18 May 2014
As interdições de Mansata | Jornal de Domingo - LAC
As duas apresentações de “As Orações de Mansata”, previstas para 16 e 17 de Maio, no Cine-Teatro Nacional (Chá de Caxinde), em Luanda, foram canceladas por ordem da Ministra da Cultura de Angola. A interdição é justificada por razões de segurança do Teatro, que alegadamente não reúne condições para a realização de actividades.
A LAC (Luanda Antena Comercial), ouviu as declarações da doutora Anacleta Pereira, vice directora do Elinga-Teatro, companhia co-produtora pela contraparte angolana e anfitriã do evento.
Ouvimos também o actor Orlando Sérgio, reputado nos ecrãs televisivos e também no grande ecrã, pela sua participação em filme angolanos de longa metragem.
“As Orações de Mansata” é uma co-produção entre a Cena Lusófona, o Elinga Teatro (Angola), a Companhia de Teatro de Braga e A Escola da Noite (Portugal) e o Teatro Vila Velha (Salvador, Brasil). É o resultado mais visível do P-STAGE, um projecto de formação, criação e difusão teatral financiado pela União Europeia no âmbito do programa ACP Cultures+, que envolve ainda, como parceiros e associados, a AD – Acção para o Desenvolvimento e o CIT Bissau (Guiné-Bissau), o CIT São Tomé (São Tomé e Príncipe), o Centro Dramático Galego (Espanha) e o Theatro Circo e o Teatro da Cerca de São Bernardo (Portugal).
Em nome deste consórcio, a Cena Lusófona, reagiu no seu site, estranhado "a atitude da Ministra da Cultura, pela forma e pelo momento em que foi tomada e recorda os momentos mais significativos da cronologia deste processo:
Novembro/12: Em reunião realizada em Luanda a nosso pedido, a Cena Lusófona e o Elinga Teatro apresentam o projecto P-STAGE à Ministra da Cultura e oferecem-lhe o livro com a peça de teatro que seria apresentada. A Ministra reconhece o interesse cultural do projecto e compromete-se a apoiá-lo, também financeiramente, com uma verba a definir. No mesmo mês tem lugar em Luanda a primeira actividade do projecto – uma oficina de interpretação que envolveu vinte actores angolanos, oriundos de 9 grupos de teatro, a partir da qual foram seleccionados os três actores do país que integram o elenco internacional do espectáculo. Ainda em Novembro, a Ministra participa numa conferência de imprensa de apresentação pública do projecto, realizada no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, onde reitera o seu apoio ao projecto, ao lado de representantes da Cena Lusófona, do Elinga Teatro, da Embaixada de Portugal e da Delegação da União Europeia em Portugal.
Abril/14: A Cena Lusófona envia no dia 9 uma carta com o balanço das actividades já concretizadas e com o programa detalhado das iniciativas programadas para Luanda, entre 12 e 17 de Maio, incluindo as duas apresentações no Nacional Cine-Teatro. Na mesma carta é solicitada uma audiência com a Ministra, assim que a comitiva chegasse a Luanda, para acertar os pormenores das actividades a realizar. Não houve resposta a essa carta até hoje.
Maio/14: O Elinga envia formalmente um convite à Ministra para que assista à estreia do espectáculo no Teatro Nacional. Na manhã de dia 13 (terça-feira), a comitiva de 22 pessoas chega a Luanda e começa de imediato a trabalhosa montagem do espectáculo no palco do Nacional Cine-Teatro. A interdição é comunicada pela Ministra no dia 16, sexta-feira, a meio da tarde, a cerca de três horas do início do primeiro espectáculo, quando a montagem já está concluída. Transmitida a esta hora, a interdição não permite que seja encontrada qualquer solução alternativa."