“Na floresta do alheamento” é um dos escritos da Parte II - Grandes Trechos, de O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa. A Parte I - Diário de Bernardo Soares, é atribuída ao seu semi-heterônimo e desta, já realizamos um episódio. Ao longo da vida, Fernando Pessoa publicou apenas doze trechos do Livro do Desassossego. O primeiro foi “Na Floresta do Alheamento”, na revista A Águia, em agosto de 1913. O livro é um incrível diário íntimo, poético, metafísico e psicológico do autor português. “Na floresta” traz uma cadência de palavras arrebatadoras, de ampla beleza natural: “(…) instantes flores, minutos árvores (…) e do perfume de flores, e de perfume do nome de flores” entrecruzadas com as verdades internas de um homem, mas também de uma mulher, posto que ele a percebe avistando a floresta junto de si. O que é muito curioso, pois ‘alheamento’ vem de alhear-se, que é verbo pronominal: 4. Tornar-se alheio ou indiferente a tudo; ficar como fora de si. = desinteressar-se; 5. Apartar-se, desviar-se. É deste momento em diante que o narrador migra da primeira pessoa do singular: “Sei que despertei e que ainda durmo”, para a primeira pessoa do plural: “Passeávamos às vezes, braço dado, sob os cedros e as olaias e nenhum de nós pensava em viver”. Ele descreve um jardim - que chama de “nosso” e é como se conciliasse a verdade de que nenhuma pessoa é um único ser, mas está em construção constante com outros, detentor de todos os gêneros. Boa leitura!
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