"A esgrima é uma dança das lâminas", diz atleta brasileira em preparação para a Olimpíada de Paris

"A esgrima é uma dança das lâminas", diz atleta brasileira em preparação para a Olimpíada de Paris

RFI Brasil
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Faltando pouco para os Jogos Olímpicos Paris 2024, a RFI acompanha a preparação de atletas brasileiros para esta competição. Alguns já estão classificados, mas outros ainda lutam pela tão sonhada vaga. É o caso da esgrimista Nathalie Moellhausen, campeã mundial individual em 2019. Aos 38 anos, ela se prepara para disputar a sua última olimpíada.  

Maria Paula Carvalho, da RFI

A RFI conversou com a atleta ítalo-brasileira num clube da zona oeste de Paris, onde ela treina. "Estamos em uma ótima fase de preparação, concluindo a qualificação olímpica. A gente começou o ano passado, em maio, e a gente vai concluir no mês de março com as próximas duas competições", diz. "Estou curtindo cada competição, cada passo, porque a coisa mais importante para mim é estar no momento presente", indica. 

A esgrima surgiu como esporte na Europa no século XVI, e só entrou para o programa olímpico em 1986, durante a primeira edição dos Jogos da era moderna, em Atenas.

Nathalie compete na categoria espada. Com 770 gramas, é a arma mais pesada da esgrima e, diferentemente do florete e do sabre, os ataques podem ser feitos em qualquer parte do corpo. O objetivo é tocar o adversário com essa arma branca, mas sem que haja contato corporal.  

A atleta conta que a rotina de treinos começa na segunda-feira e só acaba no sábado, dependendo se tem período de competições. "É uma rotina que se concentra na esgrima, na preparação física, nos combates. Mas, além disso, eu tenho todo um trabalho extra, em que eu integro aula de dança, de boxe, de artes marciais", acrescenta. "Também faço um trabalho com um diretor de movimento e ator brasileiro à distância para aprender a parte cênica, porque aquilo que a gente faz é de fato uma performance. Para mim, a esgrima é uma dança das lâminas. É um teatro de máscaras", define a esgrimista.

Nathalie conta que a missão olímpica exige muita energia, cuidados com a alimentação, o sono e a recuperação após os treinos. Nas horas vagas, ela conta que adora cozinhar e, quando pode, faz a própria comida.   

Coração brasileiro

Nascida em Milão, de mãe brasileira, Nathalie Moellhausen começou a representar o Brasil em 2013. Ela foi morar na França quando tinha 20 anos, para treinar esgrima e estudar Filosofia na Sorbonne. 

A esgrimista fala sobre a emoção de competir em Paris, onde vive, país que tem forte tradição neste esporte. "Seguramente representa muito para mim. Eu cheguei aqui em Paris faz mais de 15 anos e com esse objetivo de virar uma campeã mundial. Olímpica eu ainda não consegui. Por isso estou lutando, para poder participar nas minhas quartas e últimas Olimpíadas. E sim, claro, será um grande feito para mim, porque elas vão ser no Grand Palais de Paris", destaca. Foi nesse local que ela recebeu a sua primeira medalha de bronze individual em um Campeonato Mundial, em 2010, pela Itália. 

Em Paris 2024, Nathalie vai defender novamente as cores verde e amarelo. E manda um recado para torcida brasileira. "O meu mantra é 'seja o seu próprio herói'. Para isso, eu tenho um projeto social pelas crianças no Brasil, em parceria com o grande artista Eduardo Cobra", diz. "Significa que nós, na esgrima, aprendemos a ser mestre de nós mesmos, do nosso caminho. E ficar nessa luta e nunca, nunca parar de sonhar e lutar para o próprio sonho dourado."