Aniete chegou em Tietê com o filho pequeno, uma mala de roupas e uma TV de 14 polegadas. O companheiro decidiu itr embora, deixando para trás uma mulher negra, mãe solo, sem apoio, em uma cidade nova.
Ela tinha medo, fome e a responsabilidade de proteger o filho, que não conseguia se desenvolver como as outras crianças. Mas também tinha algo que não se compra: fé em si mesma e a certeza de que um dia o sol voltaria a brilhar.
Enquanto o filho Xavier enfrentava o preconceito e a falta de diagnóstico, ela batalhava por um sustento que não vinha.
A bicicleta foi seu principal meio de transporte. Entre idas à creche, supermercados e os muitos empregos que não duravam, ela passava por confecções que despejavam tecidos nas calçadas.
Foi assim que ela começou a produzir bonecas abayomis. Em um momento de cansaço, ela recolheu os tecidos descartados e decidiu tentar. Com suas mãos, deu vida à primeira boneca.
As pessoas começaram a comprar. O artesanato virou sustento. A mulher que um dia só tinha uma alface para o filho comer, agora começava a sonhar com independência.
E mesmo com a dor de uma depressão severa que enfrentou em 2018, ela transformou tudo isso em palavras. Em uma tarde, nasceu “Abayomi, a menina de trança”, seu livro infantil.
Na história, Abayomi precisa replantar o último girassol do mundo. Era o que Aniete fazia também, replantava a esperança dentro de si.
Hoje ela vende suas bonecas e livros com as histórias que escreve. Quer crescer como artista e como pessoa, mas também quer puxar outras mulheres com ela.
Porque, mesmo com tantas ausências, também encontrou pessoas que a acolheram em seu caminho. Pessoas que acreditaram quando tudo parecia perdido.
No fim, Aniete costurou sua própria história e agora, com Xavier ao lado e a literatura como guia, ela segue acreditando que ainda há muita luz pra florescer.
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