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Notícias e entrevistas sobre futebol, tênis, vôlei, Fórmula 1... Espaço aberto para a cobertura exclusiva dos grandes torneios franceses e europeus. Destaque para a atuação dos atletas brasileiros na Europa.
Mais um surfista brasileiro entra para o 'hall da fama' do surfe em Nazaré
15 December 2024
Mais um surfista brasileiro entra para o 'hall da fama' do surfe em Nazaré

O Centro Interpretativo do Canhão da Nazaré, localizado no icônico Forte de S. Miguel Arcanjo, que testemunha as maiores ondas do planeta, recebeu uma importante contribuição para seu acervo: a prancha utilizada pelo brasileiro Ian Cosenza em algumas de suas memoráveis descidas na Praia do Norte, conhecida pelas ondas gigantescas.

Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Portugal

A inclusão da prancha do surfista carioca representa um marco significativo, consolidando a crescente influência brasileira no universo do surfe de ondas excepcionais. “É uma honra pra qualquer surfista estar ali no museu, ter sua prancha, ter seu nome gravado num lugar tão importante para o cenário do Big Surf. Poder representar o Brasil nessas ondas grandes é um prazer enorme", declarou Cosenza em entrevista exclusiva à RFI.

A escolha da prancha de Ian Cosenza não simboliza apenas conquistas individuais, mas também a crescente força do surfe brasileiro no cenário internacional. A peça escolhida para o museu foi utilizada em momentos cruciais de sua trajetória em Nazaré, onde ondas colossais, ultrapassando os 30 metros de altura, desafiam os limites da coragem e a habilidade dos atletas.

Para Cosenza, o impacto vai além do reconhecimento pessoal. "Sei que os brasileiros são apaixonados por surfe, independente do tamanho da onda. A galera lá no Brasil gosta muito de estar surfando. Dificilmente, você vai ver um pico quebrando sozinho, sem ter ninguém dentro d’água”, destaca o carioca. Essa paixão, segundo ele, é um elemento fundamental que impulsiona a cena brasileira do surfe e a coloca em destaque em todo o mundo. A doação da prancha para o museu, inclusive, ficou marcada como um momento especial. "Eles me ligaram e falaram que eu tinha pego uma das maiores ondas do mundo com uma prancha de madeira e gostariam muito que aquela prancha fosse exposta no farol”, recorda o atleta.

Nazaré: a busca pela perfeição

A Praia do Norte, em Nazaré, é um teste de resistência física e mental. As ondas gigantescas exigem uma preparação impecável, que envolve condicionamento físico extremo, estratégia e, acima de tudo, coragem inabalável. Cosenza descreve a experiência como um processo holístico. "Nazaré não é um lugar para principiantes, e ao longo dos anos a gente vai descobrindo isso", observa o surfista.

Desafiar os paredões de água com equilíbrio exige muito trabalho físico, mental e dedicação, tanto com a equipe quanto com os equipamentos. "Costumo dizer que para você surfar em Nazaré, é preciso estar com todas as suas engrenagens em perfeita harmonia: físico, mental, equipe, equipamento e talento”, explica Cosenza.

Essa busca pela perfeição, pela sincronia entre o atleta, seu equipamento e sua equipe, é um dos fatores que definem o sucesso em Nazaré e que a prancha de Cosenza no Museu do Surfe representa de forma tão contundente. Um dia específico, em outubro de 2020, permanece na memória de Cosenza como um marco na sua carreira. Uma ligação inesperada o avisou sobre um swell gigantesco, resultando em momentos inesquecíveis, descritos por ele como "um swell do século, com as maiores ondas já vistas em Nazaré, com condições incríveis", recorda.

Um olhar para o futuro do surfe

O “Surfer Wall”, como é conhecida a parede que abriga as pranchas dentro do Forte de S. Miguel Arcanjo, hoje abriga 35 pranchas, mas tudo começou com a doação de uma prancha do surfista brasileiro Pedro Scooby. O espaço fascinante, que celebra a rica história do surfe e a profunda conexão da comunidade local com o mar, foi inaugurado em 2014 para homenagear a tradição pesqueira e os esportes aquáticos da região. Além de suas exposições permanentes, que enfatizam a cultura do surfe em ondas gigantescas, o museu promove eventos e palestras voltados para a segurança no mar e a preservação ambiental, tornando-se um ponto de referência para surfistas e amantes da cultura marítima em todo o mundo.

Walter Chicharro, ex-presidente do município da Nazaré, destacou que a ideia de homenagear os surfistas que enfrentam as ondas da Praia do Norte surgiu como uma forma de “reconhecer e celebrar os atletas que, em um verdadeiro coliseu natural, buscam a maior onda de suas vidas”. Segundo ele, a homenagem não só ressalta a coragem e o talento desses desportistas de alto rendimento, mas também posiciona Nazaré como um símbolo global do surfe de ondas grandes, atraindo atenção internacional e consolidando o local como um marco no cenário esportivo mundial.

O museu abriga uma coleção impressionante, incluindo a célebre prancha do surfista brasileiro conhecido como Alemão de Maresias, exposta desde 2019. O paranaense é um dos pilotos de segurança aquática mais reconhecidos do mundo por suas performances destemidas em Nazaré, e não esconde a felicidade pelo amigo Cosenza.

“Eu vejo essa conquista do Ian com muita alegria. Eu acho que ele é um atleta que se dedicou muito ao esporte e nos últimos anos tem se dedicado especialmente às ondas da Nazaré. Fico muito feliz. Acho que e’ uma conquista muito positiva, muito bacana não só para o Ian mas também para o surfe brasileiro”, comenta o experiente surfista e piloto de tow-in, que conhece as ondas de Nazaré como poucos.

A homenagem ao carioca é uma declaração de excelência do surfe brasileiro e uma inspiração para as futuras gerações de atletas. O museu já tem expostas peças de outros grandes nomes brasileiros, como Maya Gabeira, que fez história ao se tornar a primeira mulher a surfar uma onda de 20,5 metros, conquistando um recorde no Guinness em 2020. Sua trajetória não apenas a elevou como atleta, mas também a transformou em uma inspiração para muitas mulheres que aspiram a surfar ondas gigantescas.

Outra prancha memorável em exposição é a de Rodrigo Koxa, que surfou uma impressionante onda de 24,4 metros em 2017, quebrando o recorde mundial e garantindo seu lugar no Guinness World Records. 

Carlos Burle, um dos pioneiros do surfe de ondas grandes no Brasil, também tem sua prancha no museu. Em 2001, Burle surfou uma onda de 20,3 metros que o colocou nas páginas da história do surfe em Nazaré.

Além dos icones brasileiros do big surfe, o museu também exibe pranchas de lendas internacionais, como o havaiano Garrett McNamara e o californiano Gary Linden, reforçando seu papel fundamental na preservação da história e cultura do esporte.

A prancha de Ian Cosenza, agora imortalizada em Nazaré, demonstra a superação de limites e o constante esforço em busca da perfeição que definem o espírito competitivo e apaixonado dos surfistas de elite.

O Museu do Forte de S. Miguel Arcanjo abre diariamente de 10h às 20h (última entrada às 19h30).

‘O Instante Decisivo’: documentário revela bastidores da preparação de paratletas rumo a Paris 2024
09 December 2024
‘O Instante Decisivo’: documentário revela bastidores da preparação de paratletas rumo a Paris 2024

O documentário "O Instante Decisivo", dirigido por André Bushatsky, estreia no próximo dia 12 de dezembro. A obra, que teve apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro, será apresentada durante a premiação dos melhores atletas paralímpicos do ano em uma cerimônia em São Paulo. O filme retrata a jornada de paratletas brasileiros rumo aos Jogos de Paris 2024, explorando não apenas o esforço dos competidores, mas também o trabalho de equipes técnicas e gestores envolvidos no ciclo paralímpico. O documentário busca também inspirar pessoas com e sem deficiência a descobrir o poder transformador do esporte.

O documentário de 74 minutos é um mergulho nos bastidores do alto rendimento de atletas paralímpicos. Treinadores, gestores, fisiologistas e nutricionistas, entre outros profissionais, foram ouvidos para explicar em detalhes todos os cuidados e planejamento feitos com os atletas que buscam a excelência.

"São quatro anos de muito comprometimento, abdicando de muitos desejos, para ser realizado em segundos, para saber se deu certo aquele ciclo paralímpico. É muito treino e tem muita gente por trás para eles chegarem nos objetivos deles e que muita gente nem imagina”, explica o diretor. 

O título do filme, O Instante Decisivo, reflete os momentos cruciais da competição. "São quatro anos de preparação para segundos que definem tudo. Essa frase, que aparece no documentário, sintetiza bem o espírito do esporte de alto rendimento", explica Bushatsky. 

A seleção dos protagonistas

A escolha dos personagens foi um desafio à parte. André buscou mostrar a diversidade regional do Brasil e a pluralidade das modalidades paralímpicas com atletas que teriam chances de subir ao pódio. No final, a seleção focou em sete protagonistas: a lançadora Beth Gomes, do interior de São Paulo, o velocista paraibano Petrucio Ferreira, a lançadora baiana Taíssa Machado, a nadadora pernambucana Carol Santiago, o nadador Gabriel Araújo (Gabrielzinho), de Minas Gerais, a mesa-tenista catarinense Bruna Alexandre e o jogador de futebol de cegos baiano Cássio Lopes dos Reis.   

"Queríamos representar diferentes histórias e regiões. Tínhamos muitas histórias boas, mas também escolhemos quem poderia funcionar bem no roteiro do filme. Muitos tinham realmente chances de medalhas, mas tivemos que fechar para quem estava batendo recordes e com marcas para subir no pódio”, destaca Bushatsky.

O documentário termina com a Paralimpíada de Paris 2024, onde o Brasil brilhou, ficando em 5° na classificação no quadro final de medalhas com um recorde de 89 pódios, sendo 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes.

O desempenho da delegação brasileira paralímpica dá um impulso para o documentário, que ao revelar os bastidores e preparativos de atletas paralímpicos de alto rendimento, certamente vai contribuir para inspirar muitas gerações de crianças, jovens e adultos, segundo o diretor.  

“O documentário é um produto de entretenimento, mas, ao mesmo tempo, serve para marcar um período histórico. O fato de Paris 2024 ter sido um recorde, a gente já vê mais pessoas jogando holofotes no esporte”, afirma Bushatsky.  

Depois da estreia no Sport TV no dia 12 de dezembro, o filme deve ser disponibilizado no canal GloboPlay. André Bushatsky pretende fazer uma caravana e levar o documentário para escolas e instituições que promovam a prática esportiva. 

“O filme vai passar em vários lugares e com isso eu espero que ele inspire muitas pessoas a praticar esporte, com deficiência ou sem. O legal é mostrar a importância do esporte na vida das pessoas. E histórias inspiradoras é que não faltam”, conclui o diretor.

Lille festeja 80 anos com a presença de jogadores e ex-atletas brasileiros
01 December 2024
Lille festeja 80 anos com a presença de jogadores e ex-atletas brasileiros

Clube do norte da França preparou grande festa para festejar 80 anos. A celebração foi com uma vitória de 1 a 0 sobre o Rennes pela 12 rodada do campeonato francês na presença jogadores e ex-atletas que fizeram história com o time.

Com Marco Martins, enviado especial a Lille

Em oito décadas de existência, o Lille tem uma lista de conquistas nacionais e europeias. Foram quatro títulos de campeão francês, 6 Copas da França, 1 troféu dos Campeões e cinco vezes campeão da 2ª divisão, além de um título da antiga Copa Intertoto da Uefa.

Vários jogadores brasileiros contribuíram para essa trajetória de um dos times mais populares do norte da França. O primeiro a desembarcar foi o atacante Walquir Mota, em 1992, quando o time ainda buscava um lugar na elite do futebol francês. Em seguida, outro atacante, Neném, ficou alguns meses no Lille antes da chegada do primeiro zagueiro, Rafael Schimtz.  

O catarinense de Blumenau foi um dos brasileiros que mais defendeu a camisa vermelha do clube. Rafael chegou em 2001, quando a equipe voltava à 1ª divisão, e atuou como zagueiro por quase seis anos na equipe, até 2007. “O Lille foi ao Brasil me ver jogar e uma semana depois eu já estava na França. Foi muito rápido”, recorda. “Não foi nada fácil no começo, mas tinha o objetivo de ter uma carreira brilhante. O Lille foi e é o meu time do coração”, afirma.    

Presente na festa dos 80 anos no estádio, Rafael Schimtz, já aposentado dos gramados, falou também da emoção de rever ex-companheiros e amigos que deixou no clube. “Recebi o convite e não poderia deixar de vir. Alguns jogadores fazia 20 anos que a gente não se via. E hoje, ver a potência que o clube se tornou é muito gratificante", afirma.

Assim como Rafael, Túlio de Melo foi um dos maiores nomes do Brasil no Lille, onde ficou por seis temporadas. Ele conquistou com o Lille um campeonato francês e uma Copa da França na temporada de 2010/2011 e se tornou um dos artilheiros com 40 gols em 136 jogos.

Atualmente, dois brasileiros vestem a camisa vermelha dos “dogues”, como são conhecidos os jogadores que atuam no time. O zagueiro central Alex Sandro, que chegou em 2022 e o zagueiro Ismaily. Depois de oito temporadas no Chaktior Donestk da Ucrânia, o lateral esquerdo Ismaily chegou ao Lille em 2022, tornando-se o décimo sexto brasileiro a atuar no time. Ismaily, que voltou recentemente aos treinos após se recuperar de uma lesão no joelho direito no final de agosto, também participou da celebração e comentou a boa fase do time.

Atualmente, o Lille é o quarto colocado no campeonato francês e faz bonito na Liga dos Campeões, e está na 12 colocação, com um empate, uma derrota e três vitórias, entre elas contra Real Madrid, interrompendo uma sequência de 36 jogos invictos do atual campeão da competição.

“Pode surpreender muita gente, mas isso é resultado do nosso trabalho diariamente. Estamos convencidos de que temos uma equipe forte e competitiva”, afirma.

Capitão histórico do Lille 

Entre os ex-jogadores presentes na festa dos 80 anos, o português José Fontes tem seu lugar na lista de um dos maiores nomes da história do clube. Foram 196 jogos em cinco temporadas, dois títulos nacionais, sendo o último deles, em 2021, com a faixa de capitão.

Aos 39 anos e atuando na Casa Pia, de Portugal, José Fontes se emocionou no reencontro com a cidade e o ex-clube. “Sempre é especial regressar, receber todo esse carinho e ver as pessoas querendo falar contigo. É uma cidade e um clube que eu adoro e que me marcou bastante”, afirmou.

Menos badalado que o PSG, Paris FC deve ser comprado pela família mais rica da França, dona da Louis Vuitton
24 November 2024
Menos badalado que o PSG, Paris FC deve ser comprado pela família mais rica da França, dona da Louis Vuitton

Um clube de futebol que leva Paris no nome, ostenta a Torre Eiffel no escudo e tem Raí como um de seus embaixadores. Naturalmente o que deve vir primeiro à mente é o PSG, equipe francesa de maior alcance internacional. Mas estamos falando do Paris Futebol Clube, outro time da capital, menos famoso, mas igualmente tradicional, como seu rival bilionário.

O Paris FC ganhou destaque nos jornais franceses nesta última semana por conta do interesse do clã Arnault em comprar o clube. A família é a mais rica da França e a terceira mais abastada do mundo, proprietária do grupo LVMH, que controla a Louis Vuitton, líder mundial no mercado de artigos de luxo. 

Em coletiva de imprensa, Antoine Arnault, CEO do grupo, explicou os motivos que o levaram a querer comprar a equipe e o perfil do projeto. Ele pretende levar o clube à primeira divisão do campeonato francês, a Ligue 1.

“Com certeza, há espaço para outro clube em Paris, com sua própria filosofia. Nossa proposta será diferente”, Antoine Arnault, CEO do grupo LVMH.

Para ele, o Paris FC vai levar alegria aos torcedores da capital francesa, com uma filosofia mais humana. “Pessoalmente, gosto muito da natureza familiar deste clube, e não estou dizendo que tudo permanecerá exatamente como é hoje. É claro que vamos crescer e melhorar, mas esse toque familiar, essa proximidade que temos com o público, que os jogadores têm com a equipe, que a equipe tem com o público, eu acho fantástico e é um aspecto que vamos manter e trabalhar", disse.

Segundo Arnault, esse é um projeto ambicioso, mas sem deixar de ser realista.  "O clube em si é muito sólido. É um ótimo clube da Ligue 2 no momento, e vamos tentar transformá-lo em um ótimo clube da Ligue 1”, detalha.

A compra deverá ser concluída ainda este mês, após a Assembleia Geral extraordinária marcada para a próxima sexta-feira (29), que vai aprovar o novo conselho administrativo do clube.

Parceria com a Red Bull

O objetivo inicial é estabelecer o Paris FC na elite do futebol francês e fazer dele um grande time formador de jovens talentos, revelando novos jogadores para o futebol europeu. Para isso, a família Arnault terá ao seu lado a Red Bull, que será acionista minoritária e parceira esportiva.

“Queremos construir um clube que, no final, talvez tenha 5, 6, 7 e, por que não, 8 jogadores do nosso próprio centro de formação (...) A ideia é reproduzir a fórmula que a Red Bull aplica ao Leipzig, da Alemanha. Eles assumiram o clube na quinta divisão e chegaram à Liga dos Campeões em sete anos, com esta fórmula de deixar os jovens jogadores jogarem, dar confiança a eles, fazê-los crescer e, quando ganham valor, vendê-los”, explicou Arnault.

Por meio da parceria com a Red Bull, o Paris FC poderá contar também com a experiência do ex-técnico alemão Jurgen Klopp, que comandou o Borussia Dortmund e o Liverpool, onde conquistou a Liga dos Campeões. Ele será o novo diretor-geral de futebol do grupo austríaco.

“Conversei várias vezes com Klopp, que está muito empolgado com esse projeto e com a perspectiva de vir trabalhar conosco, para nos ajudar com sua visão sobre como as coisas podem ser melhoradas ainda mais. E a Red Bull, nós vamos utilizar seu conhecimento, vamos trabalhar junto com eles. Eles também têm ferramentas de dados absolutamente revolucionárias”, conta Arnault.

De olho na elite do futebol francês

Para o Paris FC, o caminho até a elite do campeonato francês parece estar mais perto, já que o clube lidera a Ligue 2, a segunda divisão. O projeto mais modesto contrasta em muitos aspectos com o do PSG, que ambiciona o topo do futebol europeu, além de um alcance global de sua marca. Mas o “primo rico” não deixa de ser uma referência.

“O PSG é um clube para o qual torço desde os 12 anos. Fui sócio-torcedor durante muitos anos, agora sou convidado pelo meu amigo Nasser Al-Khelaïfi. Você nunca me ouvirá dizer algo negativo sobre o PSG. É um clube que admiro, que alcançou feitos extraordinários", diz o CEO do grupo LVMH. "Mesmo no dia em que estivermos na Ligue 1, torcerei pelo PSG, exceto duas vezes por ano. Acho que o que seus acionistas e o Nasser conseguiram após anos é extraordinário. Não é à toa que o PSG está entre os cinco clubes mais valiosos da Europa”, avalia.

A relação com o rival da capital francesa não para por aí. Apesar de menos conhecido, o Paris FC é uma espécie de irmão mais velho, tendo sido criado em 1969. O clube está até mesmo ligado à origem do PSG, que surgiu um ano depois, em 1970.

Além disso, os dois times compartilham a admiração de um grande nome do futebol brasileiro. Ídolo do PSG, o ex-jogador Raí é o atual embaixador do Paris FC e frequentemente marca presença nos jogos da equipe.

“Estou fazendo parte de um projeto muito ambicioso que está começando e é histórico. É o início de uma bela história”, Raí, ex-jogador brasileiro e atual embaixador do Paris FC.

Tudo indica que, em breve, Paris terá dois clubes na elite do futebol francês, com proprietários de grande poder financeiro. Agora é aguardar para ver o patamar que o projeto do Paris FC irá alcançar.

Rio de Janeiro recebe o primeiro Museu Olímpico da América do Sul: acervo expõe legado para a cidade
17 November 2024
Rio de Janeiro recebe o primeiro Museu Olímpico da América do Sul: acervo expõe legado para a cidade

Passados oito anos dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o maior evento esportivo do mundo continua rendendo frutos aos cariocas. A cidade se prepara para receber o Museu Olímpico, tornando-se a primeira da América do Sul a fazer parte da rede Olympic Museums Network (Rede de Museus Olímpicos) do COI (Comitê Olímpico Internacional). A novidade foi celebrada nessa semana no Congresso Anual das Cidades Olímpicas, em Lausanne, na Suíça.  

Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris

O novo museu Olímpico vai ocupar o andar superior do Velódromo, no Parque Olímpico, um complexo esportivo e de lazer construído para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão de 2016, na zona oeste do Rio de Janeiro. Os preparativos estão na reta final e a expectativa é de abertura no primeiro trimestre de 2025.

Em exposição, haverá muito mais do que medalhas e outras lembranças das competições, já que o acervo é um testemunho das transformações ocorridas na cidade por conta das competições. "Essa história de transformação, de superação de uma cidade do Sul global para entregar os Jogos Olímpicos, os primeiros Jogos Olímpicos e Paralímpicos da América do Sul, é uma história que merece ser lembrada e celebrada", afirma Rafael Lisbôa, consultor de comunicação da prefeitura do Rio de Janeiro para grandes eventos.

"É muito importante fazer parte dessa rede dos museus olímpicos porque a gente se conecta com outras cidades que, como o Rio, seguem inspirando por conta da realização dos Jogos Olímpicos. A gente aprende com outras cidades e troca experiências e conhecimentos", completa.

O Museu Olímpico terá um acervo com relíquias dos atletas e das competições, os melhores momentos, os medalhistas, mas também registros da cidade do Rio, outra protagonista desses Jogos Olímpicos. "Tal como um atleta, a cidade também superou seus obstáculos, venceu desafios, se preparou para poder receber o mundo e para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Então, o Museu Olímpico do Rio é sobre esportes, é sobre atletas, é sobre superação, mas principalmente sobre legado", define.   

Outros Museus Olímpicos que fazem parte deste seleto grupo estão em Montreal, no Canadá; Pequim, na China; Atenas, na Grécia; Tel Aviv, em Israel, e Barcelona, na Espanha, entre outras cidades.

O projeto permite programas educacionais e de desenvolvimento de negócios em torno do esporte, além de atrair o público e visitantes virtuais, para aumentar a promoção dos valores do olimpismo, explica Tânia Braga, head de impacto e legado dos Jogos Olímpicos junto ao COI.

"O Museu Olímpico está dentro desse contexto do Parque Olímpico do Rio, com todas as novidades que vieram nesse último ano, com a Escola Isabel Salgado, o Parque Rita Lee, a reabilitação e abertura do parque para a população. Então, é uma revitalização dessa área, completando os planos de legado que tinham sido feitos antes dos Jogos, mas cuja implementação foi interrompida por alguns anos", diz.  

A representante do COI observa que o legado físico de utilização das instalações esportivas demorou, mas foi completado recentemente. "Eu acho que é uma história que mostra a importância não só do planejamento, mas da importância de você criar alguns mecanismos de resiliência em relação à mudança política. Com a mudança de liderança política em nível municipal no Rio, a execução do plano de legado não era uma prioridade. Depois, voltou a ser. Então, demorou mais do que o esperado para executar", lamenta.  

Por outro lado, o COI elogia o exemplo carioca do ponto de vista do legado humano e educacional. "O programa de educação lançado com os Jogos continua nesses oito anos e com bastante sucesso, através de dois programas: um realizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro e o outro por uma fundação privada", diz. "A gente também tem uma visão do legado em termos de sustentabilidade em eventos que ficou", completa.  

Receber 15 mil atletas de mais de 200 nacionalidades, 30 mil jornalistas e 1,5 milhão de visitantes, em 2016, representou para o Rio de Janeiro uma oportunidade para tirar do papel projetos de infraestrutura e mobilidade. A prefeitura afirma que o legado para a cidade foi entregue antes dos Jogos, com destaque para a revitalização da Zona Portuária, a construção de 150 quilômetros de linhas de ônibus articulados BRTs, além de corredores como a Transoeste, a Transcarioca, a Transolímpica e a Transbrasil.

Outros projetos entregues são o Parque Madureira, o Centro de Operações para segurança, os reservatórios de água para conter alagamentos na região da Grande Tijuca, a duplicação do Elevado do Joá, a linha 4 do metrô, o VLT (veículo leve sobre trilhos), o saneamento da Zona Oeste da cidade, o fechamento do Aterro sanitário de Gramacho e a abertura do Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica.

"Tudo isso eram compromissos olímpicos entregues antes dos Jogos. O que ficou faltando era o plano de legado das arenas esportivas", explica Lisbôa. "Esse plano estava pronto. Só que passado o ano de 2016, uma nova administração municipal assumiu e não levou adiante o plano de legado. Ao ser reeleito em 2020, o prefeito Eduardo Paes colocou como prioridade implementar o plano de legado para as arenas esportivas", continua. "Então, a gente tem muito orgulho de ser a primeira cidade olímpica a ter transformado arenas olímpicas, estádios esportivos, em escolas", comemora.  

Legado pós-olímpico

A Arena 3, que recebeu as competições de taekwondo e esgrima, tornou-se um colégio da rede municipal para mais de mil alunos, batizado com o nome da jogadora de vôlei Isabel Salgado.  

A Arena do Futuro, sede das partidas de handebol, foi desmontada e o material usado na construção de quatro Ginásios Educacionais Tecnológicos (GETs) em Rio das Pedras, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz, beneficiando 1.700 estudantes.  

Parte da estrutura do IBC – o centro de mídia dos Jogos – foi utilizada para erguer o Terminal Gentileza (TIG), que conecta linhas de ônibus, VLT e BRT.  

A Via Olímpica, o boulevard que conectava todas as arenas no Parque Olímpico, virou o colorido Parque Rita Lee, uma área de lazer com 136 mil m². 

A Arena 2, palco das provas de judô e de luta livre, vai virar um novo campus do Instituto Federal do Rio de Janeiro. E a piscina olímpica do antigo Centro Aquático, que testemunhou a despedida do nadador americano Michael Phelps, está sendo instalada no Parque Oeste – uma herança que a prefeitura do Rio apresentou na capital olímpica e sede do COI, na Suíça.  

Inspiração para Paris 2024

"É muito interessante ver como o legado até hoje segue inspirando cidades", destaca Rafael Lisbôa, cintando alguns dos participantes do encontro ocorrido na Europa, na última terça-feira (12). "Lá estavam representantes de Sarajevo, que recebeu os Jogos Olímpicos de Inverno há 40 anos, de Saint-Louis, nos Estados Unidos, que recebeu a terceira edição dos Jogos Olímpicos de 1904, e tinha, obviamente, Paris, a última sede olímpica", relata. "Foi muito bacana ver todo o planejamento de Paris para o pós-Jogos. Paris fez transformações incríveis na cidade e agora eles têm justamente a preocupação em ampliar esse legado e mantê-lo vivo", completa.

"A prefeita Anne Hidalgo e o prefeito Eduardo Paes são muito próximos. Eles trocaram muitas ideias e experiências por conta das Olimpíadas e a prefeita Hidalgo, em várias oportunidades, destacou como a experiência olímpica do Rio era uma inspiração", diz. "Ela falou que aprendeu com o prefeito Eduardo Paes pelo menos duas lições: a primeira, tentar antecipar ao máximo tudo. E a segunda, apostar nas estruturas permanentes já existentes e o que for fazer de estrutura temporária, pensar como podem ser reaproveitadas para novos equipamentos públicos. Então, essa lição de não deixar elefante branco é algo que Paris se inspirou no Rio", afirma Rafael Lisbôa em entrevista à RFI. 

Estudo recente da Fundação Getúlio Vargas sobre o legado dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 calculou um impacto de R$ 100 bilhões na economia da cidade, com geração de meio milhão de empregos.

Quem paga a conta?

Tânia Braga, head de impacto e legado dos Jogos Olímpicos junto ao COI, admite que existam críticas em termos de custos dos Jogos Olímpicos, segundo ela, motivadas "às vezes por uma falta de conhecimento de onde vêm os recursos". Conforme destaca, "os Jogos são realizados majoritariamente com recurso privado, não público, mas, infelizmente, a percepção ainda é, em muitos locais, de que os Jogos são feitos com recursos públicos, mesmo que isso tenha sido demonstrado com dados", observa. 

Ela destaca um levantamento feito há dois anos pelo COI, sobre a utilização de todas as instalações olímpicas, desde os primeiros Jogos Modernos de Atenas, em 1896 até os Jogos de inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul, em 2018. "A gente descobriu que 83% de todas as instalações ainda são utilizadas, sendo que a percepção às vezes é um pouco diferente disso."  

No Rio de Janeiro, estudo da Fundação Getúlio Vargas apontou que a maior parte dos custos dos Jogos Rio 2016 foram de investimentos privados.

"A prefeitura procurou soluções de engenharia financeira criativas por meio de PPPs (Parcerias Público Privadas) e concessões", explica Rafael Lisbôa, consultor de comunicação da prefeitura do Rio de Janeiro. "O Parque Olímpico não teve dinheiro público, foi dinheiro privado. A Vila dos Atletas também. No campo de golfe foi dinheiro privado, então, 60% do orçamento olímpico, quem arcou foi a iniciativa privada, por meio de parcerias, de concessões, de PPPs", diz. "Os recursos públicos se deram principalmente para as obras de legado e não eram obras para as Olimpíadas, mas para a população e para a cidade", completa.

"Em relação a todos os compromissos olímpicos da cidade do Rio, foi entregue além. A gente tinha se comprometido no dossiê de candidatura com 17 projetos de legado e entregou 27", finaliza.

Brasileiro faz sucesso no esporte nacional da Venezuela: o beisebol
10 November 2024
Brasileiro faz sucesso no esporte nacional da Venezuela: o beisebol

Um curitibano vem fazendo sucesso na Venezuela graças ao esporte nacional do país: o beisebol. Leonardo Reginatto é um dos jogadores mais reconhecidos das torcidas e quadras venezuelanas. Ele já passou por várias equipes e atualmente joga no Caribes de Anzoátegui, cuja sede fica na cidade de Puerto La Cruz (no leste do país). Ele cumpre na Venezuela o sonho de viver de um esporte ainda em expansão no Brasil. 

Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas

“Para mim era um sonho poder ter jogado essa Liga, sei que é a qualidade que essa Liga tem, uma Liga de jogadores com muitos nomes, com muitas experiências, então para mim era sempre um sonho. Graças a Deus eu pude cumpri-lo! Já ganhei essa Liga duas vezes: ganhei o ano passado e também ganhei com o Magallanes um ano antes. Então estou muito feliz em poder ter ganhado dois títulos aqui nessa Liga, onde eu sempre sonhei jogar”, diz o jogador.

O beisebol chegou muito cedo à vida do brasileiro, quando Leonardo Reginatto ainda era um menino. “Eu comecei no esporte por causa de um vizinho de nacionalidade japonesa. O beisebol no Brasil foi trazidos por eles, os japoneses. A gente estava morando no mesmo condomínio e eles convidaram a gente para começar a jogar. Eu tinha na época cerca de 5 ou 6 anos. Meu irmão já tinha oito, e o mais velho dez anos. Foi nessa idade que a gente começou (a jogar) e por causa do convite deles que a gente conheceu o beisebol”.

Das brincadeiras de criança, Reginatto tomou gosto pelo beisebol e fez do esporte sua profissão. Ele, inclusive, representou o país natal em torneios internacionais.  “O que mais me emociona é tudo que o beisebol pode me proporcionar, conhecer vários lugares, jogar um esporte que eu me apaixonei desde pequeno como profissão, já faz 14, 15 anos que eu estou jogando, então poder representar o Brasil também e viver do esporte para mim sempre foi um sonho. A paixão que eu tenho pelo beisebol é o que me motiva”, destaca.

A Venezuela é o único país da América do Sul onde o beisebol é esporte nacional. Essa história anda lado a lado com a expansão da produção de petróleo em território venezuelano, no final do século 19. Os americanos que chegaram trabalhar nos campos petroleiros jogavam beisebol nas horas vagas. A popularidade foi aumentando até o beisebol virar o esporte nacional. Enquanto nos países vizinhos abundam quadras de futebol, na Venezuela elas são de beisebol. 

Leonardo conta parte de sua história, vivida nas quadras de vários países da região: “Eu fui para os Estados Unidos, joguei 10 anos lá.  Também jogo na liga do México agora. Joguei em uma na liga do Canadá, joguei um pouco na liga do Panamá. Joguei na liga dominicana e agora na Venezuela. Essa vai ser minha sexta temporada aqui”. 

No beisebol, um jogador pode atuar em diferentes times, desde que não sejam do mesmo país e nem durante a mesma competição, a chamada liga. Por isso Leo compete na Venezuela na Liga de Inverno, e em seguida vai para o México atuar na disputa local. Atualmente, os times da Liga Venezuelana de Beisebol Profissional (LVBP) buscam a classificação para a Série do Caribe, o torneio anual jogado em fevereiro onde o vitorioso de cada país busca o título de campeão. 

Reginatto lembra seus melhores momentos:  “Nessa liga aqui da Venezuela, os melhores momentos foram ser campeão com Magalhães, que foi meu primeiro título. Logo no ano passado com o Tiburones também. E também com o Tiburones a gente conseguiu vencer a Série do Caribe, que é o campeão geral. Por exemplo da liga venezuelana, da liga mexicana, da liga dominicana, da liga de Curaçao. Eles fazem um torneio dos campeões e a gente acabou sendo campeão também. Isso se chama a Série do Caribe. Então esses foram os momentos mais importantes, com certeza”.

O beisebol é um esporte de estratégia. As partidas podem variar de uma hora e meia a até seis horas. Na quadra, os dois times adversários, integrados por nove jogadores, buscam fazer pontos após o jogador acertar a bola com o bastão e correr pelas quatro bases do campo - o chamado “run”. De maneira bem simplificada: para anotar uma corrida (run), o jogador na posição de rebatedor precisa acertar a bola e correr pelas bases até voltar à base, também chamada “home plate”. O trabalho do time que está defendendo é impedir que o adversário consiga alcançar as bases e, assim, fazer ponto. 

Criado nos Estados Unidos, em 1846, a linguagem deste esporte é bastante própria. Muitos termos foram mantidos em inglês. Leonardo explica a posição em que joga: “Eu sempre joguei de “infielder”, que são aqueles que ficam mais à frente pegando as bolas rasteiras. Essa tem sido a minha posição de toda a vida”.

Para iniciar no beisebol é preciso investir na indumentária, e sai caro. Além da bola, é preciso o bastão, luvas, uniforme com boné e tênis e, dependendo da posição do jogador, um capacete e um espécie de protetor frontal. Mas para aqueles que viram profissionais o investimento que vale cada centavo. 

O beisebol é um dos esportes mais movimentam dinheiro no mundo. Só a Major League Baseball (MLB), organização americana de beisebol profissional, gira cerca de U$ 10 bilhões por ano. Na Venezuela o beisebol movimenta cerca de U$ 35 milhões por temporada, de acordo com o Instituto de Estudos Superiores de Administração (IESA).      

Leonardo não comenta quanto ganha. Na Venezuela o salário de um jogador iniciante supera os cinco mil dólares.  Mas José Altuve, o jogador venezuelano mais bem pago da atualidade, ganha cerca de U$ 43 milhões por ano para jogar em um time dos Estados Unidos. 

Ganhos "vão além da parte financeira"

“Os maiores êxitos, para mim, primeiro foi ter conseguido ser jogador profissional. Ter ganho dois títulos aqui na Venezuela, um também na própria Série do Caribe; ter ajudado o Brasil a se classificar para a Copa do Mundo uma vez. Para mim esses foram os momentos mais marcantes”, diz ele.

Em seu histórico como jogador profissional de beisebol, Leonardo também comemora ter representado seu país natal: “Defendi a Seleção Brasileira quando pequeno, campeonatos pan-americanos, sul-americanos”. 

Nos dias de jogos, o clima nos estádios venezuelanos é de alegria. É comum a venda de uísque, cerveja, tequeños (tradicional salgado recheado com queijo), além da presença das mascotes de cada time. O do Caribes de Anzoátegui é o Caribito, um boneco branco grande vestido com o uniforme do time. 

Há rivalidade, mas é mais amena do que no Brasil e o risco de distúrbio entre as torcidas é quase nulo. Na Venezuela, a maior rivalidade recai sobre os torcedores do Leones de Caracas e os do Navegantes del Magallanes. O clima é mais familiar, se comparado aos estádios brasileiros.

Leo identifica semelhanças: “Por exemplo, uma pessoa que nasceu em São Paulo, geralmente torce para o Corinthians, São Paulo, Palmeiras, esse tipo de coisa acontece aqui. Então, é uma liga com bastantes torcedores dos países. Eles acompanham bastante, transmitem na TV e tal. Nas finais os estádios sempre estão cheios. Tem aquela rivalidade, me lembra bastante o futebol do Brasil”.

Assim como nos outros esportes, um atleta do beisebol não costuma passar dos 40 anos na carreira. Leonardo Reginatto espera poder ficar por mais tempo nas quadras fazendo o que mais gosta na vida: “Minha metas é seguir jogando nessas ligas de alto nível.  Não sei até onde eu vou jogar, na verdade, já tenho 34 anos. Continuar jogando com um bom nível, até onde eu conseguir, até onde eu aguentar, até onde eu tiver oportunidade”.

Amor sem fronteiras: escritor francês é apaixonado pelo Flamengo e tem livro de crônicas sobre o clube carioca
03 November 2024
Amor sem fronteiras: escritor francês é apaixonado pelo Flamengo e tem livro de crônicas sobre o clube carioca

A torcida do Flamengo é conhecida por ser a maior do Brasil e uma das maiores do mundo, com mais de 46 milhões de rubro-negros. Alguns deles fora do país. Um amor sem fronteiras, que cativa até mesmo torcedores estrangeiros. Como Marcelin Chamoin, escritor francês que torce desde criança pelo clube carioca.

Renan Tolentino, da redação da RFI em Paris

Admirador do futebol brasileiro como um todo, Marcelin tem quatro livros publicados sobre o assunto, retratando como o esporte virou “religião” no país e as carreiras de Garrincha e Pelé. Seu último livro, no entanto, foca justamente na sua maior paixão no futebol e traz um título peculiar: “O Francêsguista: Crônicas de um francês apaixonado pelo Flamengo”.

“Quando eu estava na França, lancei um primeiro blog para falar sobre futebol do Brasil em geral, que se chamava ‘Baú Francês’. É minha particularidade, adoro futebol brasileiro. E no caso de ‘Francesguista’, é então um flamenguista francês. Achei engraçado o fazer essa mistura”, conta Marcelin.

A obra traz uma série de textos escritos por Marcelin com temáticas relacionadas ao Flamengo, sobre ídolos, times históricos e jogos que ficaram marcados na memória, além de crônicas sobre suas experiências como um torcedor estrangeiro do rubro-negro.

“Em 2022, eu passei um ano no Rio. Então, criei um blog para falar sobre o Flamengo, comecei a escrever crônicas sobre minha experiência no Brasil, como flamenguista, quando fui ao estádio, quando fui a eventos dos consulados. Encontrei o Zico também quando estava no Rio”, recorda.

A ideia de publicar o livro veio do blog que ele mantém online com o mesmo nome e temática. O objetivo era compilar os principais textos em uma só publicação.

“Então, tinha todas essas crônicas. Voltei para a França em julho de 2023 e já tinha escrito 137 crônicas. Então, queria só um objeto físico do que eu escrevi quando estava no Brasil (...) sem a pretensão de comercializar, só para ter uma lembrança da minha passagem pelo país”, explica o francês.

Raça, amor e paixão

Mas a relação com o Flamengo e com o Brasil começou muito antes, quando ele ainda era um menino em Troyes, cidade que fica a 160 km de Paris. Marcelin começou torcendo pela seleção brasileira ainda aos 6 anos, durante a Copa do Mundo de 1998, que aconteceu justamente na França. Por ironia do destino, a final daquela Copa foi entre os donos da casa e Brasil. Mas a torcida do francês e futuro flamenguista ficou do lado brasileiro, a ponto de ele chorar com a derrota da Seleção.

“A primeira lembrança que tenho é da Copa de 1998. Eu tinha 6 anos, lembro da final entre França e Brasil e que torci pela seleção. Começou assim. O Ronaldo Fenômeno era meu ídolo e já na final, com seis anos, eu preferi o Brasil”, garante o escritor.

“Eu não lembro bem, mas meus pais e minha irmã me contaram depois que eu era o único a chorar, porque eu já torcia muito pelo Brasil (...). Quando ganhou em 2002, eu também chorei, mas agora de alegria (...) Lembro bem dos gols do Ronaldo. Do que ele fez na semifinal contra a Turquia e dos dois que ele fez na final contra a Alemanha. Chorei de alegria, porque ele é meu grande ídolo e a passagem entre as duas Copas foi bem difícil para ele", recorda Marcelin.

O resultado negativo na final de 1998 não mudou a relação de Marcelin com o país. Pelo contrário, com o tempo o menino foi se interessando cada vez mais, buscando informações sobre o campeonato brasileiro, até que conheceu o Flamengo nos anos 2000, através de edições da revista France Football, que na época publicava as tabelas de diversos campeonatos, incluindo do Brasileirão.

“Talvez seja ainda mais difícil de explicar. Não lembro bem (como começou). Não tenho certeza, porque (na época) na França não tinha muitas informações (sobre times brasileiros), mas a primeira lembrança que tenho é do álbum de figurinhas da Copa de 2002. Tinha a figurinha do Edilson, que jogou no Flamengo. Também tinha a revista France Football, com todos os campeonatos nacionais, lá em 2004 ou 2005 e eu já começava a acompanhar o Flamengo. A dificuldade no início era ter acesso às informações, mas eu já tinha virado um flamenguista”. 

Consulado rubro-negro em Paris

Daí para a frente, a paixão que começou em verde e amarelo ganhou tons rubro-negros e ficou cada vez mais forte. Tão forte que em 2019 ele se juntou com outros flamenguistas que moram na capital francesa e fundou o consulado FlaParis.

O ano não poderia ser melhor, já que o clube viveu uma das maiores temporadas de sua história, conquistando a Taça Libertadores da América e o Campeonato Brasileiro.

“Esse é um projeto que vem do clube, que apoia a criação de embaixadas e consulados (pelo mundo). O objetivo é se reunir para assistir aos jogos juntos e também fazer campanhas e ajudar projetos sociais. Eu gosto das duas coisas, de me encontrar com amigos e desse lado mais social. E sobre a criação (do consulado), através do Twitter, o Cidel (atual presidente da FlaParis) procurava outros flamenguista para criar este consulado na época. Eu vi essa mensagem e entrei em contato com ele. Agora, já faz cinco anos que temos este grupo”, explica o francês.

Bate-bola com Zico

Além de sofrer e, claro, comemorar títulos com o Flamengo, Marcelin teve a sorte de se encontrar pessoalmente com Zico, ídolo máximo do clube. Não apenas uma, mas duas vezes.

“Tinha o objetivo de conhecer o Zico quando eu estava no Brasil (em 2022). Eu e um amigo fomos juntos a um evento em que ele iria estar e consegui encontrá-lo lá. Também vi o Zico ao vivo no Jogo das Estrelas (evento beneficente organizado anualmente pelo ex-jogador). Fui ao Maracanã ver este jogo com amigos franceses que foram me visitar. Foi muito legal. Você sente a paixão dos flamenguistas pelo Zico. Mesmo meus amigos franceses percebem isso”, conta Marcelin.

“E encontrei de novo o Zico em Paris, nas Olimpíadas de 2024. Como eu já tinha lançado o livro, tive a possibilidade de oferecer a ele. Foi bem legal também", recorda.

Como todo bom torcedor, para o francês Marcelin é difícil entender quando a paixão pelo clube de coração começou e onde ela termina. Mas,se depender dele, será eterna, tal qual diz o hino oficial do clube: Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.

Contratada por equipe francesa, Bruna Takahashi valoriza experiência no WTT de tênis de mesa em Montpellier
27 October 2024
Contratada por equipe francesa, Bruna Takahashi valoriza experiência no WTT de tênis de mesa em Montpellier

Os melhores atletas do mundo no tênis de mesa se reuniram no sul da França nos últimos dias para a disputa do WTT Champions de Montpellier. O torneio começou na última terça-feira, dia 22, e se encerra neste domingo, 27, com 64 competidores ao todo, tanto no feminino como no masculino, que se enfrentaram em partidas eliminatórias, a partir da fase de 16 avos de final.

Renan Tolentino, da redação da RFI em Paris

No lado verde e amarelo, o Brasil contou com a participação de Bruna Takahashi e Hugo Calderano, que retornam à França cerca de dois meses depois dos Jogos Olímpicos de Paris.

Entre os atletas da casa, estão Felix e Alexis Lebrun, dois jovens irmãos franceses que se tornaram sensação da modalidade no país, principalmente por seu desempenho nas Olimpíadas de 2024. Alexis, inclusive, foi campeão europeu há menos de uma semana. 

No Champions de Montpellier, infelizmente, Bruna acabou caindo na primeira fase para a chinesa Chen Xingtong, atual número 6 do ranking mundial. Apesar do resultado, a brasileira tenta tirar boas lições de sua participação e valoriza a experiência adquirida no torneio.

“O Champions é uma das maiores competições que a gente tem no WTT [World Table Tennis, que organiza as competições]. Primeiro tem o Finals, no qual disputam os top 16 do ranking. E o Champions, com os top 32 do ranking mundial. Vamos dizer que o peso é muito alto", comenta Bruna sobre a importância do torneio de Montpellier.

A brasileira explica que, com a rotina de seguidos campeonatos no calendário da modalidade, o mesatenista nem sempre encontra tempo para se preparar entre uma competição e outra.

“Não tive muito tempo de treinamento. Saí do campeonato Panamericano e vim logo para jogar o Champions em Montpellier. Vindo de uma rotina de campeonatos (...) Não consegui o melhor aqui em Montpellier, mas é sempre uma grande oportunidade jogar com as chinesas, com as melhores, para conseguir dar o máximo, aproveitar e ter alguma chance para ganhar delas. Gostei muito do meu jogo, da minha performance contra a chinesa, mas infelizmente não ganhei", lamenta.

A chinesa Chen Xingtong, que encarou Bruna em Montpellier, é uma adversária dura e já tinha enfrentado a brasileira em outras duas ocasiões anteriormente, saindo vencedora. Neste último duelo entre as duas, o cenário não mudou, mas a atleta reforça a importância de estar sempre jogando com as melhores.

“No jogo, em alguns sets eu não ia muito bem, mas eu estava conseguindo voltar (para a disputa) muitas vezes. No último set, ela abriu uma vantagem muito boa e eu consegui voltar, mas acabei não fechando o set. O bom é que, jogando com elas (chinesas), eu consigo pegar o ritmo delas, do jeito que elas jogam, para um dia, quem sabe, conseguir vencê-las”, avalia.

Hugo Calderano, por sua vez, venceu o seu primeiro jogo, contra o sul-coreano Lim Jonghoon, 30º do ranking mundial, avançando para as oitavas de final.

“Ele é um jogador muito experiente, tem um mental muito bom, tem uma perceção de jogo muito boa”, comenta a brasileira.

Resultado positivo no Pan de El Salvador

Tanto Hugo como Bruna vêm de excelentes resultados no Panamericano, que foi disputado há duas semanas em El Salvador. Jogando juntos, os dois ficaram com a medalha de prata nas duplas mistas, perdendo a final para outra dupla brasileira, Teodoro e Giulia Takahashi, que é irmã de Bruna. Ela também garantiu a prata no individual.

“Individualmente, eu gostaria de ter ganhado, claro, mas tentei o meu melhor. A Adriana [Diaz] é uma jogadora muito forte. E em dupla mista foi nosso primeiro campeonato, a gente tem muito ainda o que aprender juntas", avalia Bruna.

Segundo a mesatenista, aliar sua agenda com a sua companheira de dupla foi um desafio também. "A gente treinou algumas vezes antes, mas nosso calendário é muito difícil de conseguir achar um bom tempo, e temos muitos campeonatos também. Então, é muito difícil conseguir treinar bastante juntas. Mas a gente deu o nosso melhor e vamos ver o que acontece nos próximos torneios. A final, mesmo que tenha sido contra minha irmã, todo mundo ali quer ganhar. Foi um jogo bem acirrado, mas eles jogam há bastante tempo juntos e jogaram bem”, explica Bruna.

Novo caminho em território francês

Contratada este ano pela equipe de tênis de mesa Alliance Nîmes, no sul da França, Bruna deve seguir focada na disputa da liga francesa e de outros torneios do circuito internacional.

“Eu tenho alguns jogos agora, nessa próxima semana e aí depois eu vou para o Champions de Frankfurt [na Alemanha]. São vários jogos durante um ano, então você tem que conciliar com os campeonatos da WTT e conciliar com os treinos também (...) Quando a gente tem algum tempo, tenta focar bastante no treino. A gente meio que tem que se auto conhecer e entender o que a gente precisa. É muito importante esse autoconhecimento nosso, para saber quando é necessário treinar bastante, quando é necessário descansar o corpo”, conclui a brasileira.

Assim, tentando rebater as dificuldades, Bruna Takahashi e Hugo Calderano seguem focados nas próximas competições, sem perder de vista o ciclo olímpico para, quem sabe, brilharem em Los Angeles 2028.

"Caso Mbappé" segue nos holofotes da imprensa francesa, que aborda impacto na imagem do jogador
20 October 2024
"Caso Mbappé" segue nos holofotes da imprensa francesa, que aborda impacto na imagem do jogador

Um dos principais assuntos das páginas de esporte na França vem de fora das arenas de competição. Os holofotes da imprensa francesa continuam sobre “o caso Mbappé”, como está sendo chamada a acusação de estupro contra o jogador francês, que teria ocorrido em uma boate de Estocolmo, capital da Suécia, onde ele aproveitava uma curta folga na semana passada.

A polícia sueca abriu inquérito para investigar o caso. Já a defesa do atleta nega o crime, enquanto jornais franceses tentam “refazer” os passos do astro do Real Madrid durante sua passagem pela cidade.

A acusação de estupro veio a público na última terça-feira (15), depois que os jornais suecos, Aftonbladet e Expressen, publicaram reportagens afirmando que o atleta do Real Madrid é alvo de uma investigação por estupro e agressão sexual, aberta pela polícia de Estocolmo depois da rápida estadia do atacante na cidade, em 10 de outubro.

Em um pronunciamento de poucas palavras na rede social X (antigo Twitter), Kylian Mbappé negou a acusação, que classificou como “boato calunioso”. Além disso, ele alegou que o PSG estaria por trás do que qualifica de "fake news", já que as informações foram noticiadas na véspera de uma audiência referente ao processo no qual ele cobra € 55 milhões do ex-clube.

"Ele nunca está exposto", diz defesa

Em entrevista ao canal francês TF1 ao longo da semana, a advogada do jogador, Marie-Alix Canu-Bernard, disse que ele se mostrou surpreso. A defensora alega que Mbappé é cercado por uma equipe para garantir que ele nunca seja “exposto a uma situação de risco”. A defesa afirmou que pretende entrar como uma denúncia por calúnia.

“Estamos falando de uma denúncia, mas neste momento, nem sabemos contra quem. Uma denúncia não estabelece a verdade, uma denúncia não prova nada e eu nem sei, mais uma vez, se a denúncia é dirigida a ele", salientou Canu-Bernard à TF1.

"Ele nunca está sozinho. Ele nunca está exposto a uma situação em que haveria, para ele, um risco assumido. Desta forma, isso exclui completamente a possibilidade de que possa ter havido ações repreensíveis de sua parte (...) Isso eu posso dizer, com certeza absoluta. Ele está particularmente sereno, mas ficou surpreso ao ver essa repercussão midiática e não entende o que pode ter sido atribuído a ele de alguma forma. (...) Ele sabe que não tem absolutamente nada do que se arrepender”, disse.

Ao longo da semana, o programa Radio Foot Internationale, da RFI, debateu a repercussão do “caso Mbappé”. Convidado especial, o jornalista francês Dominique Sévérac, do Le Parisien, destacou justamente essa “blindagem” no entorno do jogador, que conta inclusive com uma assistente para verificar todas as pessoas que se aproximam dele. Segundo a imprensa sueca, na noite em que visitou a boate “V”, em Estocolmo, Mbappé estava acompanhado desta funcionária, além do seu guarda-costas e de Nordi Mukiele, seu ex-companheiro de PSG.

“Tudo o que podemos dizer é que ele estava na companhia permanente de guarda-costas e de uma assistente que cuida desse tipo de assunto. Ele é aconselhado por sua mãe para monitorar, entre aspas, que tipo de mulher se aproxima dele, já que ele é famoso, mundialmente conhecido", explicou Sévérac. "Há uma funcionária encarregada de verificar as mulheres que ele aborda ou que o abordam, para que não haja nada que possa representar um problema. Ele está sob vigilância em todos os lugares que vai, exceto no seu quarto. Há uma assistente que é paga só para isso, ela está sempre lá para cuidar dele e atenta ao que o cerca.”

Imagem afetada

Nos dias seguintes à divulgação do caso, jornais franceses publicaram reportagens tentando refazer os passos de Mbappé durante sua estadia na capital sueca. O Le Figaro, por exemplo, publicou a matéria “Hotel, restaurante, discoteca: seguindo os rastros de Kylian Mbappé em Estocolmo”. Le Parisien publicou reportagem semelhante.

Com a manchete “V, íntimo e aconchegante: uma descrição da boate onde Mbappé passou a noite em Estocolmo”, o diário esportivo L’Equipe divulgou uma reportagem com o relato de um torcedor do PSG que frequente a mesma casa noturna.

Já a versão francesa do site Huffpost avalia que “a popularidade do jogador entrou em colapso nos últimos anos”.

"Da ascensão meteórica ao título de campeão mundial aos 19 anos, até os reveses fora de campo, o capitão da França viu crescer o desencanto do público com ele”, conclui o portal de notícias.

Rafael Nadal anuncia sua aposentadoria aos 38 anos e deixará legado cheio de recordes
13 October 2024
Rafael Nadal anuncia sua aposentadoria aos 38 anos e deixará legado cheio de recordes

Em um vídeo publicado nas redes sociais na quinta-feira (9), Rafael Nadal anunciou sua aposentadoria do circuito profissional do tênis. Na mensagem, o espanhol se dirigiu aos fãs, familiares e para todos que fizeram parte de sua vitoriosa carreira. A despedida definitiva tem data: será em novembro, na Copa Davis, que será disputada em Málaga, uma maneira de fechar em grande pompa e em seu país natal um ciclo virtuoso.

Aos 38 anos de idade, Rafael anuncia uma decisão que não surpreende, principalmente depois dos resultados recentes.

Ele vem sofrendo com muitas dores, principalmente nos últimos dois anos. Nadal desenvolveu desde os 18 anos uma doença rara, a osteonecrose do osso navicular - ou escafoide, o osso do carpo que mais frequentemente sofre fraturas. A condição também é conhecida como síndrome de Müller-Weiss - uma doença degenerativa "crônica e incurável", explicou Nadal em 2022 antes de conquistar o 14º título em Roland Garros.

“A aposentadoria das quadras foi uma decisão difícil que demorou para ser tomada”, disse ele na mensagem, enquanto desfilavam imagens de grandes momentos de sua carreira.

 

Recordes na carreira

Rafael Nadal já tem gravado com letras maiúsculas seu nome na história do tênis. Foram ao total 92 títulos até agora na carreira, sendo 22 de Grand Slams. E 36 masters 1000. Em Jogos Olímpicos foram duas medalhas de ouro, a primeira no torneio de simples em 2008 e a segunda nas duplas, em 2016 no Rio de Janeiro. O espanhol ficou 209 semanas como número 1 do mundo e teve uma incrível sequência de 81 vitórias no seu piso preferido, o de terra batida.  

Outra marca que o faz ser um gigante das quadras: um recorde de 912 semanas seguidas no TOP 10 mundial, de 25 de abril de 2005 a 19 de março de 2023

Mas foi no saibro parisiense que deixou sua marca mais impressionante e admirável: foram 14 troféus de campeão do torneio de Roland-Garros, um recorde que dificilmente será superado pelas futuras gerações.

Seu último título em Paris foi em 2022 contra o norueguês Casper Ruud. Apesar de lutar contra o espanhol que tinha seu pé dolorido e sob anestesia, o norueguês entrou para a lista das vítimas de Nadal na terra batida parisiense.

Este ano, no Aberto da França, Nadal tentou mais uma vez, fiel à sua obstinação. Mas com o físico diminuído, foi derrotado logo na estreia por Alexander Zverev por 3 sets a 0. O espanhol ainda voltou ao saibro parisiense em julho para os Jogos Olímpicos, mas também não brilhou. Perdeu para Djokovic na segunda rodada do torneio de simples. Nas duplas, ao lado de Carlos Alcaraz, caiu nas quartas-de-final.  “Espero vê-los de novo, mas não sei”, afirmou aos torcedores.

O adeus ao complexo esportivo de Roland-Garros que o consagrou não foi tão glorioso, mas jamais vai ofuscar sua trajetória.

Rafael é o segundo maior tenista da história em número de títulos de Grand Slams, só perdendo para Novak Djokovic, que tem 24, mas com dois a mais que um de seus maiores rivais em quadra, o suíço Roger Federer, que se aposentou das quadras há dois anos, tendo conquistado 20 troféus.

Em janeiro de 2022, ele se tornou com Djokovic o segundo tenista da era Open, que começou em 1968, a ganhar pelo menos duas vezes um dos troféus dos 4 Grand Slams do circuito.

Foi do suíço, uma das reações mais rápidas ao anúncio de Nadal. Federer, por meio das redes sociais. No Instagram, escreveu: Parabéns, Rafa pela icônica carreira, mostrando momentos que permearam a carreira dos dois atletas.

Nadal disputou alguns dos jogos mais memoráveis da história do tênis, entre elas a final de Wimbledon contra Federer, que venceu após 4h48 minutos de um combate intenso, erguendo o primeiro de seus dois troféus do torneio londrino.

O sérvio Novak Djokovic, que formou com Nadal e Federer o “Big 3”, e juntos dominaram o circuito de tênis profissionais por mais de duas décadas, também reagiu cobrindo o adversário das quadras de muitos elogios. Em seu post, lembrou que Rafa “inspirou milhões de crianças a jogar tênis e que só ele sabe o quanto trabalhou para se tornar um ícone do esporte e do tênis em geral”. “Teu legado será eterno”, escreveu o sérvio, que prometeu estar em Málaga para ver de perto seus últimos combates.

Para o tenista marroquino Younès El Aynaoui, que chegou a ser o 14° do ranking mundial, Rafael não poderia ter deixado uma melhor imagem: "Acho que ele realmente deu o melhor exemplo que um jogador de tênis poderia dar na quadra. Nunca o vimos discutir com os árbitros como a gente vê agora, ou mesmo quebrar a raquete. Além disso, há o seu espírito de luta... era quase irritante vê-lo vencer Roland-Garros tantas vezes. Todos nós estávamos esperando para ver quem poderia vencê-lo", disse o ex-tenista.

"E era realmente isso: trabalho duro, preparo físico, determinação, nunca desistir. Em uma partida, ele teve que enfrentar um jogador como Roger Federer, que era oposto dele, muito talentoso. E Nadal, você percebia que foi por meio de trabalho duro que ele conseguiu chegar onde chegou. Então, acho que é isso. É trabalho duro, seriedade e concentração. Não acho que haja nenhum ponto negativo em sua carreira", afirmou. 

Rafael Nadal receberá ainda muito mais homenagens na sua despedida das quadras. Seu último combate na Copa Davis será entre os dias 19 e 24 de novembro.

Oito países vão disputar a final, entre eles a Espanha, com quem Nadal ergueu seu primeiro troféu na Davis em 2004. Vinte anos depois, vai encerrar a carreira diante de seu público e um último adeus para todos os seus milhares de fãs pelo mundo.