Trinta e cinco horas depois ainda não sabemos o que deixou ontem a Península Ibérica às escuras durante grande parte do dia. O apagão durou mais tempo em Portugal. O incidente começa às 11.33 da manhã. Primeiro a falta de electricidade e, rapidamente, a perceção de um isolamento maior por ausência de telefone e de internet.
A dificuldade de acesso a fontes oficiais de informação deu lastro a mentiras como a de estarmos a ser alvo de um ciberataque, e adensou a desorientação prática de quem fica, por exemplo, preso no metro, ou vê desligados os semáforos. Mais uma vez muitas pessoas correram aos supermercados e às bombas de gasolina para criar reservas. O SIRESP voltou a ter falhas e há registo de corporações de bombeiros incontactáveis durante horas. A Rede Eléctrica Nacional só conseguiu repor a normalidade já noite dentro. O primeiro-ministro considerou a situação: grave, inédita e inesperada.
Para tentar perceber o que aconteceu e avaliar cenários de resiliência para crises futuras, recebemos esta semana António Costa Silva, ex-ministro da Economia e especialista em energia; Jorge Vasconcelos, antigo presidente da ERSE, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos; Pedro Lopes, antigo director nacional de bombeiros, da Autoridade Nacional de Protecção Civil; Luis Filipe Antunes, director do centro de competências de cibersegurança da Universidade do Porto, em direto dos estúdios do Porto, e também via skype contamos com João Peças Lopes, professor catedrático da Faculdade de Engenharia na Universidade do Porto. Convidámos a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil para participar neste debate, até porque houve falhas do sistema de comunicações, o SIRESP, e a resposta foi negativa.