Olá, bem-vindos.
esta é a newsletter da Paula, uma coisa que começou a uma sexta-feira porque não poderia ser de outra forma e que se manteve até hoje porque sim. Por teimosia e por vocês, que me fazem pensar e me acariciam o ego todas as semanas. Agora acariciam também a carteira e quero agradecer à PRIMEIRA PESSOA que subscreveu. Quando vi o email chegar anunciando uma subscrição até verti uma lágrima.
É figurado mas foi sentido.
Para quem não me conhece (porque incrivelmente estão a chegar pessoas novas) a Paula Cordeiro é uma reconhecida especialista em rádio e podcasting. Dizem.
Na academia, ensinando rádio e no mercado, como consultora, autora e oradora internacional. Foi também a primeira mulher Provedora do Ouvinte em Portugal. Nos últimos anos dedicou-se ao podcasting, tem sido a presidente do júri do Festival Podes e redescobriu a paixão da rádio num formato que parece que é, mas não é rádio. O seu olhar crítico sobre o sector fê-la afastar-se do meio pelo qual nutre a maior paixão.
Life s*cks e não se pode dizer a verdade sem paninhos quentes. O primeiro evento do Dia Mundial da Rádio foi por si organizado, o primeiro congresso em Portugal inteiramente dedicado à rádio também foi da sua responsabilidade e, nos últimos anos, esteve envolvida no maior evento mundial de rádio e áudio, o RadioDays.
Este ano, no dia 13 de Fevereiro, dia mundial da rádio decidiu lançar uma semente de mudança, usando a tecnologia para fazer renascer o conceito de rádio como sempre o conhecemos: orgânico, em direto, sem rede e sem repetição. Correu mal.
Incapaz de desistir, porque acredita que, como disse um dia Fernando Alves, se matarmos a palavra, estamos a matar o que nos levou à rádio, avançou agora com um conteúdo diferente. A radioAmor passou a ter um especial de 5 minutos que podem mudar a tua vida. São cinco minutos de dicas, apps e estratégias para mudar a forma como vives e trabalhas, com informação útil e relevante, estratégias testadas e soluções que eu gostava de ter encontrado, reunidas num único lugar, neste processo de mudança de vida. E com isto parei de falar na 3ª pessoa, que é coisa de futebolistas e é só estranho.
5 minutos para mudar de vida
Até ao final de Julho estou a entregar este novo formato e conteúdo a todos os que já subscrevem a radioAmor e, a partir de Setembro, este conteúdo fica reservado aos que se quiserem juntar a mim nesta aventura, diferente e estimulante.
A radioAmor não vai mudar, vais acrescentar: conteúdo, dinâmica e valor, para ti que procuras soluções para viver melhor a tua vida: melhorar a produtividade no trabalho e na vida, aprender a gerir o tempo, vencer a síndrome do impostor, dormir melhor, aprender a desligar, usando o telefone para nos ajudar, transformar reuniões que poderiam ser um email, gerir relações tóxicas, aprender a dizer não, desenvolver e consolidar as (boas) rotinas, fazer mais com menos e desenvolver o nosso foco e atenção são alguns dos exemplos que irei tratar nos shorties, os episódios extra que, em 5 minutos, podem mudar a tua vida.
Sabes porque o decidi fazer? Porque quando mais precisei, não encontrei e, por isso, (des)multipliquei-me entre livros e apps e site e webinars para aprender tudo isto que me ajudou a mudar de vida, ou pelo menos, a forma como vivo a minha vida. Se me ajudou a mim, pode muito bem ajudar-te a ti! Já começou, arriscas ouvir?
Cuidado, este podcast pode mudar a tua vida. Esta semana:
porque a semana passada foi sobre arrependimento, esta semana descobrimos juntos como criar um plano de desenvolvimento pessoal. Carrega para ouvir!
Entretanto, na Sábado, ia escrever sobre esta mediocridade a que chamam sociedade contemporânea mas a pena fugiu-me para a inteligência artificial porque, na verdade, de tão artificial que é, também é um bocadinho mediocre. Pior, está a fazer com que tudo - t u d o - à nossa volta seja cada vez mais mediocre. É isso e não tenho medo de o dizer. Aqui vai:
A sociedade da mediocridade. Ou da inteligência artificial.
Há muito que deixei de me preocupar com o que pensam de mim, sequer se pensam alguma coisa sobre mim. Escrevo para quem me lê e não para quem me possa ler, usando este canal para passar mensagens, posicionar-me ou tentar, com isto, algo mais do que simplesmente escrever. Se contribuir para alguém ficar a pensar no tema, fico feliz. Por isso, não me bato por cliques, tal como não faço favores, nem uso está, como uma plataforma política ou de intervenção. Sou apenas alguém que pensa sobre aquilo que raramente nos apetece pensar. De outra forma hesitaria escrever sobre a mediocridade mas a verdade é que estamos num contexto de mediocridade geral, sem rasgos criativos, sem intervenções de relevo e sem acções que nos façam sentir que o mundo vai mudar. O mundo já mudou e não foi para melhor. Sinto que há um pequeno grupo a debater-se contra um enorme grupo, bafejado pela sorte de ser medíocre, pela vantagem de não ler nas entrelinhas, pelo prazer de se iludir e deixar enganar. Neste cruzamento entre o capitalismo selvagem, a mediocridade e a reverência à inteligência artificial, ficamos perdidos sem conseguir perceber muito bem o que se passa.
As empresas queixam-se da dificuldade em contratar e eu tenho perdido algum tempo a ver o número de candidatos para vários empregos, em várias áreas e não acredito que, entre tantas pessoas, ninguém sirva. Mas sei que os sistemas de screening estão a lixar isto tudo, porque já há quem faça negócio ajudando candidatos a empregos a estruturar o seu Cv para o tal screening ou seja, a leitura efectuada por inteligência artificial que determina os candidatos que passam à fase seguinte. E eis então que decidi experimentar e fiz umas quantas respostas à medida: o Cv tal e qual como manda quem percebe disto, as palavras-chave usadas no anúncio, as competências descritas e a experiência equivalente ao solicitado. No topo do Cv, junto ao nome, a função, com o requinte de a alterar consoante o que lhe chamam no anúncio, mesmo que seja exactamente a mesma coisa se usar outra palavra. Com a AI não se brinca porque não tem inteligência para entender sinónimos. Até agora os resultados são maus. Muito maus e revelam que do outro lado o panorama é capaz de estar negro para as pessoas da área de recursos humanos que se reinventam para continuarem a ser relevantes em processos de recrutamento altamente automatizados. Giro, não é? Excepto se estiveres desempregado.
Pensemos agora numa candidatura a uma universidade internacional. Descobri que há países que estão a usar sistemas automáticos para avaliação das candidaturas. Fácil. Viva a tecnologia. Pedem os certificados, comprovativo de identidade e da língua inglesa. Deste lado, carregamos no botão e já está. Mas e se o candidato corresponder mas, por exemplo, não tiver ECTS porque se licenciou antes do Processo de Bolonha ter sido implementado? Essa pessoa não corresponde. E não pode voltar a estudar? Que margem de manobra para uma candidatura válida - um licenciado pré Bolonha tem, na maior parte dos casos, mais unidades curriculares do que a geração ECTS - mas que não pode ser padronizada?
A inteligência artificial não responde. Nisto, é medíocre e não garante que sejam os melhores a ficar no lugar ou a entrar para um curso. O feito à medida, neste caso, tem tudo para correr mal porque estamos a falar de pessoas. E pessoas não se avaliam com critérios padronizados porque a experiência é única e merece detalhe.
Agora os novos automóveis vão ter mais 11 elementos para aumentar a segurança dos veículos, boa parte com suporte inteligente. Tudo certo. Ainda bem. Os veículos antigos vão ter de se actualizar. Então e quem não pode pagar? E os veículos que não permitem essa actualização? Vamos forçar a actualização do parque automóvel? Estamos em crise, as taxas de juro tendem a aumentar e, em Lisboa, a escalada no sector imobiliário empurra muitos para fora e outros para a rua. Quem não pode, anda a pé? É uma excelente medida para diminuir a pegada de carbono. Bravo. Contudo, será assim tão boa em países sem uma rede de transportes colectivos bem pensada e a funcionar, sem uma rede de ciclovias que nos leve de um ponto ao outro e, sobretudo, sem arredores e subúrbios de génese ilegal, criados sem planeamento urbanístico e que o poder político foi sucessivamente remendando para serem algo parecido com os arredores de uma grande cidade? Tudo isto, com excepção da escalada preços, é mediocridade da inteligência artificial. O resto é, sobretudo, artificial.
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