Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊
Por que todo mundo está falando de “bebês reborn”?
Nas últimas semanas, dois casos inusitados chamaram a atenção nas redes sociais e no noticiário. No primeiro, pessoas tentam, em várias cidades, marcar consultas em postos e hospitais do SUS para “filhos” que são, na verdade, “bebês reborn”. No outro, um casal em Goiânia entrou com processo judicial disputando a guarda de uma dessas bonecas ultrarrealistas da moda, após o término do relacionamento.
Esses episódios, à primeira vista anedóticos, revelam uma questão muito mais profunda sobre nosso tempo: por que objetos inanimados estão preenchendo vazios emocionais em uma sociedade cada vez mais solitária e algoritmicamente manipulada?
Por trás desse fenômeno, há algo inquietante sobre como consumimos conteúdo e formamos vínculos na era digital. A Internet nos prometeu uma liberdade de expressão sem precedentes, diminuindo o poder da mídia tradicional e democratizando as vozes. Mas essa promessa foi gradualmente transformada por uma nova forma de controle, com os algoritmos das redes sociais. Sob a aparência de personalização benéfica, esses sistemas não apenas filtram o que vemos, mas moldam sutil e eficientemente o que desejamos, pensamos e sentimos.
Enquanto acreditamos estar exercendo nossa liberdade de escolha, somos conduzidos por sistemas projetados para maximizar o tempo de tela e o consumo. A diferença fundamental é que esse novo tipo de censura não nos silencia, mas nos direciona para canais comercialmente vantajosos, mantendo a ilusão de autonomia.
Em outras palavras, falamos o que quisermos sobre tudo, mas não escolhemos sobre o que falar, e muito menos quem vai ouvir. E vemos só o que as big techs determinam.
Como resgatarmos nossa verdadeira liberdade? É sobre isso que falo nesse episódio.