Olá, Excêntricos. Bem-vindos a mais uma sessão do Clube!
Esse áudio foi retirado de um vídeo do Youtube: https://youtu.be/Lt0FgG9jk7w
Embora até aqui falamos do Horror em geral, o sub-gênero que mais me intriga é o de filmes de possessão. Carol Clover também aborda representações de masculinidade e feminilidade em filmes de possessão através das lentes da psicanálise. De acordo com Clover, dentro destes filmes o corpo da mulher quase sempre vira um portal, suscetível à infiltração do mal. Ela cita O Exorcista como evidência dessa tendência, pois, dentro do filme, o corpo de Regan torna-se o local de posse. Clover também observa que O Exorcista muitas vezes leva os espectadores a se concentrarem no corpo da menina. Suas posições, como: suas pernas são enfaticamente abertas, como para deixar algo entrar. Clover acrescenta que, mesmo quando um corpo masculino serve como portal, o personagem masculino é muitas vezes codificado como feminino e, portanto, a posse ainda se torna uma experiência feminina. Em última análise, ao tornar os sujeitos da possessão invariavelmente femininos, esses filmes sugerem que as mulheres são seres físicamente e emocionalmente abertos e, portanto, propensos à vitimização sobrenatural.
Quando a posse reside dentro do homem, ele luta para decidir: “ele deve se apegar à sua compreensão racional e científica do comportamento humano, ou deve ceder ao irracional. Em O Exorcista, Padre Karras experimenta uma crise espiritual após a morte de sua mãe. Além disso, ao longo do filme, ele luta para conciliar sua orientação religiosa com suas práticas profissionais e psiquiátricas; assim, sua crise pertence não apenas à sua vida, mas também à sua fé e seus conhecimentos profundos. Para Clover, a narrativa de O Exorcista é impulsionada pela resolução do dilema de Karras, enquanto a jornada de Regan pela possessão demoníaca só é significativa na medida em que isto afeta o Padre. Ela é apenas um meio, um catalizador, um combustível para a transformação do Padre.