
Curioso por Ciência #95: Pesquisa usa leitura avançada de imagens para identificar a agressividade de tumor com alta precisão
Curioso por Ciência - USP
O câncer de próstata é um dos tumores mais comuns entre os homens, e descobrir o quanto ele é agressivo logo no início faz toda a diferença para escolher o melhor tratamento. No episódio desta semana, o Curioso por Ciência traz os resultados de uma pesquisa que investiga justamente esse desafio, e aponta caminhos promissores para tornar esse diagnóstico muito mais preciso. Mas, e se existisse uma tecnologia capaz de analisar a imagem da próstata nos mínimos detalhes?
Quando um homem recebe o diagnóstico de câncer de próstata, uma das primeiras perguntas é: esse tumor é de baixo grau ou mais agressivo? Normalmente, essa resposta depende da biópsia, que analisa um pedacinho do tecido da próstata. Mas a biópsia nem sempre consegue mostrar tudo sobre o tumor. Pesquisadores estudaram uma ferramenta chamada radiômica, que usa inteligência artificial para analisar exames de ressonância magnética. Ela funciona como uma lupa digital, ou seja, lê padrões invisíveis a olho nu e identifica detalhes que podem indicar se um tumor é mais simples ou mais agressivo. Em outras palavras, a radiômica pega uma imagem comum e a transforma em milhares de informações que ajudam o médico a entender melhor aquele câncer.
Para testar essa tecnologia os cientistas analisaram exames de ressonância magnética de 146 homens com câncer de próstata confirmado. As imagens foram estudadas por um computador, que mediu características das lesões utilizando técnicas avançadas de inteligência artificial. Depois diferentes modelos de análise foram testados para descobrir qual deles melhor diferenciava tumores considerados mais leves, os de baixo ou intermediário grau, daqueles mais agressivos.
Os modelos de inteligência artificial alcançaram índices de acerto muito altos. Um deles chegou a ter uma acurácia média de 93%, o que é considerado excelente na área médica. Em termos simples: a radiômica conseguiu diferenciar, com grande precisão, tumores menos agressivos daqueles que exigem tratamento mais rápido.
Isso significa que, no futuro, essa tecnologia pode ajudar médicos a decidir, com mais segurança, quando um paciente pode adotar uma estratégia mais conservadora, como o acompanhamento ativo, e quando é necessário agir com mais urgência. É uma ferramenta que pode evitar tratamentos desnecessários, reduzir riscos e tornar o diagnóstico ainda mais preciso.
O estudo Radiômica na diferenciação entre lesões de baixo e alto grau na ressonância magnética de próstata é parte do mestrado de Rafael Vasconcelos Barros, orientado pelo professor Valdair Francisco Muglia, do Programa de Pós-Graduação em Radiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, concluído em 2024.