Em França, arrancou esta quinta-feira a Semana do Design de Paris que conta com uma exposição dedicada ao design português. Chama-se “Made in Portugal naturally” e é uma vitrina da produção artística do sector. Neste programa, visitamos a exposição com a curadora e arquitecta de interiores Margarida Moura Simão.
Há uma “casa portuguesa” na “Paris Design Week”, que arrancou a 5 de Setembro e decorre até 14 de Setembro. Nesta "casa", situada na Galerie Joseph, no bairro do Marais, há cerca de 60 peças que mostram o que é o design português de hoje, entre inovação e tradição, entre o clássico e o contemporâneo.
O “showroom” chama-se “Made in Portugal naturally” e foi concebido como um apartamento, por onde se deambula entre as peças expostas. A curadora é a arquitecta de interiores Margarida Moura Simão, que nos fez uma visita guiada pelas diferentes salas e obras, desenhando um “Portugal cosmopolita” que produz “um design autoral, irreverente e sofisticado”, com um savoir-faire que alia tradição e tecnologia. Na conversa que pode ouvir neste programa, fomos tentar perceber o que é que têm de tão “naturalmente” português as peças de mobiliário, de iluminação, de têxtil e outros objectos decorativos ali em destaque.
A minha vontade de enaltecer o que de melhor se faz em Portugal foi de utilizar este 'showroom' como um espaço doméstico. É muito fruto da minha experiência profissional, da forma como Portugal evoluiu e recebeu tantas pessoas estrangeiras e do olhar - não só estrangeiro mas também português - muito cosmopolita... Era mostrar que temos essa oferta de design no mercado, à altura de pessoas exigentes, que viajam, que têm referências multiculturais. Portugal tem esses produtos que reflectem essa cultura, essa qualidade no saber-fazer, na produção, nas referências culturais que tem.
Entra-se, assim, numa “casa portuguesa” com produtos e design “feitos em Portugal”, em que o objectivo de Margarida Moura Simão é “despertar curiosidade e surpresa no percurso da exposição”. Logo no vestíbulo de entrada, a designer admite que se aposta num “Portugal de luxo, irreverência, com cunho sofisticado e autoral”, através de um banco de madeira curvado com longas almofadas prateadas, um tapete com diferentes tons de verde e efeito tridimensional ou um móvel lacado e misterioso da designer Luísa Peixoto.
Na sala principal, a zona de refeições convida a sentar em torno de uma grande mesa de madeira do designer Vasco Fragoso Mendes, sob uma tapeçaria da Manufactura de Portalegre com o desenho “A Viagem” da artista plástica Emília Nadal, que aponta para outra tapeçaria, ao fundo. O tríptico colorido de “Janelas” tecidas abre um espaço de recepção, onde se destaca um “sofá confortável, sofisticado e intemporal”, vencedor de um prémio internacional de design em 2019, entre outras peças, como uma poltrona de formas redondas, um biombo de madeira e puffs de veludo.
Há, ainda, um boudoir, ou seja, um espaço “mais íntimo”, decorado, por exemplo, com a tapeçaria “Cabo Verde do pintor Júlio Resende e com um banco chamado “Madonna”, dotado de pés de mármore e duas almofadas desencontradas e com padrões vibrantes.
Na zona que sugere a casa de banho, há uma banheira em pedra com “uma preocupação ecológica e sustentável”, esculpida a partir de uma assemblage de peças de mármore, algo que “é um material incontornável da cultura portuguesa”, relembra Margarida Moura Simão. O showroom conta, também, com um quarto onde se destaca a roupa de cama a homenagear os bordados portugueses.
No piso de cima, um escritório ecléctico combina o clássico de uma secretária com a irreverência da “Cadeira Alvor” do designer Daciano da Costa, uma peça icónica cor de laranja e com três pernas. Há, ainda, uma estante mais modular e industrial e uma “chaise longue” chamada “Lisboa” que ocupa o espaço “de uma forma mais diletante”, mostra-nos a arquitecta de interiores.
Depois, para sugerir uma varanda e um espaço da evasão, Margarida Moura Simão escolheu um banco de design minimalista e multifuncional, inspirado da carpintaria japonesa, e um conjunto de tapeçarias a desenharem nuvens.
No piso inferior, um sofá azul, cheio de volume, ladeia uma estante de azulejos de todas as formas, feitios e cores, em frente a um salão com exemplos de cadeiras dobráveis que são “uma peça de design português incontornável”.
Do outro lado, uma vasta mesa expõe uma série de peças de cutelaria e cerâmica de refeição das mais variadas marcas portuguesas e há também espaço para uma máquina de café desenhada pelo francês Philippe Starck para uma empresa portuguesa.
"Promover o design português" na "Paris Design Week"
A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) organizou a iniciativa para promover o design português, nomeadamente a qualidade do produto e do material, a sustentabilidade e o “savoir-faire” português, como explicou Mariana Vieira da Luz, gestora da fileira casa na AICEP.
O objectivo desta exposição é promover o design português e colocá-lo num patamar de relevância comparativo com grandes marcas e com a qualidade de outros grandes países nesta área do design de mobiliário, de iluminação, têxteis-lar e porque os nossos produtos têm muita qualidade. Nesta exposição temos cerca de 55 empresas e que foram todas escolhidas pela arquitecta Margarida Moura Simão e o que pretendemos promover é a qualidade do produto e do material que também é feito em Portugal, em conjunto com o design e a sustentabilidade. E daí vem o nome "Made in Portugal naturally" que faz justiça tanto à área da sustentabilidade que está muito em voga, mas também à parte do 'savoir-faire' português e da tradição.
De 5 a 9 de Setembro, o Parque de Exposições de Villepinte, nos arredores de Paris, também acolhe a feira internacional de mobiliário e decoração Maison&Objet, na qual Portugal também participa.