Quando contigo me deito,
faço do nosso leito
ninho de amor vadio,
de ti jamais me sacio,
pelas tuas linhas me enfio,
sinto em nós forte vibração,
perco-me nesse diapasão,
e não consigo distinguir a emoção,
se louco prazer ou pura paixão,
só me deixo levar pela eloquente sensação
de estar nos teus braços,
dos gemidos,
das tremedeiras,
dos meus descompassos;
nossos corpos só se deixam esparsos,
no instante que já não resta no fôlego sopro,
em que a fadiga é um secante escopro,
contigo tudo é tão bonito,
só ela interrompe o nosso amor infinito;
fico prostrado,
mas não aflito,
junto a ti, o destino nem fito,
não temo o futuro,
pois no nosso quarto escuro,
o tempo não importa,
por detrás daquela porta,
a gente se comporta
como dois imortais,
refugiados nos prazeres carnais,
e os delírios mais sublimes nos parecem normais