O Brasil fez sua participação nos Invictus Games em Vancouver, no Canadá, um evento internacional que reúne militares com deficiência, idealizado pelo príncipe Harry em 2014. A seleção brasileira conquistou o ouro no vôlei sentado ao derrotar a Nigéria na final. A competição, que termina neste domingo (16), envolve um total de 11 modalidades esportivas, sendo seis de inverno e cinco de verão.
Luciana Quaresma, de Vancouver
A delegação brasileira é composta por oito atletas que competem nas modalidades de natação e vôlei sentado. Leandro Santos expressou sua satisfação em representar o país. "Esta experiência é significativa. Nunca imaginei estar em um lugar tão bem organizado e acolhedor. A gente vê o espírito de corpo, a camaradagem e isso é maravilhoso. Vemos a garra, a determinação, a coragem, a resiliência e o renascimento", destacou.
Segundo Santos, o evento é transformador. “Muitos dos participantes enfrentaram desafios como a depressão, acidentes ou sequelas de guerra, e agora os vemos motivados e felizes, compartilhando momentos especiais com suas famílias. Agradecemos muito por estar aqui, a Deus e ao príncipe Harry, por nos proporcionar um evento tão significativo", afirmou o brasileiro, enfatizando o impacto positivo do Invictus Games na vida dos competidores.
Neste sábado, a equipe brasileira fez sua estreia no vôlei sentado, uma ocasião aguardada com expectativa. O time chegou na final e derrotou a Nigéria por 2 a 0, conquistando a medalha de ouro.
"Participar dos Invictus Games é um momento que nós, atletas do paradesporto militar, sempre sonhamos. É uma chance de mostrar não apenas nossas habilidades esportivas, mas também nossa determinação em superar desafios", disse Leandro.
Marcelo de Azevedo, que sofreu um acidente nas Forças Armadas quando um blindado caiu sobre sua perna, também compartilhou sua trajetória. Ele revelou ter enfrentado uma profunda depressão após o acidente, o que impactou sua vida de forma significativa. "Através do esporte e da fé, encontrei uma nova motivação. O que está acontecendo aqui em Vancouver é uma transformação. Já me emocionei várias vezes desde que cheguei. Para nós, isso é mais do que uma competição, é a concretização de um sonho", afirmou Marcelo que, apesar dos desafios, participou do Mundial de vôlei sentado em 2014, onde conquistou a medalha de prata para o Brasil. Segundo ele, existe muita dificuldade de encontrar militares com algum tipo de deficiência. “O Brasil é um país de paz e não de guerra, mas ao longo desses dez anos conseguimos formar uma equipe boa e hoje esse sonho se tornou realidade”, explica.
Impacto para o futuro do paradesporto militarAlex Witkovski, que obteve a sexta posição nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, também se prepara para atuar novamente nas quadras. "Voltar a competir neste nível é gratificante. As experiências que vivemos aqui, entre atletas com histórias semelhantes, nos fortalecem. É uma experiência única. Mesmo já tendo participado de outros eventos internacionais, o coração sempre acelera, friozinho na barriga e ainda nem competimos ainda, mas está sendo uma experiência bacana, para vida!”, comenta.
“O Invictus Games é um evento muito importante para o Brasil. Estamos entrando para a história, abrindo portas para novos militares que estão se inspirando na gente. Temos uma responsabilidade grande. A nossa missão não é uma tarefa fácil’, conclui Witkovski.
A seleção dos atletas foi baseada em critérios rigorosos que consideraram suas habilidades esportivas e o desejo de superação pessoal. A preparação incluiu treinos regulares com a orientação de profissionais especializados, visando garantir que os competidores estejam prontos para enfrentar os desafios.
Luis Fernando Cavalli, diretor do Programa Militar Paralímpico do Comitê Paralímpico Brasileiro, pontuou a importância histórica da participação do Brasil nos Invictus Games. "Esse evento pioneiro traz um impacto significativo para o esporte paralímpico no Brasil, especialmente para os militares. Recebemos muitos contatos de militares com deficiência que estão animados com as novas oportunidades abertas por essa participação", explicou.
Cavalli complementou: "Estar aqui representa um avanço importante não só para os atletas, mas também para toda a estrutura do esporte paralímpico no país. Este momento é uma oportunidade para que muitos possam vislumbrar a chance de competir e se destacar em eventos internacionais."
A participação do Brasil nos jogos representa um passo estratégico para abrir novas oportunidades no futuro, fortalecendo a representatividade dos atletas militares com deficiência no cenário esportivo internacional e inspirando uma nova geração a abraçar o esporte como uma ferramenta de superação.
Com bom humor e determinação, o time Brasil já está de olho na próxima edição dos Invictus Games que será em Birmingham, na Inglaterra, em 2027. “Se não convidarem para a próxima edição, nós vamos invadir! O Brasil é um povo alegre e feliz, e queremos ter a honra de participar com muita glória desse evento fantástico. Brasil acima de tudo!”
Inspirado pelo Warrior Games dos Estados Unidos, o príncipe Harry criou os Invictus Games como um evento internacional que utiliza o poder do esporte para ajudar na recuperação e reabilitação de veteranos. Além de proporcionar uma plataforma para o desenvolvimento de habilidades atléticas, assim como os Warriors Games, os Invictus Games buscam fortalecer laços entre os participantes e inspirá-los a superar desafios físicos e emocionais, ressaltando a importância da camaradagem e do apoio mútuo na jornada de recuperação. A primeira edição aconteceu em Londres, no Reino Unido, em 2014, e se expandiu para incluir cidades como Orlando, Toronto e Sydney.