23 - Diapasão
25 December 2024

23 - Diapasão

Felipe Simão - Poesias

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Quando contigo me deito,


faço do nosso leito


ninho de amor vadio,


de ti jamais me sacio,


pelas tuas linhas me enfio,


sinto em nós forte vibração,


perco-me nesse diapasão,


e não consigo distinguir a emoção,


se louco prazer ou pura paixão,


só me deixo levar pela eloquente sensação


de estar nos teus braços,


dos gemidos,


das tremedeiras,


dos meus descompassos;


nossos corpos só se deixam esparsos,


no instante que já não resta no fôlego sopro,


em que a fadiga é um secante escopro,


contigo tudo é tão bonito,


só ela interrompe o nosso amor infinito;


fico prostrado,


mas não aflito,


junto a ti, o destino nem fito,


não temo o futuro,


pois no nosso quarto escuro,


o tempo não importa,


por detrás daquela porta,


a gente se comporta


como dois imortais,


refugiados nos prazeres carnais,


e os delírios mais sublimes nos parecem normais