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Notícias e entrevistas sobre futebol, tênis, vôlei, Fórmula 1... Espaço aberto para a cobertura exclusiva dos grandes torneios franceses e europeus. Destaque para a atuação dos atletas brasileiros na Europa.
Novo fenômeno do tênis, João Fonseca diz: “o mais importante é saber lidar com a pressão”
19 January 2025
Novo fenômeno do tênis, João Fonseca diz: “o mais importante é saber lidar com a pressão”

O brasileiro João Fonseca seduziu as arquibancadas do Aberto da Austrália, arrancou elogios de grandes astros do esporte e, aos 18 anos, se confirma como a nova esperança para o tênis brasileiro voltar a brilhar no circuito mundial.

João Fonseca vinha de uma sequência impressionante de 14 vitórias consecutivas, só interrompida na última quinta-feira (15), quando o carioca caiu diante do italiano Lorenzo Sonego, na segunda rodada do torneio australiano, que ficará na sua história como o primeiro Grand Slam disputado da carreira na chave principal.

Embalado pela conquista do troféu de campeão do Next Generation ATP Finals, no final de 2024, em Jeddah, e do Challenger de Canberra no início do ano, João derrotou três adversários no torneio classificatório para entrar na chave principal do Aberto da Austrália.

E logo na estreia, mostrou porque se tornou a grande sensação do tênis atual: derrotou nada menos que o número 9 do ranking, o russo Andrey Rublev por 3 sets a 0 (parciais de 7-6, 6-3 e 7-6).

Suas façanhas recentes e as imagens da vitória contra Rublev viralizaram nas redes sociais, e os grandes astros do tênis se renderam à evidência: o brasileiro fez uma entrada gigante e estrondosa no circuito profissional.

O espanhol Carlos Alcaraz, atual número 3 mundial, declarou: "O que posso dizer? Simplesmente incrível. A maneira como ele jogou sua primeira partida de Grand Slam contra seu primeiro adversário do top 10 é incrível", disse. "A forma como ele abordou o jogo, como administrou tudo, os nervos, o jogo em geral, foi fantástico", acrescentou Alcaraz. "Vamos colocar o nome de João Fonseca na lista dos melhores do mundo em breve”, previu.

Novak Djokovic admitiu que tem acompanhado o início dessa carreira promissora. "Tenho acompanhado seu crescimento e gosto como ele joga os pontos importantes. Corajoso, bate bem na bola, cobre toda a quadra. Acho que o Brasil não tem um jogador desse calibre desde Guga Kuerten”, afirmou o tenista campeão de conquistas de Grand Slams.  

Na quinta-feira, João Fonseca lutou muito, foram mais de três horas de uma maratona intensa na quadra até ser eliminado por Lorenzo Sonego por 3 sets a 2 (parciais de 7-6, 3-6,1-6, 6-3, 3-6). Ao final da partida, ele justificou a derrota pelo nervosismo desde o começo do jogo e pela falta de experiência.

“Estava nervoso desde o começo do jogo, segunda rodada, expectativas altas. Eu não era o favorito, mas tinha chances de ganhar o jogo. O nervosismo não me deixou jogar. Não consegui jogar meu melhor tênis, jogar solto. Mas fiquei feliz com a forma que lutei e com a minha postura”, avaliou.

Com muitos holofotes voltados para seu desempenho, o brasileiro, listado pela própria ATP como um dos cinco nomes a serem observados durante o torneio australiano, passou a viver sob a pressão de ser uma nova promessa mundial do tênis, condição que ele diz estar aprendendo a conviver, graças a todo suporte que tem dentro e fora das quadras.

 

“É uma coisa difícil (a pressão), mas acho que a vida vai te ensinando. Acho que no tênis, em qualquer esporte, você tem que se tem a responsabilidade. Você crescendo no ranking, vai criando mais. É visibilidade. Graças a Deus eu tenho uma família muito boa, treinadores que me ajudam a ter a cabeça firme com essa mídia toda, com essa expectativa, seguir fazendo meu trabalho, minha rotina, quietinho. É sem pensar muito no que as pessoas estão falando e, sim manter a cabeça firme. Mas é difícil, né? Acho que qualquer pessoa sente pressão, e o mais importante é saber lidar com ela”, afirmou.

João Fonseca teve nas arquibancadas de Melbourne o apoio constante de uma torcida vibrante. Brasileiros com camisetas da Seleção e agitando bandeiras davam forças para a nova sensação do tênis do país.

“Só tenho que agradecer, de verdade. Até arrepiava quando a torcida ia à loucura. Ser brasileiro é uma coisa sensacional. Eu sou, de verdade, muito grato de representar esse país, é maravilhoso. De coração mesmo, é só agradecer a torcida por ter comparecido, por dado suporte e agora é seguir trabalhando para cada vez mais representar melhor o nosso país”, afirmou na entrevista coletiva após a derrota.

 

O tenista prodígio, atualmente no 112 colocação do ranking, se tornou também um fenômeno fora das quadras, já que suas vitórias e desempenho se traduziram também na conquista de milhares de fãs em poucas semanas. Só no Instagram, sua conta acumula agora 685 mil seguidores e a tendência, é crescer.

Os próximos desafios de João Fonseca são o Challenger de Quimper, no oeste da França, e depois integrar a equipe brasileira que vai enfrentar os franceses pela Copa Davis.

* Colaboração de Arthur Frand, de Melbourne.

Cadu Sachs e Gonçalo Guerreiro estão entre os líderes no Rally Dakar 2025
12 January 2025
Cadu Sachs e Gonçalo Guerreiro estão entre os líderes no Rally Dakar 2025

A dupla formada pelo navegador brasileiro Cadu Sachs e o piloto português Gonçalo Guerreiro tem se destacado no Rally Dakar 2025, ocupando a segunda posição na classificação geral da categoria Challenger após cinco etapas. A primeira metade da competição foi marcada por consistência, estratégia e superação de desafios, incluindo condições exigentes de navegação e imprevistos no percurso. 

Com uma estratégia focada em regularidade e preservação do veículo, a dupla conseguiu se manter entre os líderes da competição, mesmo enfrentando contratempos como furos de pneus e momentos de tensão nas dunas sauditas. Após um dia de descanso, na sexta-feira (10), eles voltaram para a segunda metade do rally, que promete ainda mais desafios nas areias do deserto saudita.

Para o navegador brasileiro Cadu Sachs, 28 anos, que participa de seu quarto Dakar, o desempenho consistente da equipe até agora é fruto de uma combinação de estratégia e entrosamento. “Estamos fazendo uma prova muito regular. Nos primeiros dias, mais de estrada, conseguimos impor um bom ritmo, largando de uma posição favorável devido à classificação do prólogo. Fizemos etapas limpas, e isso foi essencial para nos mantermos no pelotão da frente”, explicou o navegador na entrevista à RFI. 

Cadu Sachs também destacou a maturidade de seu parceiro, o piloto português Gonçalo Guerreiro, 25 anos, estreante na competição. “Apesar de jovem, Gonçalo tem uma cabeça muito boa para esse tipo de prova. Ele sabe poupar o carro e entender os momentos de forçar, o que faz toda a diferença em um rally como o Dakar.”  

A navegação, segundo Cadu, tem sido especialmente desafiadora nesta edição do rally considerado mais difícil do mundo.

“Praticamente todos os dias encontramos trechos que geram dúvidas, pontos onde precisamos procurar o caminho certo. Mas, no geral, estamos saindo bem, com boas escolhas e um bom entrosamento no carro.” 

Momentos críticos

Um dos momentos mais críticos para a dupla da Red Bull Off-Road Jr Team ocorreu no segundo dia, no início da longa etapa de 48 horas, que começou em Bisha, quando um pneu destalonou, ou seja, saiu da roda. “Chegamos um pouco rápido em uma duna cortada e acabamos aterrissando em outra. Isso destalonou um pneu. Foi o momento mais tenso e desafiador. Mas tivemos sorte, não houve danos ao carro. Fizemos uma troca boa e seguimos a etapa”, explicou.

No dia de descanso, na sexta-feira, a prioridade foi recarregar as energias e revisar o carro com os técnicos da equipe. “Conseguimos descansar bem, dormir e tomar um banho decente após noites frias na etapa maratona. Enquanto isso, os mecânicos estão fazendo um trabalho excelente, trocando peças e revisando o carro. Estamos acompanhando tudo e já nos preparando para os próximos dias”, contou.

Sobre a segunda metade do rally, que começou a partir deste sábado com 605 km de especial, entre Hail e al-Duwadimi, Cadu enfatizou a importância de manter a mesma estratégia. “Queremos fazer uma prova com cabeça, colocando um bom ritmo, mas poupando o carro. Ainda temos oito etapas pela frente, com muita areia, que será o grande desafio dessa semana.”

Pressão "boa"

Desde o início do rally, Cadu Sachs destacou a importância de estar nas primeiras posições para conseguirem terminar a prova no pódio. Mesmo na vice-liderança, conquistada nesta etapa inicial do rally, o brasileiro vê a posição como uma forma de pressão positiva.

“É uma pressão boa. Estamos no topo desde o início, e a ideia é manter isso. O importante é estarmos tranquilos dentro do carro e fazer nossa parte, e a equipe também. Tem um pouquinho mais de pressão nessas primeiras posições, mas isso é bom.”

Apesar da concentração no desempenho na prova, Cadu adotou o hábito de postar regularmente imagens da competição, mencionando a importância das redes sociais para manter os fãs informados, já que “o público no Brasil acompanha bastante". "Tento atualizar sempre que possível, apesar das dificuldades com a internet nos acampamentos. É uma forma de compartilhar o que está acontecendo e sentir o apoio da torcida, que é muito bem-vindo.”

Brasileiro Lucas Moraes está entre os favoritos ao título do Rally Dakar 2025
04 January 2025
Brasileiro Lucas Moraes está entre os favoritos ao título do Rally Dakar 2025

Foi dada a largada na última sexta-feira (3) do Rally Dakar 2025, a 47ª edição do rally raid mais difícil e badalado do mundo, e que abre a temporada do campeonato Mundial. São mais 800 competidores no total, representando 70 países. Nesta lista, há apenas cinco brasileiros: os três pilotos; Marcos Moraes e seu filho Lucas, e Marcelo Gastaldi, além de dois navegadores; Maykel Justo e Cadu Sachs.

Neste sexto ano consecutivo do Dakar na Arábia Saudita, os organizadores prepararam um percurso de quase 8 mil quilômetros pelo deserto saudita (7.753km) sendo 12 etapas, além do prólogo, realizado na sexta-feira, que não contou pontos, mas definiu as posições de largada dos competidores.

Pela primeira vez, o Brasil tem um nome entre os favoritos. Lucas Moraes, de 35 anos, na categoria Ultimate T1+, para carros. Líder da equipe Toyota Gazoo Racing (TGR), Lucas Moraes pode surpreender, e quem sabe, erguer um título que o Brasil nunca conquistou.

Na sua primeira participação, em 2023, ele ficou em terceiro lugar, causando boa impressão e apenas atrás do campeão Nasser al-Attiyah, do Catar, e o francês Sébastien Loeb, duas referências no rally mundial.

Na edição passada, um problema mecânico na penúltima etapa o afastou do pódio, mas o resultado da estreia e os últimos resultados de 2024, que o fizeram terminar em 3° lugar no mundial de rally, o credenciam como um dos favoritos nesta edição.

Pela segunda vez, Lucas Moraes tem navegador o espanhol Armand Monleón como parceiro. A dupla terminou o prólogo na oitava posição.

Outros brasileiros também competem na categoria Ultimate, considerada a “Fórmula 1 do rally”, na categoria. O piloto Marcelo Gastaldi, que tem como navegador o francês Adrien Metge, da equipe Century Racing, ficou em 20° no prólogo. Um pouco depois na 33 ª posição ficou a dupla 100% brasileira da Marcos Moraes e o navegador Maykel Justo, Overdriving Racing.

Outro navegador brasileiro no Dakar este ano é o paulista Cadu Sachs, de 28 anos. Campeão do Rally dos Sertões em 2023 e segundo no ano passado, ao lado do piloto Marcelo Gastaldi, o piracicabano migrou para a equipe da Red Bull OFF-Road Junior Team e este ano compete na categoria Challenger, de veículos leves, ao lado de outro talento recrutado pela equipe, o português Gonçalo Guerreiro, de 24 anos.

Os dois se conheceram no Marrocos e engataram uma parceria para o Dakar onde competem com um Taurus T3 MAX. No prólogo, terminaram na segunda posição, com apenas 4 segundos de diferença de outra dupla da Red Bull OFF Road, Corbin Leaverton e Taye Perry.

Cadu Sachs tem um histórico positivo no Dakar, foi o sétimo na competição passada, por isso, se considera muito mais confiante no deserto saudita nesta edição e otimista com o novo companheiro de equipe. “Nosso objetivo é dar o nosso melhor e temos condições de fazer um belo Dakar, tanto em termos de navegação quanto em termos de pilotagem. O conjunto é bom e a meta é disputar as primeiras posições”.

O piloto também comentou da participação dos brasileiros na competição, que ainda buscam um título inédito para o país no rally mais famoso do mundo.

“O histórico do Brasil no Dakar tem sido muito positivo. O caminho começou lá atrás e nos últimos oito anos as participações foram muito expressivas em várias categorias, com muitos pilotos ganhando várias etapas. É muito legal ver os brasileiros se destacando”, afirma.

O Rally Dakar 2025 termina no próximo dia 17 de janeiro com a chegada da 12ª etapa na cidade de Shubaytah.  

Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris 2024 foram sucesso de público e de organização
29 December 2024
Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris 2024 foram sucesso de público e de organização

Cenários de tirar o fôlego, quebra de recordes, polêmicas e uma animação contagiante e inesperada por parte do público francês. A Olimpíada de Paris foi aclamada como o evento esportivo mais espetacular de todos os tempos. E ficou dentro do orçamento de € 4,5 bilhões, segundo o balanço divulgado pelo presidente do Comitê Organizador, Tony Estanguet. 

Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris

"Foi um grande desafio levantar todo esse dinheiro graças a 84 empresas que financiaram 95% do projeto, além da bilheteria, pois batemos um recorde histórico do número de espectadores, o que permitiu arrecadar muitos recursos e ainda sobrou dinheiro para investir no esporte: cerca de € 27 milhões", disse Estanguet. 

De acordo com os organizadores, Paris 2024 registrou o recorde histórico de 9,5 milhões de ingressos vendidos, quebrando a marca estabelecida em Atlanta 1996, de 8,3 milhões de ingressos.  A arrecadação da bilheteria alcançou € 1 bilhão 333 milhões, muito mais do que o esperado. 

Tudo começou com uma façanha: o inédito desfile de delegações no rio Sena, debaixo de chuva. Cerca de 7 mil atletas participaram da primeira cerimônia de abertura fora de um estádio. A bordo de 85 barcos, eles percorreram a capital francesa ao longo de seis quilômetros, diante de 320 mil espectadores. 

A cerimônia itinerante organizada pelo diretor artístico Thomas Jolly durou quase quatro horas e valorizou o patrimônio francês. O espetáculo foi visto por mais de um bilhão de espectadores que acompanharam pela TV, em todo o mundo, e contou com estrelas do pop mundial, como Lady Gaga e a francesa Aya Nakamura. 

Do alto da Torre Eiffel, iluminada por milhares de luzes e ostentando os anéis olímpicos, a cantora canadense Céline Dion interpretou O "Hino ao Amor", de Édith Piaf.

Pira olímpica sem fogo

A pira olímpica de Paris foi acesa nos Jardins das Tuilleries, no centro da capital francesa e virou ponto de visitação. No formato inovador de um balão, a pira de 30 metros de altura permaneceu acesa 24 horas por dia durante os Jogos Olímpicos graças a outra novidade: a chama, na verdade um efeito de luz em contato com vapor d'água. A cada anoitecer, ela subia aos céus de Paris para um “voo" de quatro horas, ao lado do Museu do Louvre.

Dar destaque aos monumentos parisienses foi um objetivo alcançado com sucesso. A exemplo da arena, aos pés da Torre Eiffel, cenário perfeito para coroar as brasileiras Duda e Ana Patrícia, campeãs olímpicas do vôlei de praia. 

"Eu acho que a gente ainda não sabe nem o que a gente está sentindo. É muita coisa ao mesmo tempo, só estamos sentido o peso no pescoço. Eu brinquei com a Duda que é o peso do trabalho que dá para ganhar uma medalha", disse Ana Patrícia, em entrevista à RFI. Já Duda falou sobre a rivalidade com a dupla do Canadá. "Todas as nossas finais importantíssimas foram contra o Canadá e que destino, né? Não sei o que descrever, mas deu certo", comemora.   

Também foi diante da torre Eiffel, que o brasileiro Caio Bonfim conquistou a prata inédita para o país na prova da marcha atlética de 20 km. 

A Esplanada dos Inválidos sediou as disputas de tiro com arco e a chegada da maratona. Outro marco do evento foi a enorme estrutura com diversas arenas montadas no entorno do milenar obelisco de Luxor, que agradou aos milhares de espectadores dos esportes radicais, na praça da Concordia.

Foi lá que a maranhense Rayssa Leal, a Fadinha, conquistou a medalha de bronze no skate street feminino. E Augusto Akio, o "Japinha", faturou o bronze no skate park. 

Enquanto não longe dali, no Campo de Marte, o Brasil fazia história com o ouro na categoria peso pesado do judô para a brasileira Beatriz Souza. "É inexplicável, um sentimento que não têm palavras, eu estou extremamente feliz com tudo o que eu fiz no dia de hoje,  é inexplicável", disse. 

Heróis franceses

No mesmo dia, na mesma arena, o judoca francês Teddy Riner conquistou o seu terceiro título olímpico individual. Escolhido para acender a pira olímpica em Paris, ao lado da corredora Marrie-José Pérec, Riner foi um dos heróis nacionais desta edição dos Jogos Olímpicos. 

Além dele, outro nome fez os franceses voltarem a sonhar. O nadador Léon Marchand, apontado como sucessor de Michael Phelps e novo ídolo do esporte nacional, conquistou quatro medalhas de ouro e uma de bronze na piscina da Arena La Defense.

Depois de muitas críticas, na fase de preparação, o entusiasmo inesperado dos torcedores franceses com os Jogos Olímpicos surpreendeu atletas e organizadores, ajudando a esquecer o momento político difícil que o país enfrentava, a espera da indicação de um primeiro-ministro, o que só aconteceu depois da "trégua olímpica", imposta pelo presidente. 

Rebeca, rainha

Em Paris, o Brasil conheceu sua rainha. O time feminino de ginástica artística disputou a prestigiosa final por equipes dos Jogos Olímpicos, conquistando um terceiro lugar inédito por equipe.

Mas um nome entraria para a história: Rebeca Andrade, 25 anos, quatro medalhas em Paris, homenageada no pódio por ninguém menos do que a americana multicampeã Simone Billes, que voltou a competir após uma temporada afastada.

Biles e sua compatriota Jordan Chiles se curvaram no pódio diante de Rebeca Andrade que, com uma apresentação brilhante, levou o tão esperado ouro no solo. "Eu estou muito feliz e orgulhosa de todas as minhas apresentações, de todos os dias. Eu estou muito feliz de estar voltando para o Brasil com o ouro que os brasileiros mereciam muito e eu queria muito também", disse Rebeca à RFI.

Com uma técnica impecável, ela se tornou a atleta que mais conquistou medalhas olímpicas para o Brasil em todos os tempos, somando seis condecorações. "Realmente, o esporte é muito difícil, mas para você ser a melhor você tem que trabalhar muito. Então, que bom que é difícil porque quando você sobe no pódio, não tem alegria maior do que levantar essa medalha e mostrar para todos vocês o orgulho que eu estou sentindo de representar todo o meu país, representar os meus treinadores e me representar também. Foi uma honra gigantesca", conclui Rebeca.

Sena banhável

Após um adiamento por nível de poluição acima do limite, as provas de triatlo finalmente foram realizadas no rio Sena. Na maratona aquática, a brasileira Ana Marcela lutou até o fim, terminando em quarto lugar.   

Outro destaque foi Isaquias Queiroz, que conquistou sua quinta medalha olímpica ao ficar com a prata na categoria C1 1000m da canoagem de velocidade.

Para tornar o rio Sena, que atravessa Paris, e o seu maior afluente, o Marne, banháveis para os Jogos Olímpicos, e posteriormente, para o público, os governos francês e da região Île-de-France investiram o equivalente a R$ 8,4 bilhões. Mais um legado para a capital francesa. 

Ao longo do evento, os jornais destacaram os sucessos alcançados, principalmente a segurança durante os dias de competições e o funcionamento dos transportes públicos, que estavam entre os maiores temores dos franceses antes das Olimpíadas começarem.  

No quadro de medalhas, o Brasil ficou em 20° lugar, com 20 medalhas conquistadas: três ouros, sete pratas e dez bronzes. Os Estados Unidos lideraram o placar, com 126 medalhas, seguidos por China e Japão.  

Jogos Paralímpicos

Após um intervalo de duas semanas, os Agitos, posicionados no Arco do Triunfo, simbolizavam o início dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, uma oportunidade para pôr em evidência a falta de acessibilidade da capital francesa, como a falta de elevadores nas antigas estações de metrô. 

A cerimônia de abertura aconteceu na Praça da Concórdia, com desfile de 164 delegações e mais de 4 mil atletas, em um espetáculo sobre a inclusão. A começar pelos artistas convidados, como o francês Lucky Love, nascido sem o braço esquerdo. 

O Brasil teve representantes em quase todas as modalidades, com a maior delegação desde a Rio 2016. 

Gabrielzinho foi destaque brasileiro

Gabriel Araújo, o Gabrielzinho da natação, foi um dos porta-bandeiras e desde a sua chegada a Paris conquistou muitos admiradores. Com 1,21 m de altura, mas um gigante na raia, ele foi um dos principais destaques da competição, conquistando três ouros, e fazendo o hino brasileiro ser ouvido na piscina. 

O mineiro, que nasceu com má formação nos braços e pernas foi destaque da imprensa internacional. Em entrevista à RFI, ele celebrou esse momento.  "Muito tranquilo, muito feliz sempre, sorriso no rosto, levando alegria onde passa, e aqui na França eu vi que estou no caminho certo, que é transmitir alegria para todo mundo, que contagiou toda essa galera. Então, fico muito feliz e é uma honra para mim toda essa energia positiva", disse. 

Dobradinha no atletismo

O Brasil também brilhou no atletismo, conquistando, logo na estreia, uma dobradinha no pódio dos 5000 m masculino na categoria T 11, para atletas com deficiência visual no Stade de France, em Saint-Denis, subúrbio norte de Paris.

O mato-grossense Yeltsin Jacques, um dos favoritos na modalidade, ficou com o bronze e o paulista Júlio César Agripino quebrou o recorde mundial da prova. "Para mim foi sensacional. Eu fiquei muito agradecido a toda a minha equipe porque foi um título inédito, foi um recorde sensacional que a gente precisava e a gente trabalhou muito", disse à RFI Brasil.   

Quatro dias depois, Júlio César Agripino e Yeltsin Jacques disputaram novamente juntos os 1500m da classe T11 para deficientes visuais e alcançaram mais uma vitória, só que desta vez trocaram de lugar no pódio. Agripino levou o bronze e Yeltsin ficou com o ouro, batendo o próprio recorde mundial. "Levar um pedacinho da torre Eiffel para o Brasil, levar um pedacinho da torre para a gente. Estou muito feliz de estar levando esta medalha e levar esse orgulho para o Brasil", disse.  

A equipe brasileira de goalball bem que tentou. O ouro não veio, mas a equipe ficou com o bronze em Paris, neste esporte paralímpico baseado na percepção tátil e auditiva, em que os jogadores utilizam uma venda nos olhos. 

Outro ponto alto dos Jogos Paralímpicos para o Brasil foi o ouro da paulista Alana Maldonado, na final para mulheres até 70 kg do judô. "Só gratidão, primeiramente a Deus, é muita emoção estar vivendo isso novamente, muito obrigada a todos os envolvidos, é um time muito grande por trás disso e essa medalha não é só minha", disse em entrevista à RFI. 

O Brasil obteve 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes, em um total de 89 pódios nos Jogos Paralímpicos de Paris, o melhor desempenho na história da competição. 

Foi a primeira vez que o país ficou no Top-5 no quadro de medalhas, atrás apenas da China, Estados Unidos, Reino Unido e da Holanda. 

Além de lembranças memoráveis, as competições deixaram várias lições entre os torcedores, que saíram transformados dessa experiência.  "Me impressiona o fato de eles terem algumas deficiências e não se deixarem levar por isso, sempre buscarem a excelência, um esforço a mais, coisa que a gente, às vezes no dia a dia, não faz. Eu tiro o chapéu e saio daqui com uma lição aprendida. Eles me deram uma lição importante para a vida", disse um torcedor.   

Encontro marcado, então, daqui há quatro anos em Los Angeles. 

As conquistas de Vinícius Jr. e de outros brasileiros no prêmio The Best da Fifa
22 December 2024
As conquistas de Vinícius Jr. e de outros brasileiros no prêmio The Best da Fifa

O Brasil voltou ao topo do futebol mundial com a escolha de Vinícius Jr. como o melhor jogador de futebol da temporada. O troféu foi um dos mais aguardados na cerimônia The Best da Fifa, realizada na última terça-feira (17) em Doha, no Catar. Muitos outros prêmios foram distribuídos em várias categorias, entre eles, os de melhores treinadores, melhor jogadora, goleiro e goleira, gols mais bonitos da temporada 2023/2024 e até torcedor do ano.

Os holofotes estiveram todos voltados para Vinícius Jr., anunciado como vencedor do cobiçado troféu por Gianni Infantino, presidente da Fifa. Foi ele quem acolheu o atacante do Real Madrid e da seleção brasileira no palco.

"Não sei nem por onde começar. Era tão distante que parecia impossível chegar até aqui. Eu era uma criança que só jogava bola descalço nas ruas de São Gonçalo, perto da pobreza e do crime. Chegar aqui é muito importante para mim. Estou fazendo por muitas crianças que acham que tudo é impossível e que acham não podem chegar até aqui. Tenho de agradecer a todo mundo que votou em mim, todos os jogadores, treinadores, jornalistas e meus fãs. (...) Agradecer a todos os jogadores da Seleção Brasileira e ao meu país, que vem torcendo por mim e me dando muita força para seguir na minha luta", disse Vinícius Jr. 

 

 

Fim do jejum

Vinícius Jr. tinha apenas sete anos, quando o último brasileiro antes dele, Kaká, levantou o troféu de melhor do mundo, em 2007. Antes de Kaká, já tinham conquistado o prêmio Ronaldinho Gaúcho (2005 e 2004), Ronaldo “Fenômeno” (2002, 1997, 1996), Rivaldo (1999) e Romário (1994).  

Vini Jr. quebrou um longo jejum, de 17 anos, e agora vê recompensado o trabalho realizado ao longo de uma temporada em que foi fundamental para a conquista de vários títulos com Real Madrid: além de campeão da Liga espanhola, o clube merengue venceu a Super Copa da Espanha e ergueu o troféu da Liga dos Campeões, competição na qual Vini Jr. foi o eleito o melhor jogador. Os números dele com a camisa 7 impressionam: foram 37 participações decisivas em gols, tendo anotado 26 e feito 11 assistências.

Na sua sexta temporada no clube madrilenho, o brasileiro brilhou dentro de campo, mas não foi suficiente para conquistar outro troféu de prestígio, a Bola de Ouro, da revista francesa France Football. A premiação, em outubro, foi vencida pelo espanhol Rodri do Manchester City, figura-chave da conquista da Eurocopa pela Espanha. O segundo lugar do brasileiro revoltou a direção do Real Madrid, que boicotou a cerimônia da Bola de Ouro em Paris, e desencadeou uma avalanche de críticas mundo afora.

O prêmio da Fifa, escolhido por votos de torcedores, jornalistas e treinadores e capitães de equipes nacionais, inverteu a ordem. Rodri ficou em segundo, à frente de Bellingham do Real Madrid, e Vinícius Jr. foi consagrado o vencedor. 

Por isso, muitos especialistas, como o comentarista do programa Rádio Foot Internacional da RFI, Nahïm Moniolle, consideram que o prêmio The Best da Fifa corrigiu uma grande injustiça. “Ele deveria ter ganhado o Bola de Ouro este ano e Rodri deveria ter ganhado no ano passado. O prêmio a Vini Jr. é lógico e recompensa a temporada dele com o Real Madrid assim como Ancelotti e outros. Certamente equilibra com o Bola de Ouro que deveria ter ido para ele. Mas tenho muito pouca afeição por esse tipo de premiação.” 

Outras premiações

Nos últimos anos, prêmios como The Best da Fifa e o Bola de Ouro têm levantado muitos questionamentos em relação aos critérios de escolha e a atribuição aos vencedores, que muitas vezes geram polêmicas e contestação.

Por outro lado, as recompensas também procuram se adaptar à evolução do futebol. Este ano, a Fifa introduziu no The Best o troféu Marta, em homenagem à alagoana de 38 anos, seis vezes eleita a melhor do mundo. O prêmio de estreia atribuído ao gol mais bonito feito por jogadoras, foi vencido pela própria atleta por um gol marcado com a seleção brasileira contra a Jamaica na Arena Pernambuco. Marta não esteve presente, mas enviou um vídeo de agradecimento.

Na cerimônia em Doha, outros representantes do Brasil foram homenageados. O jogador do Internacional Thiago Maia recebeu o troféu de Fair Play, oferecido pela Fifa por atitudes exemplares dentro ou fora de campo. O volante foi recompensado por sua atuação voluntária na ajuda às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, em abril e maio deste ano.

Já o vascaíno Guilherme Gandra, de 10 anos, que sofre de uma doença genética rara que fragiliza pele, foi eleito o melhor torcedor do ano. 

Mais um surfista brasileiro entra para o 'hall da fama' do surfe em Nazaré
15 December 2024
Mais um surfista brasileiro entra para o 'hall da fama' do surfe em Nazaré

O Centro Interpretativo do Canhão da Nazaré, localizado no icônico Forte de S. Miguel Arcanjo, que testemunha as maiores ondas do planeta, recebeu uma importante contribuição para seu acervo: a prancha utilizada pelo brasileiro Ian Cosenza em algumas de suas memoráveis descidas na Praia do Norte, conhecida pelas ondas gigantescas.

Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Portugal

A inclusão da prancha do surfista carioca representa um marco significativo, consolidando a crescente influência brasileira no universo do surfe de ondas excepcionais. “É uma honra pra qualquer surfista estar ali no museu, ter sua prancha, ter seu nome gravado num lugar tão importante para o cenário do Big Surf. Poder representar o Brasil nessas ondas grandes é um prazer enorme", declarou Cosenza em entrevista exclusiva à RFI.

A escolha da prancha de Ian Cosenza não simboliza apenas conquistas individuais, mas também a crescente força do surfe brasileiro no cenário internacional. A peça escolhida para o museu foi utilizada em momentos cruciais de sua trajetória em Nazaré, onde ondas colossais, ultrapassando os 30 metros de altura, desafiam os limites da coragem e a habilidade dos atletas.

Para Cosenza, o impacto vai além do reconhecimento pessoal. "Sei que os brasileiros são apaixonados por surfe, independente do tamanho da onda. A galera lá no Brasil gosta muito de estar surfando. Dificilmente, você vai ver um pico quebrando sozinho, sem ter ninguém dentro d’água”, destaca o carioca. Essa paixão, segundo ele, é um elemento fundamental que impulsiona a cena brasileira do surfe e a coloca em destaque em todo o mundo. A doação da prancha para o museu, inclusive, ficou marcada como um momento especial. "Eles me ligaram e falaram que eu tinha pego uma das maiores ondas do mundo com uma prancha de madeira e gostariam muito que aquela prancha fosse exposta no farol”, recorda o atleta.

Nazaré: a busca pela perfeição

A Praia do Norte, em Nazaré, é um teste de resistência física e mental. As ondas gigantescas exigem uma preparação impecável, que envolve condicionamento físico extremo, estratégia e, acima de tudo, coragem inabalável. Cosenza descreve a experiência como um processo holístico. "Nazaré não é um lugar para principiantes, e ao longo dos anos a gente vai descobrindo isso", observa o surfista.

Desafiar os paredões de água com equilíbrio exige muito trabalho físico, mental e dedicação, tanto com a equipe quanto com os equipamentos. "Costumo dizer que para você surfar em Nazaré, é preciso estar com todas as suas engrenagens em perfeita harmonia: físico, mental, equipe, equipamento e talento”, explica Cosenza.

Essa busca pela perfeição, pela sincronia entre o atleta, seu equipamento e sua equipe, é um dos fatores que definem o sucesso em Nazaré e que a prancha de Cosenza no Museu do Surfe representa de forma tão contundente. Um dia específico, em outubro de 2020, permanece na memória de Cosenza como um marco na sua carreira. Uma ligação inesperada o avisou sobre um swell gigantesco, resultando em momentos inesquecíveis, descritos por ele como "um swell do século, com as maiores ondas já vistas em Nazaré, com condições incríveis", recorda.

Um olhar para o futuro do surfe

O “Surfer Wall”, como é conhecida a parede que abriga as pranchas dentro do Forte de S. Miguel Arcanjo, hoje abriga 35 pranchas, mas tudo começou com a doação de uma prancha do surfista brasileiro Pedro Scooby. O espaço fascinante, que celebra a rica história do surfe e a profunda conexão da comunidade local com o mar, foi inaugurado em 2014 para homenagear a tradição pesqueira e os esportes aquáticos da região. Além de suas exposições permanentes, que enfatizam a cultura do surfe em ondas gigantescas, o museu promove eventos e palestras voltados para a segurança no mar e a preservação ambiental, tornando-se um ponto de referência para surfistas e amantes da cultura marítima em todo o mundo.

Walter Chicharro, ex-presidente do município da Nazaré, destacou que a ideia de homenagear os surfistas que enfrentam as ondas da Praia do Norte surgiu como uma forma de “reconhecer e celebrar os atletas que, em um verdadeiro coliseu natural, buscam a maior onda de suas vidas”. Segundo ele, a homenagem não só ressalta a coragem e o talento desses desportistas de alto rendimento, mas também posiciona Nazaré como um símbolo global do surfe de ondas grandes, atraindo atenção internacional e consolidando o local como um marco no cenário esportivo mundial.

O museu abriga uma coleção impressionante, incluindo a célebre prancha do surfista brasileiro conhecido como Alemão de Maresias, exposta desde 2019. O paranaense é um dos pilotos de segurança aquática mais reconhecidos do mundo por suas performances destemidas em Nazaré, e não esconde a felicidade pelo amigo Cosenza.

“Eu vejo essa conquista do Ian com muita alegria. Eu acho que ele é um atleta que se dedicou muito ao esporte e nos últimos anos tem se dedicado especialmente às ondas da Nazaré. Fico muito feliz. Acho que e’ uma conquista muito positiva, muito bacana não só para o Ian mas também para o surfe brasileiro”, comenta o experiente surfista e piloto de tow-in, que conhece as ondas de Nazaré como poucos.

A homenagem ao carioca é uma declaração de excelência do surfe brasileiro e uma inspiração para as futuras gerações de atletas. O museu já tem expostas peças de outros grandes nomes brasileiros, como Maya Gabeira, que fez história ao se tornar a primeira mulher a surfar uma onda de 20,5 metros, conquistando um recorde no Guinness em 2020. Sua trajetória não apenas a elevou como atleta, mas também a transformou em uma inspiração para muitas mulheres que aspiram a surfar ondas gigantescas.

Outra prancha memorável em exposição é a de Rodrigo Koxa, que surfou uma impressionante onda de 24,4 metros em 2017, quebrando o recorde mundial e garantindo seu lugar no Guinness World Records. 

Carlos Burle, um dos pioneiros do surfe de ondas grandes no Brasil, também tem sua prancha no museu. Em 2001, Burle surfou uma onda de 20,3 metros que o colocou nas páginas da história do surfe em Nazaré.

Além dos icones brasileiros do big surfe, o museu também exibe pranchas de lendas internacionais, como o havaiano Garrett McNamara e o californiano Gary Linden, reforçando seu papel fundamental na preservação da história e cultura do esporte.

A prancha de Ian Cosenza, agora imortalizada em Nazaré, demonstra a superação de limites e o constante esforço em busca da perfeição que definem o espírito competitivo e apaixonado dos surfistas de elite.

O Museu do Forte de S. Miguel Arcanjo abre diariamente de 10h às 20h (última entrada às 19h30).

‘O Instante Decisivo’: documentário revela bastidores da preparação de paratletas rumo a Paris 2024
09 December 2024
‘O Instante Decisivo’: documentário revela bastidores da preparação de paratletas rumo a Paris 2024

O documentário "O Instante Decisivo", dirigido por André Bushatsky, estreia no próximo dia 12 de dezembro. A obra, que teve apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro, será apresentada durante a premiação dos melhores atletas paralímpicos do ano em uma cerimônia em São Paulo. O filme retrata a jornada de paratletas brasileiros rumo aos Jogos de Paris 2024, explorando não apenas o esforço dos competidores, mas também o trabalho de equipes técnicas e gestores envolvidos no ciclo paralímpico. O documentário busca também inspirar pessoas com e sem deficiência a descobrir o poder transformador do esporte.

O documentário de 74 minutos é um mergulho nos bastidores do alto rendimento de atletas paralímpicos. Treinadores, gestores, fisiologistas e nutricionistas, entre outros profissionais, foram ouvidos para explicar em detalhes todos os cuidados e planejamento feitos com os atletas que buscam a excelência.

"São quatro anos de muito comprometimento, abdicando de muitos desejos, para ser realizado em segundos, para saber se deu certo aquele ciclo paralímpico. É muito treino e tem muita gente por trás para eles chegarem nos objetivos deles e que muita gente nem imagina”, explica o diretor. 

O título do filme, O Instante Decisivo, reflete os momentos cruciais da competição. "São quatro anos de preparação para segundos que definem tudo. Essa frase, que aparece no documentário, sintetiza bem o espírito do esporte de alto rendimento", explica Bushatsky. 

A seleção dos protagonistas

A escolha dos personagens foi um desafio à parte. André buscou mostrar a diversidade regional do Brasil e a pluralidade das modalidades paralímpicas com atletas que teriam chances de subir ao pódio. No final, a seleção focou em sete protagonistas: a lançadora Beth Gomes, do interior de São Paulo, o velocista paraibano Petrucio Ferreira, a lançadora baiana Taíssa Machado, a nadadora pernambucana Carol Santiago, o nadador Gabriel Araújo (Gabrielzinho), de Minas Gerais, a mesa-tenista catarinense Bruna Alexandre e o jogador de futebol de cegos baiano Cássio Lopes dos Reis.   

"Queríamos representar diferentes histórias e regiões. Tínhamos muitas histórias boas, mas também escolhemos quem poderia funcionar bem no roteiro do filme. Muitos tinham realmente chances de medalhas, mas tivemos que fechar para quem estava batendo recordes e com marcas para subir no pódio”, destaca Bushatsky.

O documentário termina com a Paralimpíada de Paris 2024, onde o Brasil brilhou, ficando em 5° na classificação no quadro final de medalhas com um recorde de 89 pódios, sendo 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes.

O desempenho da delegação brasileira paralímpica dá um impulso para o documentário, que ao revelar os bastidores e preparativos de atletas paralímpicos de alto rendimento, certamente vai contribuir para inspirar muitas gerações de crianças, jovens e adultos, segundo o diretor.  

“O documentário é um produto de entretenimento, mas, ao mesmo tempo, serve para marcar um período histórico. O fato de Paris 2024 ter sido um recorde, a gente já vê mais pessoas jogando holofotes no esporte”, afirma Bushatsky.  

Depois da estreia no Sport TV no dia 12 de dezembro, o filme deve ser disponibilizado no canal GloboPlay. André Bushatsky pretende fazer uma caravana e levar o documentário para escolas e instituições que promovam a prática esportiva. 

“O filme vai passar em vários lugares e com isso eu espero que ele inspire muitas pessoas a praticar esporte, com deficiência ou sem. O legal é mostrar a importância do esporte na vida das pessoas. E histórias inspiradoras é que não faltam”, conclui o diretor.

Lille festeja 80 anos com a presença de jogadores e ex-atletas brasileiros
01 December 2024
Lille festeja 80 anos com a presença de jogadores e ex-atletas brasileiros

Clube do norte da França preparou grande festa para festejar 80 anos. A celebração foi com uma vitória de 1 a 0 sobre o Rennes pela 12 rodada do campeonato francês na presença jogadores e ex-atletas que fizeram história com o time.

Com Marco Martins, enviado especial a Lille

Em oito décadas de existência, o Lille tem uma lista de conquistas nacionais e europeias. Foram quatro títulos de campeão francês, 6 Copas da França, 1 troféu dos Campeões e cinco vezes campeão da 2ª divisão, além de um título da antiga Copa Intertoto da Uefa.

Vários jogadores brasileiros contribuíram para essa trajetória de um dos times mais populares do norte da França. O primeiro a desembarcar foi o atacante Walquir Mota, em 1992, quando o time ainda buscava um lugar na elite do futebol francês. Em seguida, outro atacante, Neném, ficou alguns meses no Lille antes da chegada do primeiro zagueiro, Rafael Schimtz.  

O catarinense de Blumenau foi um dos brasileiros que mais defendeu a camisa vermelha do clube. Rafael chegou em 2001, quando a equipe voltava à 1ª divisão, e atuou como zagueiro por quase seis anos na equipe, até 2007. “O Lille foi ao Brasil me ver jogar e uma semana depois eu já estava na França. Foi muito rápido”, recorda. “Não foi nada fácil no começo, mas tinha o objetivo de ter uma carreira brilhante. O Lille foi e é o meu time do coração”, afirma.    

Presente na festa dos 80 anos no estádio, Rafael Schimtz, já aposentado dos gramados, falou também da emoção de rever ex-companheiros e amigos que deixou no clube. “Recebi o convite e não poderia deixar de vir. Alguns jogadores fazia 20 anos que a gente não se via. E hoje, ver a potência que o clube se tornou é muito gratificante", afirma.

Assim como Rafael, Túlio de Melo foi um dos maiores nomes do Brasil no Lille, onde ficou por seis temporadas. Ele conquistou com o Lille um campeonato francês e uma Copa da França na temporada de 2010/2011 e se tornou um dos artilheiros com 40 gols em 136 jogos.

Atualmente, dois brasileiros vestem a camisa vermelha dos “dogues”, como são conhecidos os jogadores que atuam no time. O zagueiro central Alex Sandro, que chegou em 2022 e o zagueiro Ismaily. Depois de oito temporadas no Chaktior Donestk da Ucrânia, o lateral esquerdo Ismaily chegou ao Lille em 2022, tornando-se o décimo sexto brasileiro a atuar no time. Ismaily, que voltou recentemente aos treinos após se recuperar de uma lesão no joelho direito no final de agosto, também participou da celebração e comentou a boa fase do time.

Atualmente, o Lille é o quarto colocado no campeonato francês e faz bonito na Liga dos Campeões, e está na 12 colocação, com um empate, uma derrota e três vitórias, entre elas contra Real Madrid, interrompendo uma sequência de 36 jogos invictos do atual campeão da competição.

“Pode surpreender muita gente, mas isso é resultado do nosso trabalho diariamente. Estamos convencidos de que temos uma equipe forte e competitiva”, afirma.

Capitão histórico do Lille 

Entre os ex-jogadores presentes na festa dos 80 anos, o português José Fontes tem seu lugar na lista de um dos maiores nomes da história do clube. Foram 196 jogos em cinco temporadas, dois títulos nacionais, sendo o último deles, em 2021, com a faixa de capitão.

Aos 39 anos e atuando na Casa Pia, de Portugal, José Fontes se emocionou no reencontro com a cidade e o ex-clube. “Sempre é especial regressar, receber todo esse carinho e ver as pessoas querendo falar contigo. É uma cidade e um clube que eu adoro e que me marcou bastante”, afirmou.

Menos badalado que o PSG, Paris FC deve ser comprado pela família mais rica da França, dona da Louis Vuitton
24 November 2024
Menos badalado que o PSG, Paris FC deve ser comprado pela família mais rica da França, dona da Louis Vuitton

Um clube de futebol que leva Paris no nome, ostenta a Torre Eiffel no escudo e tem Raí como um de seus embaixadores. Naturalmente o que deve vir primeiro à mente é o PSG, equipe francesa de maior alcance internacional. Mas estamos falando do Paris Futebol Clube, outro time da capital, menos famoso, mas igualmente tradicional, como seu rival bilionário.

O Paris FC ganhou destaque nos jornais franceses nesta última semana por conta do interesse do clã Arnault em comprar o clube. A família é a mais rica da França e a terceira mais abastada do mundo, proprietária do grupo LVMH, que controla a Louis Vuitton, líder mundial no mercado de artigos de luxo. 

Em coletiva de imprensa, Antoine Arnault, CEO do grupo, explicou os motivos que o levaram a querer comprar a equipe e o perfil do projeto. Ele pretende levar o clube à primeira divisão do campeonato francês, a Ligue 1.

“Com certeza, há espaço para outro clube em Paris, com sua própria filosofia. Nossa proposta será diferente”, Antoine Arnault, CEO do grupo LVMH.

Para ele, o Paris FC vai levar alegria aos torcedores da capital francesa, com uma filosofia mais humana. “Pessoalmente, gosto muito da natureza familiar deste clube, e não estou dizendo que tudo permanecerá exatamente como é hoje. É claro que vamos crescer e melhorar, mas esse toque familiar, essa proximidade que temos com o público, que os jogadores têm com a equipe, que a equipe tem com o público, eu acho fantástico e é um aspecto que vamos manter e trabalhar", disse.

Segundo Arnault, esse é um projeto ambicioso, mas sem deixar de ser realista.  "O clube em si é muito sólido. É um ótimo clube da Ligue 2 no momento, e vamos tentar transformá-lo em um ótimo clube da Ligue 1”, detalha.

A compra deverá ser concluída ainda este mês, após a Assembleia Geral extraordinária marcada para a próxima sexta-feira (29), que vai aprovar o novo conselho administrativo do clube.

Parceria com a Red Bull

O objetivo inicial é estabelecer o Paris FC na elite do futebol francês e fazer dele um grande time formador de jovens talentos, revelando novos jogadores para o futebol europeu. Para isso, a família Arnault terá ao seu lado a Red Bull, que será acionista minoritária e parceira esportiva.

“Queremos construir um clube que, no final, talvez tenha 5, 6, 7 e, por que não, 8 jogadores do nosso próprio centro de formação (...) A ideia é reproduzir a fórmula que a Red Bull aplica ao Leipzig, da Alemanha. Eles assumiram o clube na quinta divisão e chegaram à Liga dos Campeões em sete anos, com esta fórmula de deixar os jovens jogadores jogarem, dar confiança a eles, fazê-los crescer e, quando ganham valor, vendê-los”, explicou Arnault.

Por meio da parceria com a Red Bull, o Paris FC poderá contar também com a experiência do ex-técnico alemão Jurgen Klopp, que comandou o Borussia Dortmund e o Liverpool, onde conquistou a Liga dos Campeões. Ele será o novo diretor-geral de futebol do grupo austríaco.

“Conversei várias vezes com Klopp, que está muito empolgado com esse projeto e com a perspectiva de vir trabalhar conosco, para nos ajudar com sua visão sobre como as coisas podem ser melhoradas ainda mais. E a Red Bull, nós vamos utilizar seu conhecimento, vamos trabalhar junto com eles. Eles também têm ferramentas de dados absolutamente revolucionárias”, conta Arnault.

De olho na elite do futebol francês

Para o Paris FC, o caminho até a elite do campeonato francês parece estar mais perto, já que o clube lidera a Ligue 2, a segunda divisão. O projeto mais modesto contrasta em muitos aspectos com o do PSG, que ambiciona o topo do futebol europeu, além de um alcance global de sua marca. Mas o “primo rico” não deixa de ser uma referência.

“O PSG é um clube para o qual torço desde os 12 anos. Fui sócio-torcedor durante muitos anos, agora sou convidado pelo meu amigo Nasser Al-Khelaïfi. Você nunca me ouvirá dizer algo negativo sobre o PSG. É um clube que admiro, que alcançou feitos extraordinários", diz o CEO do grupo LVMH. "Mesmo no dia em que estivermos na Ligue 1, torcerei pelo PSG, exceto duas vezes por ano. Acho que o que seus acionistas e o Nasser conseguiram após anos é extraordinário. Não é à toa que o PSG está entre os cinco clubes mais valiosos da Europa”, avalia.

A relação com o rival da capital francesa não para por aí. Apesar de menos conhecido, o Paris FC é uma espécie de irmão mais velho, tendo sido criado em 1969. O clube está até mesmo ligado à origem do PSG, que surgiu um ano depois, em 1970.

Além disso, os dois times compartilham a admiração de um grande nome do futebol brasileiro. Ídolo do PSG, o ex-jogador Raí é o atual embaixador do Paris FC e frequentemente marca presença nos jogos da equipe.

“Estou fazendo parte de um projeto muito ambicioso que está começando e é histórico. É o início de uma bela história”, Raí, ex-jogador brasileiro e atual embaixador do Paris FC.

Tudo indica que, em breve, Paris terá dois clubes na elite do futebol francês, com proprietários de grande poder financeiro. Agora é aguardar para ver o patamar que o projeto do Paris FC irá alcançar.

Rio de Janeiro recebe o primeiro Museu Olímpico da América do Sul: acervo expõe legado para a cidade
17 November 2024
Rio de Janeiro recebe o primeiro Museu Olímpico da América do Sul: acervo expõe legado para a cidade

Passados oito anos dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o maior evento esportivo do mundo continua rendendo frutos aos cariocas. A cidade se prepara para receber o Museu Olímpico, tornando-se a primeira da América do Sul a fazer parte da rede Olympic Museums Network (Rede de Museus Olímpicos) do COI (Comitê Olímpico Internacional). A novidade foi celebrada nessa semana no Congresso Anual das Cidades Olímpicas, em Lausanne, na Suíça.  

Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris

O novo museu Olímpico vai ocupar o andar superior do Velódromo, no Parque Olímpico, um complexo esportivo e de lazer construído para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão de 2016, na zona oeste do Rio de Janeiro. Os preparativos estão na reta final e a expectativa é de abertura no primeiro trimestre de 2025.

Em exposição, haverá muito mais do que medalhas e outras lembranças das competições, já que o acervo é um testemunho das transformações ocorridas na cidade por conta das competições. "Essa história de transformação, de superação de uma cidade do Sul global para entregar os Jogos Olímpicos, os primeiros Jogos Olímpicos e Paralímpicos da América do Sul, é uma história que merece ser lembrada e celebrada", afirma Rafael Lisbôa, consultor de comunicação da prefeitura do Rio de Janeiro para grandes eventos.

"É muito importante fazer parte dessa rede dos museus olímpicos porque a gente se conecta com outras cidades que, como o Rio, seguem inspirando por conta da realização dos Jogos Olímpicos. A gente aprende com outras cidades e troca experiências e conhecimentos", completa.

O Museu Olímpico terá um acervo com relíquias dos atletas e das competições, os melhores momentos, os medalhistas, mas também registros da cidade do Rio, outra protagonista desses Jogos Olímpicos. "Tal como um atleta, a cidade também superou seus obstáculos, venceu desafios, se preparou para poder receber o mundo e para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Então, o Museu Olímpico do Rio é sobre esportes, é sobre atletas, é sobre superação, mas principalmente sobre legado", define.   

Outros Museus Olímpicos que fazem parte deste seleto grupo estão em Montreal, no Canadá; Pequim, na China; Atenas, na Grécia; Tel Aviv, em Israel, e Barcelona, na Espanha, entre outras cidades.

O projeto permite programas educacionais e de desenvolvimento de negócios em torno do esporte, além de atrair o público e visitantes virtuais, para aumentar a promoção dos valores do olimpismo, explica Tânia Braga, head de impacto e legado dos Jogos Olímpicos junto ao COI.

"O Museu Olímpico está dentro desse contexto do Parque Olímpico do Rio, com todas as novidades que vieram nesse último ano, com a Escola Isabel Salgado, o Parque Rita Lee, a reabilitação e abertura do parque para a população. Então, é uma revitalização dessa área, completando os planos de legado que tinham sido feitos antes dos Jogos, mas cuja implementação foi interrompida por alguns anos", diz.  

A representante do COI observa que o legado físico de utilização das instalações esportivas demorou, mas foi completado recentemente. "Eu acho que é uma história que mostra a importância não só do planejamento, mas da importância de você criar alguns mecanismos de resiliência em relação à mudança política. Com a mudança de liderança política em nível municipal no Rio, a execução do plano de legado não era uma prioridade. Depois, voltou a ser. Então, demorou mais do que o esperado para executar", lamenta.  

Por outro lado, o COI elogia o exemplo carioca do ponto de vista do legado humano e educacional. "O programa de educação lançado com os Jogos continua nesses oito anos e com bastante sucesso, através de dois programas: um realizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro e o outro por uma fundação privada", diz. "A gente também tem uma visão do legado em termos de sustentabilidade em eventos que ficou", completa.  

Receber 15 mil atletas de mais de 200 nacionalidades, 30 mil jornalistas e 1,5 milhão de visitantes, em 2016, representou para o Rio de Janeiro uma oportunidade para tirar do papel projetos de infraestrutura e mobilidade. A prefeitura afirma que o legado para a cidade foi entregue antes dos Jogos, com destaque para a revitalização da Zona Portuária, a construção de 150 quilômetros de linhas de ônibus articulados BRTs, além de corredores como a Transoeste, a Transcarioca, a Transolímpica e a Transbrasil.

Outros projetos entregues são o Parque Madureira, o Centro de Operações para segurança, os reservatórios de água para conter alagamentos na região da Grande Tijuca, a duplicação do Elevado do Joá, a linha 4 do metrô, o VLT (veículo leve sobre trilhos), o saneamento da Zona Oeste da cidade, o fechamento do Aterro sanitário de Gramacho e a abertura do Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica.

"Tudo isso eram compromissos olímpicos entregues antes dos Jogos. O que ficou faltando era o plano de legado das arenas esportivas", explica Lisbôa. "Esse plano estava pronto. Só que passado o ano de 2016, uma nova administração municipal assumiu e não levou adiante o plano de legado. Ao ser reeleito em 2020, o prefeito Eduardo Paes colocou como prioridade implementar o plano de legado para as arenas esportivas", continua. "Então, a gente tem muito orgulho de ser a primeira cidade olímpica a ter transformado arenas olímpicas, estádios esportivos, em escolas", comemora.  

Legado pós-olímpico

A Arena 3, que recebeu as competições de taekwondo e esgrima, tornou-se um colégio da rede municipal para mais de mil alunos, batizado com o nome da jogadora de vôlei Isabel Salgado.  

A Arena do Futuro, sede das partidas de handebol, foi desmontada e o material usado na construção de quatro Ginásios Educacionais Tecnológicos (GETs) em Rio das Pedras, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz, beneficiando 1.700 estudantes.  

Parte da estrutura do IBC – o centro de mídia dos Jogos – foi utilizada para erguer o Terminal Gentileza (TIG), que conecta linhas de ônibus, VLT e BRT.  

A Via Olímpica, o boulevard que conectava todas as arenas no Parque Olímpico, virou o colorido Parque Rita Lee, uma área de lazer com 136 mil m². 

A Arena 2, palco das provas de judô e de luta livre, vai virar um novo campus do Instituto Federal do Rio de Janeiro. E a piscina olímpica do antigo Centro Aquático, que testemunhou a despedida do nadador americano Michael Phelps, está sendo instalada no Parque Oeste – uma herança que a prefeitura do Rio apresentou na capital olímpica e sede do COI, na Suíça.  

Inspiração para Paris 2024

"É muito interessante ver como o legado até hoje segue inspirando cidades", destaca Rafael Lisbôa, cintando alguns dos participantes do encontro ocorrido na Europa, na última terça-feira (12). "Lá estavam representantes de Sarajevo, que recebeu os Jogos Olímpicos de Inverno há 40 anos, de Saint-Louis, nos Estados Unidos, que recebeu a terceira edição dos Jogos Olímpicos de 1904, e tinha, obviamente, Paris, a última sede olímpica", relata. "Foi muito bacana ver todo o planejamento de Paris para o pós-Jogos. Paris fez transformações incríveis na cidade e agora eles têm justamente a preocupação em ampliar esse legado e mantê-lo vivo", completa.

"A prefeita Anne Hidalgo e o prefeito Eduardo Paes são muito próximos. Eles trocaram muitas ideias e experiências por conta das Olimpíadas e a prefeita Hidalgo, em várias oportunidades, destacou como a experiência olímpica do Rio era uma inspiração", diz. "Ela falou que aprendeu com o prefeito Eduardo Paes pelo menos duas lições: a primeira, tentar antecipar ao máximo tudo. E a segunda, apostar nas estruturas permanentes já existentes e o que for fazer de estrutura temporária, pensar como podem ser reaproveitadas para novos equipamentos públicos. Então, essa lição de não deixar elefante branco é algo que Paris se inspirou no Rio", afirma Rafael Lisbôa em entrevista à RFI. 

Estudo recente da Fundação Getúlio Vargas sobre o legado dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 calculou um impacto de R$ 100 bilhões na economia da cidade, com geração de meio milhão de empregos.

Quem paga a conta?

Tânia Braga, head de impacto e legado dos Jogos Olímpicos junto ao COI, admite que existam críticas em termos de custos dos Jogos Olímpicos, segundo ela, motivadas "às vezes por uma falta de conhecimento de onde vêm os recursos". Conforme destaca, "os Jogos são realizados majoritariamente com recurso privado, não público, mas, infelizmente, a percepção ainda é, em muitos locais, de que os Jogos são feitos com recursos públicos, mesmo que isso tenha sido demonstrado com dados", observa. 

Ela destaca um levantamento feito há dois anos pelo COI, sobre a utilização de todas as instalações olímpicas, desde os primeiros Jogos Modernos de Atenas, em 1896 até os Jogos de inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul, em 2018. "A gente descobriu que 83% de todas as instalações ainda são utilizadas, sendo que a percepção às vezes é um pouco diferente disso."  

No Rio de Janeiro, estudo da Fundação Getúlio Vargas apontou que a maior parte dos custos dos Jogos Rio 2016 foram de investimentos privados.

"A prefeitura procurou soluções de engenharia financeira criativas por meio de PPPs (Parcerias Público Privadas) e concessões", explica Rafael Lisbôa, consultor de comunicação da prefeitura do Rio de Janeiro. "O Parque Olímpico não teve dinheiro público, foi dinheiro privado. A Vila dos Atletas também. No campo de golfe foi dinheiro privado, então, 60% do orçamento olímpico, quem arcou foi a iniciativa privada, por meio de parcerias, de concessões, de PPPs", diz. "Os recursos públicos se deram principalmente para as obras de legado e não eram obras para as Olimpíadas, mas para a população e para a cidade", completa.

"Em relação a todos os compromissos olímpicos da cidade do Rio, foi entregue além. A gente tinha se comprometido no dossiê de candidatura com 17 projetos de legado e entregou 27", finaliza.