
Por que ser bonzinho ou estúpido não vai te ajudar no caminho, ou como os centros de Darma vão te ajudar na transformação.
Roberto Sampaio | RODACast
Pergunta interessante sobre a função de centros de Dharma.
Então, o que acontece? Originalmente, os centros de Dharma eram locais que surgem na época do Buda, do Buda histórico, Buda Shakyamuni.
Então, o Buda mesmo, ele era um andarilho, ele não tinha uma residência, quando ele atingiu a iluminação.
Só que, o que acontece? Na época do Buda, o Buda, ele passou um tempo morando em Pernambuco, aí ele viu que tinha a questão das chuvas. Então, quando chove em Pernambuco, você não faz mais nada da vida.
Aí, voltando à parte séria, o que aconteceu?
Na época das chuvas, os praticantes, eles não conseguiam andar para fazer a medicância, para fazer as práticas.
Então, eles começavam a se reunir, para ficar em retiro, na presença do Buda, durante o período de três a quatro meses, que é mais ou menos o período de inverno deles, na época.
Entendeu? Aí, o pessoal disse, pô, tem que reunir o pessoal, eles vão ter que dormir, eles vão ter que se alimentar, e por aí vai. Daí, começou a surgir a noção, então, de sanga.
Mas a sanga, ela se reunia durante o período de chuvas, e depois, cada um ia para o mundo, andar.
Aí, vocês imaginam como deveria ser difícil naquela época, não é? Não tinha Uber, não tinha metrô em São Paulo, não é? E assim, teve esse aspecto mágico. Tanto é que isso também, não é o tema de agora, mas isso também fez com que o Budismo pudesse chegar em outros lugares, porque o Budismo surge de forma descentralizada.
Aí, o que aconteceu, pessoal? Durante o passado dos anos, esses alunos originais do Buda, eles foram indo para outros lugares, fora da Índia, não é? Então, eles começam a andar, e começam a ter os desafios da cultura em que eles estão. Aí, começam a surgir os Centros de Dharma.
Esses Centros de Dharma surgem, literalmente, para ajudar as pessoas a terem uma rotina, a terem acesso com os ensinamentos autênticos, tem a linhagem que preserva os ensinamentos que vão ser colocados ali nos templos e Centros de Dharma, a ter uma alimentação saudável, a ter um contato com a natureza.
Você pode ver, os principais Centros de Dharma são afastados, eles são em locais onde você tem contato com a natureza direto, justamente porque você se pacifica de modo natural.
Eu lembro que a primeira coisa que aconteceu comigo, quando eu vim para o interior de São Paulo, foi uma dificuldade de aceitar que as coisas não eram tão aceleradas quanto na capital, entende? E aí, basicamente, a função de um Centro de Dharma é te ajudar a praticar o Dharma, a estudar os ensinamentos, a ter contato com professores para poder te auxiliar a fazer retiros, e isso vai se misturando.
Então, é importante a gente olhar para isso, porque em alguns locais, principalmente no Ocidente, as pessoas estão deixando isso de lado para simplesmente formarem clubes, por amizade, por gostar ou não gostar.
Só que aí, pessoal, a função do Centro de Dharma vai perdendo valor se isso acontece.
Por exemplo, uma das minhas maiores alegrias como professor, como amigo do Dharma, foi ter conseguido reunir muitas pessoas para poder fazer retiro e estar na presença de uma professora, que é a Lama Santa.
Porque eu sei que é difícil ter agenda, é difícil conviver, é difícil se deslocar e por aí vai, entende? E aí é importante que a gente entenda o quão raro é ter um Centro de Dharma e que a gente também pratique.
Vou ficar devendo o nome do mestre, mas tem um mestre que dizia até que um Centro de Dharma, ele deveria ser feito com palhas, com bambu e palhas.
Porque se a prática da pessoa estiver capenga, se ela não estiver em ordem, é natural que esse Centro de Dharma entre em colapso. Porque o ponto central do Centro de Dharma não é você virar um praticante que fica 24 horas dentro de um Centro de Dharma.
O ponto principal do Centro de Dharma é te ajudar com os melhores recursos possíveis para você retornar à condição de lucidez.
Esse é o ponto.