ELES NÃO USAM BLACK-TIE
[BRA, 1981. Dir. Leon Hirszman Drama/Histórico, Cor, 127 min.]
A fotografia é de Lauro Escorel Filho, a música de Adoniran Barbosa e baseado na peça Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri. A película foi premiada em vários festivais internacionais, com destaque para o Festival de Veneza, onde recebeu o Grande Prêmio do Júri. Em novembro de 2015, o filme entrou na lista da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.
Além de Gianfrancesco Guarnieri (o Otávio), participam do elenco atores importantes da dramaturgia brasileira, como Fernanda Montenegro (a Romana, esposa do Otávio), Milton Gonçalves (o Bráulio, operário católico), Carlos Alberto Riccelli (o Tião, operário alienado), Bete Mendes (a Maria, namorada de Tião) e Flávio Guarnieri (Chiquinho, irmão de Tião), Fernando Ramos da Silva (o Bié [Pixote], irmão de Maria), Francisco Milani (o Sartini, operário anarquista), Lélia Abramo (a mãe doente de Maria), entre outros.
O filme foi rodado na Brasilândia, periferia de São Paulo e busca retratar o universo operário através da sinuca no boteco, a cachaça, o alcoolismo, a casa rústica retratada pela cor ocre das paredes, a vilolência urbana e policial (“veraneio vascaína”), o piquenique, o cinema, a falta de infraestrura no bairro, o fusca amarelo. O filme mostra a vida de uma família operária durante a época conturbada de uma greve. O movimento paredista se inicia na empresa onde trabalha pai e filho. Tião, o operário, está preocupado com sua namorada, que engravidou, e eles decidiram se casar. Para não perder o emprego, ele resolve furar a greve, que é liderada por seu pai, iniciando um conflito familiar que se estende às assembleias e piquetes. O filme retrata a luta de classes, não dentro da fábrica, mas sim dentro do lar operário.
Hirszman e Guarnieri realçam o coletivo não como um dado absoluto, que apaga o pessoal, mas na medida em que a vida privada não está salva das ‘agressões’ da sociedade e de seus movimentos. (FALCÃO; BRUZZO; MATHEUS, 1990, p. 96)
Isto posto passemos a uma leitura e alguns questionamentos sobre o mesmo já que o debate do filme está no podcast de nº 38 da Filosofia nas Redes, e foi realizado em 03 de outubro de 2021, das 17 às 19h30min, através de plataforma digital, mediado por mim e conduzido brilhantemente pelo professor de História do Instituto Federal de Minas Gerais, Campus Ouro Preto, Daniel Diniz Barbosa, pela professora de arte Mércia Severina Vasques da Silva e pelo Francisco Carvalho, Adora Cinema, professor do curso pré-vestibular CPV (especializado em FGV) na matéria Artes e questões contemporâneas e também da rede municipal de São Paulo