Foi no último dia 3 de dezembro que a Chanel apresentou sua coleção de Métiers d’Art, uma das mais importantes criações da maison, em Hangzhou, na China. O West Lake, locação escolhida para as modelos atravessarem a passarela noturna, nada mais é um dos cenários que decora o escritório do apartamento da fundadora da grife, Gabrielle Chanel, na Rue Cambon 31. No entanto, a figura que, na verdade, é um coromandel tradicional do século XIX, composto por madrepérolas e fios de ouro. Foi a partir dessa peça (a mais importante da coleção que conta com cerca de vinte itens) que tanto o diretor Wim Wenders, responsável pelo filme que dá um gostinho do mood da estação, quanto o estúdio criativo da marca desenvolveu a narrativa da temporada conhecida por enaltecer o sublime trabalho artesanal dos ateliês pertencentes ao Le 19M. Dos bordados e tweeds desenvolvidos pelo centenário Lesage às botas decoradas do Massaro, a coleção contou com criações que prometem conquistar o coração das suas consumidoras fiéis – mas e como fica a construção estética da maison com a ausência de um nome na cadeira de criação criativa? Para o episódio 121 do Self-Portrait, Renata Brosina e Paula Jacob analisam essa conexão entre a narrativa cinematográfica, dirigida pelo cineasta alemão e estrelada pela embaixadora da Chanel, Tilda Swinton, o destino em solo chinês e o que foi desfilado no lago que hipnotizou Gabrielle Chanel e parece tê-la feito viajar em um sonho a esse cenário. Pelo menos, isso, Wim Wenders conseguiu realizar.