Hergo Muhondo, ou simplesmente Hergo para usar o seu nome artístico, é o convidado hoje do magazine artes. Nascido em 1998, no Rangel, distrito de Luanda, em Angola, este jovem pintor, que tem como mestre Guizef Guilherme, acaba de ganhar o primeiro prémio de artes plásticas atribuído pela Embaixada de Espanha em Angola.
Hergo participa em concursos desde a escola primária, tendo obtido reconhecimento nacional em 2015. O misticismo, o invisível e a religião são os vectores da arte de Hergo.
Perceptível no resultado final das suas obras, este mistério também faz parte do processo criativo do artista desde o atelier. Num século cada vez mais desumanizado, em que a inteligência artificial ganha terreno e substitui as emoções por dados digitais, ganhar a vida como artista está a tornar-se mais difícil, mas para Hergo “a mão humana não pode ser substituída”, seja por dados ou por máquinas.
Acho que uma obra-prima, uma coisa feita com as mãos e a mente é sempre diferente de uma coisa feita digitalmente. Isso vê-se, se tiveres uma fotografia feita por um fotógrafo famoso e fizeres uma pintura com a mesma referência, há muita diferença. Acho que o valor está mais na pintura, porque o artista não usa materiais, ele usa a alma dele, o interior dele. Coloca tudo na obra. E isso é notável pelo trabalho. O mundo, está cada vez mais moderno. As coisas estão a mudar. Mas a pintura não morre, independentemente do que aconteça, das mudanças da era digital. Acho que a pintura nunca morre.
Depois de inúmeras exposições colectivas, Hergo concentra-se agora na sua primeira exposição individual, que terá lugar em Setembro, na ilha de Luanda. Chamada “Olhares que falam” mais uma vez, Hergo colocará o invisível e a emoção no centro do seu trabalho.