E agora, doutor?
A medicina sempre foi feita de rupturas.
E toda vez que uma nova ferramenta aparecia… lá vinham os profetas do apocalipse.
“Acabou a medicina!”, gritavam.
Mas não acabou.
O que acabou… foi a desculpa pra não evoluir.
(pausa)
Vamos lembrar…
Mil oitocentos e dezesseis: estetoscópio.
Disseram que ia afastar o médico do paciente.
Mil oitocentos e noventa e cinco: raios-X.
Chamaram de bruxaria.
Mil novecentos e vinte e oito: penicilina.
Perigosa demais, diziam.
Mil novecentos e cinquenta e três: DNA.
“A genética não serve pro consultório”, afirmavam.
Mil novecentos e setenta e um: tomografia.
“Máquina não substitui o toque.”
Dois mil e três: genoma humano.
Quase ninguém entendeu o impacto.
(pausa mais longa)
Dois mil e vinte e cinco:
Chegou o MAI-DxO.
A inteligência artificial que acerta 85,5% dos diagnósticos complexos.
Médicos humanos? Vinte por cento.
(entonação provocadora)
E agora?
Vai fazer como os colegas de mil oitocentos e noventa e cinco e virar a cara pro raio-X…
Ou vai entender que isso não é o fim da medicina?
É só mais um capítulo da sua evolução.
(pausa reflexiva)
O MAI-DxO funciona como um painel de especialistas.
Um pensa nas hipóteses.
Outro escolhe os exames.
Outro desafia certezas.
Um cuida dos custos.
E outro verifica tudo.
Cinco mentes.
Zero cansaço.
Nenhum ego.
Mas calma…
Ele não substitui o médico.
Ele amplia o médico.
Assim como o raio-X ampliou o olhar.
A penicilina, a cura.
O DNA, o entendimento.
Agora… a inteligência artificial amplia a mente.
(voz mais suave)
Mas sabe o que ela não faz — e talvez nunca vá fazer?
Escutar o silêncio do paciente.
Interpretar um olhar.
Sentir o tempo da dor.
Essa… ainda é sua parte, doutor.
(tom firme)
O problema… é que tem médico parado no tempo.
Que acha que decorar sintomas vale mais que pensar.
Que consulta é checklist.
E que empatia… é opcional.
Esse… vai ser engolido.
Pela IA ou… pela irrelevância.
No livro Diversa-Idade, eu e a Tatiana Gracia já dizíamos:
o futuro do cuidado será intergeracional, intertecnológico… e interdependente.
Você pode resistir — como resistiram ao raio-X.
Ou pode entender que a tecnologia não rouba espaço.
Ela só escancara quem nunca ocupou o lugar certo.
(pausa final – tom reflexivo)
Pensa nisso.
Antes que a máquina pense por você.