"Ainda podemos virar": Brasil volta a enfrentar a França pelas qualificatórias da Copa Davis
02 February 2025

"Ainda podemos virar": Brasil volta a enfrentar a França pelas qualificatórias da Copa Davis

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As equipes masculinas de tênis do Brasil e da França voltam a se enfrentar neste domingo (2) em Orléans, no sudoeste de Paris, pela primeira rodada dos qualifiers da Copa Davis 2025, a competição por países do tênis mundial. No sábado (1), o time brasileiro saiu atrás no placar, depois que João Fonseca perdeu para Ugo Humbert por 7/5 6/3 e Thiago Wild foi superado por Arthur Fils, por 6/1 6/4.

Maria Paula Carvalho, enviada especial da RFI a Orléans

Com o Brasil em desvantagem por 2 a 0 na série, o confronto segue na quadra dura e coberta, a partir das 14h pelo horário local, 10h pelo horário de Brasília, no Palais des Sports, com capacidade para 3.000 espectadores. O segundo dia de competição será aberto por uma partida de duplas: os brasileiros Rafael Matos e Marcelo Melo enfrentam os franceses Benjamin Bonzi e Pierre Herbert.  

Na sequência, Wild joga contra o top 15 do ranking mundial Ugo Humbert e se houver empate entre as equipes, João Fonseca disputa a quinta e decisiva partida contra Fils.  

Com um time robusto e altamente qualificado, a seleção francesa busca ampliar a sua tradição no torneio e continuar em sua busca pelo título. 

Promessa brasileira

Uma das esperanças do Brasil na competição tem apenas 18 anos. João Fonseca vive um ótimo momento na carreira. O carioca nascido em Ipanema é considerado um dos tenistas mais promissores do mundo atualmente. 

Embalado pela conquista do troféu de campeão do Next Generation ATP Finals, no final de 2024, em Jeddah, e do Challenger de Canberra no início do ano, João derrotou três adversários no torneio classificatório para entrar na chave principal do Aberto da Austrália. E logo na estreia derrotou o número 9 do ranking, o russo Andrey Rublev por 3 sets a 0 (parciais de 7-6, 6-3 e 7-6). 

Suas façanhas recentes levaram os grandes astros do tênis a se renderam à evidência: o brasileiro fez uma entrada espetacular no circuito profissional. 

Em Orléans, onde faz sua segunda participação na Copa Davis, João Fonseca fala sobre manter a humildade. "Minha cabeça é me manter igual, seguir trabalhando", analisa. "Está sendo uma oportunidade estar aqui com o time. Não acabou ainda, é o primeiro dia, a gente não sabe ainda o que vai acontecer", continua. "Seguir torcendo para o Thiago, para a dupla, vamos ver como vai ser, não tem nada acabado ainda, a gente pode sim acreditar, pode acontecer", promete.   

O jovem tenista sabe muito bem onde quer chegar. "Eu almejo o topo, espero jogar chave de Grand Slam, jogar a chave dos torneios grandes, trabalhar, talvez ganhar títulos, é o que eu quero fazer", diz "O meu sonho sempre foi chegar a numero 1 do mundo e ganhar Grand Slams é o que eu almejo", completa. O jogador fala de seus pontos fortes: "Acho que o meu jogo é um jogo agressivo, gosto de ir para bola e tenho coragem nos momentos importantes, isso é o meu diferencial, eu gosto dos momentos difíceis", avalia. 

Para alcançar seus objetivos, conta que incluiu o yôga em seus treinamentos. "Desde que eu era pequeno, o meu pai fazia yôga com o mestre Orlando Cani, que trabalhou com Rickson Gracie do jiujitsu eu conheci ele desde novo, mas nunca fui tão interessado", diz. "Quando fui crescendo mais no tênis, eu fui praticando nos jogos mais difíceis, onde eu sentia mais pressão, fui criando rotina de meditação e respirações. Atualmente, antes de todos os jogos, procuro fazer respirações para me manter mais calmo", explica.  

Além dele e dos jogadores de duplas, a equipe brasileira é formada por Matheus Pucinelli e Thiago Wild, número 76 do mundo. Após a derrota para Arthur Fils, o paranaense voltou a reclamar da arbitragem no jogo de sábado, quando o juiz marcou um toque na raquete do brasileiro em uma bola fora. "O que aconteceu hoje foi um erro gravíssimo, foi um erro que mudou o curso do jogo", analisa. "Eu poderia ter virado o jogo, poderia ter feito alguma coisa diferente. Erros acontecem, todo mundo erra, árbitros erram, mas dessa vez mudou o curso do jogo", lamenta.  

"Com certeza não era o resultado que a gente queria, tampouco foi a minha performance esperada. Eu entrei bastante motivado, com bastante vontade de jogar, acho que isso ficou nítido na melhora do segundo set", continua Wild. "Mas numa quadra rápida como essa, qualquer detalhe acaba mudando o jogo, principalmente neste nível tão alto", diz. "Esse confronto ainda está longe de acabar. A gente tem time para virar este confronto", promete.  

Novo formato  

Nesta temporada, a Copa Davis passa por uma mudança de formato, com a extinção da fase de grupos. As duas primeiras rodadas são disputadas em forma de qualificatória e as etapas finais decisivas em sistema de mata-mata, até a definição dos campeões.  

Este primeiro tour reúne 26 seleções e as 13 nações vitoriosas passam para a segunda etapa, que será disputada em setembro. 

Caso supere a França, adversária definida por sorteio da Federação Internacional de Tênis (ITF na sigla em inglês), o Brasil terá pela frente na segunda rodada o vencedor do confronto entre Croácia e Eslováquia. A última etapa do torneio acontecerá em novembro.  

Este é o sexto duelo entre os dois países, com vantagem para os franceses por 3 a 2. 

O último confronto entre Brasil e França aconteceu em 2000 e foi vencido pela equipe brasileira, formada por Gustavo Kuerten e Fernando Meligeni nas disputas de simples. Nas duplas, Guga jogou com Jaime Oncins, atualmente capitão da equipe brasileira. "São situações diferentes. Eu acho que Davis é uma coisa que eu sempre gostei de jogar e agora estou como capitão. Todo o confronto de Davis é sempre uma história nova, uma emoção nova, mas ainda falta um pouco para acabar esse confronto e a gente ainda está na briga", disse Oncins à RFI.

Na edição de 2024 da Copa Davis, a equipe brasileira contou com os tenistas Thiago Monteiro, João Fonseca, Felipe Meligeni, além dos duplistas Rafael Matos e Marcelo Melo. A formação, já comandada pelo capitão Jaime Oncins, foi eliminada ainda na fase de grupos.