Um dos principais assuntos das páginas de esporte na França vem de fora das arenas de competição. Os holofotes da imprensa francesa continuam sobre “o caso Mbappé”, como está sendo chamada a acusação de estupro contra o jogador francês, que teria ocorrido em uma boate de Estocolmo, capital da Suécia, onde ele aproveitava uma curta folga na semana passada.
A polícia sueca abriu inquérito para investigar o caso. Já a defesa do atleta nega o crime, enquanto jornais franceses tentam “refazer” os passos do astro do Real Madrid durante sua passagem pela cidade.
A acusação de estupro veio a público na última terça-feira (15), depois que os jornais suecos, Aftonbladet e Expressen, publicaram reportagens afirmando que o atleta do Real Madrid é alvo de uma investigação por estupro e agressão sexual, aberta pela polícia de Estocolmo depois da rápida estadia do atacante na cidade, em 10 de outubro.
Em um pronunciamento de poucas palavras na rede social X (antigo Twitter), Kylian Mbappé negou a acusação, que classificou como “boato calunioso”. Além disso, ele alegou que o PSG estaria por trás do que qualifica de "fake news", já que as informações foram noticiadas na véspera de uma audiência referente ao processo no qual ele cobra € 55 milhões do ex-clube.
"Ele nunca está exposto", diz defesaEm entrevista ao canal francês TF1 ao longo da semana, a advogada do jogador, Marie-Alix Canu-Bernard, disse que ele se mostrou surpreso. A defensora alega que Mbappé é cercado por uma equipe para garantir que ele nunca seja “exposto a uma situação de risco”. A defesa afirmou que pretende entrar como uma denúncia por calúnia.
“Estamos falando de uma denúncia, mas neste momento, nem sabemos contra quem. Uma denúncia não estabelece a verdade, uma denúncia não prova nada e eu nem sei, mais uma vez, se a denúncia é dirigida a ele", salientou Canu-Bernard à TF1.
"Ele nunca está sozinho. Ele nunca está exposto a uma situação em que haveria, para ele, um risco assumido. Desta forma, isso exclui completamente a possibilidade de que possa ter havido ações repreensíveis de sua parte (...) Isso eu posso dizer, com certeza absoluta. Ele está particularmente sereno, mas ficou surpreso ao ver essa repercussão midiática e não entende o que pode ter sido atribuído a ele de alguma forma. (...) Ele sabe que não tem absolutamente nada do que se arrepender”, disse.
Ao longo da semana, o programa Radio Foot Internationale, da RFI, debateu a repercussão do “caso Mbappé”. Convidado especial, o jornalista francês Dominique Sévérac, do Le Parisien, destacou justamente essa “blindagem” no entorno do jogador, que conta inclusive com uma assistente para verificar todas as pessoas que se aproximam dele. Segundo a imprensa sueca, na noite em que visitou a boate “V”, em Estocolmo, Mbappé estava acompanhado desta funcionária, além do seu guarda-costas e de Nordi Mukiele, seu ex-companheiro de PSG.
“Tudo o que podemos dizer é que ele estava na companhia permanente de guarda-costas e de uma assistente que cuida desse tipo de assunto. Ele é aconselhado por sua mãe para monitorar, entre aspas, que tipo de mulher se aproxima dele, já que ele é famoso, mundialmente conhecido", explicou Sévérac. "Há uma funcionária encarregada de verificar as mulheres que ele aborda ou que o abordam, para que não haja nada que possa representar um problema. Ele está sob vigilância em todos os lugares que vai, exceto no seu quarto. Há uma assistente que é paga só para isso, ela está sempre lá para cuidar dele e atenta ao que o cerca.”
Imagem afetadaNos dias seguintes à divulgação do caso, jornais franceses publicaram reportagens tentando refazer os passos de Mbappé durante sua estadia na capital sueca. O Le Figaro, por exemplo, publicou a matéria “Hotel, restaurante, discoteca: seguindo os rastros de Kylian Mbappé em Estocolmo”. Le Parisien publicou reportagem semelhante.
Com a manchete “V, íntimo e aconchegante: uma descrição da boate onde Mbappé passou a noite em Estocolmo”, o diário esportivo L’Equipe divulgou uma reportagem com o relato de um torcedor do PSG que frequente a mesma casa noturna.
Já a versão francesa do site Huffpost avalia que “a popularidade do jogador entrou em colapso nos últimos anos”.
"Da ascensão meteórica ao título de campeão mundial aos 19 anos, até os reveses fora de campo, o capitão da França viu crescer o desencanto do público com ele”, conclui o portal de notícias.