Brasileiras expõem projeto na França em Festival Internacional de Jardins
21 April 2025

Brasileiras expõem projeto na França em Festival Internacional de Jardins

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O projeto “Jardim dos Poderes Mágicos”, assinado por três arquitetas-paisagistas brasileiras, foi selecionado para o conceituado Festival Internacional de Jardins de Chaumont-Sur-Loire, inaugurado nesse sábado (19). Vanessa Zechin, Nichele Rossi e Natana Eitelven estã na França para criar o jardim que projetaram baseado no conceito de “regeneração”.

O Festival Internacional de Jardins de Chaumont-sur-Loire é organizado anualmente em um dos belos castelos do Vale do Loire, na França. O tema desta edição 2025 é “Era uma vez um jardim”. As três arquitetas gaúchas foram selecionadas com o “Jardim dos Poderes Mágicos”, que homenageia o folclore brasileiro e é baseado no conceito de regeneração.

“Para criar esse lado lúdico que faz parte do festival de Chaumont, especialmente este ano com esse tema, a gente conta uma história nesse jardim. Foi muito bacana poder usar personagens do folclore brasileiro - Saci Pererê, o Curupira, e a Vitória Régia - dentro de uma história de regeneração”, afirma Vanessa Zechin, que foi professora das duas outras coautoras do projeto no curso de “biopaisagismo”, que ministra no Rio Grande do Sul.

O “Jardim dos Poderes Mágios” tem uma cerca de bambu, um lago com espelhos, e muitas plantas, mas nenhuma delas foi trazida do Brasil. “A gente utilizou como referência a vegetação do vulcão italiano Etna, aqui da Europa, para representar essa evolução da vegetação depois da destruição. A gente não trouxe em espécie (plantas tropicais), mas trouxe em conceito”, explica, Natana.

Por isso, entre os personagens do folclore brasileiro escolhidos estão o “Saci e o Curupira, que são os protetores da floresta”, detalha Nichele.

Destruição das florestas e mudanças climáticas

Vanessa Zechin diz que ao abordar o tema da regeneração elas também “queriam trazer a questão da destruição da floresta que acontece no Brasil. Mas a gente trabalhou um exemplo de regeneração na Europa. A gente acredita também muito nisso de criar paisagens autóctones, que tem a ver com o lugar. Se o jardim fosse no Brasil, a gente ia fazer com plantas nativas de lá, provavelmente”.

As consequências desastrosas das mudanças climáticas para a natureza, como as enchentes do ano passado no Rio Grande do Sul, inspiraram a criação desse jardim dos poderes mágicos das três arquitetas gaúchas.

O “Jardim dos Poderes Mágicos” não é o primeiro do Brasil a ser selecionado em Chaumont. Vanessa Zechin participa do evento pela segunda vez. Em 2014 ela foi selecionada com o projeto o “Purgatório das Tentações”, desenvolvido com dois colegas italianos. Em 2020, o arquiteto mineiro Carlos Teixeira representou o Brasil com um jardim que denunciava a destruição do cerrado.

As três paisagistas brasileiras receberam uma ajuda de custo para criar o “Jardim dos Poderes Mágicos” em Chaumont. Elas foram selecionadas juntamente com 24 outros projetos de vários países.

O Festival Internacional de Jardins francês é uma importante vitrine e participar do evento “já é um prêmio em si” garantem. Mas durante esta edição 2025, que fica em cartaz até 2 de novembro, prêmios em cinco categorias serão distribuídos.