Apocaligrafo Capítulo 2

Apocaligrafo Capítulo 2

João Carlos Monteiro Moreira
00:11:45
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Embusteiro.

Sem querer querendo, quiseste enganar.

Na verdade mentindo ficaste a pensar.

Tua mão jogaste fingindo agarrar.

Desamparado caí, nem quiseste teimar.

Ousaste saber os segredos da gente.

A verdade disfarças o engano desmente.

Nos reveses da vida tão pouco medito.

Eu sei que não sei e por isso acredito.

Saúdas o crente que mal não infere.

Pensas por ele e ele nem se apercebe.

A semente plantada o fruto dará.

Daninha a erva o consumirá.

Caminhas à chuva, disfarças o choro.

Prantos uivados te pedem namoro.

Sabes que tens mas tomas do outro.

Tamanho desplante tão fraco decoro.

Levantas alertas instauras o medo.

Persegues infantes, atormentas o velho.

No campo dos fracos disputas os pontos.

Dos fortes tu foges, parecem leprosos.

Bandeiras, cores, praças, nações.

Umbigo do mundo agora e depois.

O degredo do verbo adultera razões.

A crença do casto é o pasto dos bois.

Que triste te sentes, na tua condição.

Teu ego não dorme nem pede perdão.

Bem sei que tu sabes, que sabes que eu sei.

Fingimos os dois o embuste é o rei!.

Se tua intenção não foi enganar?.

Por que raio o fazes? Não te pois no lugar?.

Um dia eu me canso, a fé em ti cairá.

Não me peças desculpas, pois perdão não há!.