Episódio 47 – Israel e a fidelidade de Deus: promessa e mistério (Rm 9,1-29)
17 September 2025

Episódio 47 – Israel e a fidelidade de Deus: promessa e mistério (Rm 9,1-29)

Orações, Espiritualidade e Fé

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Com reverência diante do mistério da salvação efidelidade à Palavra de Deus, iniciamos o 47º episódio do nosso itineráriobíblico no projeto Vivendo o Mês da Bíblia 2025: “A esperança nãodecepciona” (Rm 5,5). Entramos agora numa das seções mais densas eteologicamente profundas da Carta aos Romanos: os capítulos 9 a 11, em que Pauloreflete sobre o mistério de Israel, o povo da promessa.

Paulo inicia com uma confissão comovente:
“Tenho grande tristeza e incessante dor no coração.” (v.2)
Por quê? Porque seu povo, os israelitas, em sua maioria, não reconheceram oMessias. Ele vai ao ponto de dizer:
“Eu mesmo desejaria ser separado de Cristo por amor de meus irmãos, os daminha raça.” (v.3)

Essa expressão extrema mostra o amor apaixonado dePaulo por seu povo. Ele não os rejeita nem despreza, mas sofre por eles. Ereconhece a grandeza da vocação de Israel:
– A adoção como filhos,
– A glória,
– As alianças,
– A Lei,
– O culto,
– As promessas,
– Os patriarcas,
– E o próprio Cristo, “segundo a carne, procedente deles” (v.4-5).

Mas então surge a grande pergunta: se Deus escolheuIsrael, por que tantos israelitas recusaram o Evangelho? A promessa falhou?

Paulo responde com clareza:
“Não é que a Palavra de Deus tenha falhado.” (v.6)

E explica:
Nem todos os descendentes de Israel são verdadeiramente Israel.
Ou seja, não basta a descendência biológica — é necessário acolher apromessa pela fé.

Ele recorre então ao exemplo dos patriarcas:
– Isaque foi escolhido, não Ismael (v.7-9),
– Jacó foi escolhido, não Esaú (v.10-13),
mostrando que a eleição divina não depende de mérito humano, mas do desígniolivre de Deus.

Aqui Paulo entra numa reflexão sobre a soberania deDeus:
“Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia.” (v.15)
E conclui:
“Portanto, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de Deus que temmisericórdia.” (v.16)

Essa afirmação pode parecer dura, mas Paulo não estánegando a liberdade humana. Ele está, antes, colocando toda a história dasalvação sob a perspectiva da misericórdia divina, que é gratuita, livre,e, muitas vezes, incompreensível aos olhos humanos.

Deus é o oleiro, e nós, o barro. Ele molda comodeseja (v.20-21). Mas sempre com justiça e amor. A eleição não é capricho, mas expressãoda misericórdia que chama todos à salvação.

Paulo então introduz uma afirmação surpreendente:
“Chamou não apenas dentre os judeus, mas também dentre os pagãos.”(v.24)

E cita Oseias e Isaías para mostrar que Deus, desdesempre, quis reunir um povo de todas as nações.
Mesmo os que não eram “povo” agora são chamados “meu povo” (v.25-26).
E mesmo entre os judeus, um resto será salvo — o remanescente fiel(v.27).

Aplicação à vida:
Deus não falha em suas promessas. Mesmo quando tudo parece contrário, o Seuplano continua, fiel, misterioso e cheio de misericórdia.
Você consegue confiar quando não entende? Acreditar quando não vê?
A esperança que não decepciona é aquela que permanece firme mesmo quando alógica humana falha.

Palavra de esperança:
Você faz parte do povo da promessa. Deus te chamou, te elegeu, te amou. Econtinua moldando sua vida com paciência e sabedoria. Confie no oleirodivino. Ele está fazendo algo novo em você.

Oremos:
Senhor Deus, Tu que és fiel às Tuas promessas, aumenta em nós a fé e aconfiança. Que possamos olhar a história com os Teus olhos e acolher o mistérioda Tua salvação com humildade e esperança. Que nunca nos cansemos de Te amar,mesmo quando não entendermos os Teus caminhos. Amém.

 No próximo episódio: “A justiça que vemda fé: tropeço e abertura universal (Rm 9,30–10,21)”. Veremos como Paulocontrasta a justiça baseada na Lei com a fé em Cristo, e como a salvação seabre a todos. Até lá!