu sexto álbum autoral, “Crua”. No espetáculo, de formato minimalista e intimista, Jacque se conecta com o público sentada em um banquinho, soltando a voz afinada, acompanhada de seu violão.

Adriana Moysés, da RFI, em Paris

“É um encontro comigo mesma”, diz a artista, que transforma experiências pessoais em canções sobre solidão, amor, decepção, o ser mulher em constante movimentação. “Não consigo separar a Jacque que toma café da manhã da Jacque que está no palco. É tudo muito confessional”, explica a cantora, satisfeita com o fato de compartilhar com o público suas próprias composições.

A conexão com espectadores de culturas variadas se dá pela entrega da artista, que, sentada num banquinho, solta a voz e transporta o público para seu universo de histórias ilustradas por ritmos da MPB. Em um livro que publicou sob o título "Crua", Jacque revela ainda mais de si. “Quem lê, me conhece profundamente. É estar nua e crua. Acho que isso conecta, porque quando alguém percebe essa entrega, também se permite se expor.”

Em turnê pela Europa, Jacque não se limita à melodia para conquistar plateias. “Meu show é cheio de histórias. Quando estava na Espanha, falava em espanhol; na Inglaterra, em inglês. Aqui na França, conto um pouco da inspiração de cada música.” Uma delas nasceu da história de uma velejadora que cruzou o Atlântico. “Pergunto ao público: quando temos um sonho, é perigoso, porque ou arriscamos tudo para realizá-lo ou vamos morrendo aos poucos por dentro.” Depois, ela canta. “Mesmo sem entender a letra, as pessoas viajam pelo mesmo sentimento.”

Para Jacque, a música é universal. “Quando eu era adolescente, chorava ouvindo músicas em inglês sem entender nada. A música tem esse poder.”

A carreira internacional começou em 2015, graças a um edital do Ministério da Cultura. “Vim para a Itália, depois Portugal e França. Gravei meu primeiro álbum numa residência artística em Portugal.” Desde então, ela divide a vida entre o Brasil e a Europa, ajustando a agenda às estações. “Meus shows são intimistas, então prefiro o outono e o inverno europeus.”

Hoje, Jacque trabalha com produtoras na Espanha, Inglaterra e França. “Fui criando vínculos, fazendo contatos. É bonito: tenho amigos espalhados pelo mundo. Mas isso também muda a saudade: para matar, preciso estar em vários lugares.”

Próximos passos: um álbum nômade

Depois de mais de 200 shows com “Crua”, Jaque planeja uma pausa para compor. “Quero falar dos três anos que vivi como nômade. Fiz músicas na Itália, Estônia, Barcelona, Lisboa, em Recife. Será como um livro de histórias.” O projeto inclui parcerias internacionais. “Quero respirar e pensar sobre o que quero dizer nas próximas canções.”

Enquanto isso, ela segue na estrada com seu violão desmontável — invenção que cabe numa mala de mão — e uma caixinha de fósforos que vira instrumento de percussão. “É minha forma de levar o Brasil comigo.”

Agenda francesa: 27 e 28 em Vallée de la Drôme, 29 em Lyon, antes de seguir para Bruxelas, Amsterdã e Roterdã. Depois, silêncio criativo.