
O desafio parece simples: construir um satélite do tamanho de uma lata de refrigerante. Mas, na prática, trata-se de um exercício exigente de engenharia, programação, aerodinâmica e trabalho de equipa. O CanSat, promovido em Portugal pela Ciência Viva em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA), já vai na 12.ª edição e continua a conquistar alunos e professores de todo o país.
Cada equipa deve integrar num pequeno recipiente todos os componentes básicos de um satélite: sistema de energia, antenas, comunicações e sensores. O objectivo é lançar o dispositivo a mil metros de altitude, através de um foguete, e recolher dados durante a descida controlada por pára-quedas.
“É uma competição muito rica, porque obriga os alunos a lidar com várias áreas da engenharia e, ao mesmo tempo, a aprender a trabalhar em equipa”, explicou, ao microfone da RFI, Ana Noronha, directora executiva da Ciência Viva e coordenadora do programa eZero Portugal.
Todas as escolas podem candidatar-se, mas o número de equipas é limitado. As escolhidas recebem acompanhamento de um júri que, além de avaliar, apoia os alunos na resolução de problemas técnicos. Antes do lançamento oficial, há voos de teste para assegurar que os satélites resistem à aceleração do foguete e que o pára-quedas funciona correctamente. Só os projectos estruturalmente sólidos avançam para a fase final. Depois do voo, as equipas têm de analisar os dados e fazer uma apresentação em inglês perante o júri. “Queremos que os alunos sejam capazes de comunicar o seu trabalho num contexto internacional, como terão de fazer no futuro”, sublinha Ana Noronha.
Apesar do espírito competitivo, o ambiente é de partilha: “Eles estão todos a competir, mas entreajudam-se. Se há uma peça que queima, há logo outra equipa que empresta, que tem uma suplente ou que empresta a antena, o que é muito interessante observar”, nota a responsável. Mais do que uma competição de engenharia, desvcreve o CanSat como uma experiência inesquecível, onde os participantes aprendem competências que levarão consigo para a vida.