Apocalígrafo.
Anos passados, memória perdida.
A junta domada, o carro puxava.
Sem rubor na face dos que enganam.
Renegam a vida, devassam a alma.
Erigida a torre ao longe avistada.
Tão grande é o feito, tão farta a mirada.
Aceitas calado a verdade mudada.
No mundo não há matéria para nada.
Recebem louvores, dádivas e honras.
O orgulho do pobre alimenta o carrasco.
No braço ao alto o machado pungente.
Cai sobre o réu, a justiça desmente!.
Os ardinas da morte te vendem querer.
Tu compras, não lês, mas ficas a ver.
O teu ego ferido de tanta inveja.
Educas teu filho, esperas que seja.
Milhões acatam as normas ditadas.
Ao engano sucumbem, felizes se fazem.
Parece que vivem, parece que gozam.
Não mostram a fome, não podem, não sabem.
Inclemente a fé, com quem dela cuidou.
No altar divino, fingindo inclinou.
Promessas vãs ao nosso morrer.
Cansados no peito de tanto bater.
Perdidos na noite dos tempos de hoje.
Parados relógios esperando o porvir.
Choram as mães dos filhos das outras.
Tamanha é a sorte, tamanho o sentir.
O quinhão guardado foi perdido a propósito.
Não fosse o garante do culto iletrado.
A raiva supera a bondade obrigada.
Embrutece o justo, assassina o santo, o penitente escarna.
Ao rubro a cor do lume apagado.
Que vive ardendo no fogo pinchado.
Pensavas que certo estavas na vida.
Sozinho feneces, estavas errado!.
Estuporada a seita.
A ordem vai em declínio.
"A pérfida soltou-se" gritaram!.