Recuperar jardins de corais no Mediterrâneo impactados pelas mudanças climáticas antropogénicas é o objectivo do investigador Jean-Baptiste Ledoux, do CIIMAR, que acaba de arrecadar financiamento para dois projectos de conservação e restauro de corais mediterrânicos com impacto na conservação de todo o ecossistema.
Desde 2015 que, quase anualmente, o Mar Mediterrâneo é fustigado com ondas de calor marinhas. Recuperar jardins de corais no Mar Mediterrâneo impactados pelas mudanças climáticas antropogénicas é o objectivo do investigador Jean-Baptiste Ledoux, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, (CIIMAR, em Matosinhos, Portugal) que acaba de arrecadar financiamento para dois projectos de conservação e restauro de corais mediterrânicos com impacto na conservação de todo o ecossistema.
Os projectos BUFFER e RED-COR2, financiados pela Pure Ocean Foundation e a Biodiversity Genomics Europe, têm como principal recurso de trabalho a genética populacional para promover soluções baseadas na natureza.
Jean-Baptiste Ledoux, investigador da equipa de Genómica Evolutiva e Bioinformática do CIIMAR, lidera os dois projectos. Em entrevista à RFI, Jean-Baptiste Ledoux sublinha que ambos vão permitir efeitos positivos para a conservação dos ecossistemas marinhos e permitirão recuperar habitats perdidos e conservar os existentes.
Segundo Jean-Baptiste Ledoux, o projecto RED-COR2 está focado no coral vermelho (Corallium rubrum) e tem o apoio da Biodiversity Genomics Europe:
Este primeiro projecto tem duas partes, uma que passa por caracterizar a diversidade e a estrutura genética do coral vermelho à escala do Mediterrâneo inteiro e também do sul de Portugal. A outra parte é focada em duas áreas marinhas protegidas na costa da Catalunha.
O coral vermelho é uma espécie que está submetida a grandes pressões antropogénicas. É pescada e usada em joalharia e é uma espécie que está submetida a eventos de ondas de calor marinha que têm por consequência eventos de mortalidade massiva.
O segundo projecto é o BUFFER e está focado na Gorgónia Vermelha, na área marinha protegida do Parque Nacional de Calanques, em Marselha, sul de França, onde, em 2022, houve um grande evento de mortalidade massiva e com consequências dramáticas para esta espécie.
As duas espécies são vítimas das ondas de calor marinhas, cuja frequência é cada vez maior desde 2015.