< Lucas 8

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[1] Depois disso, Jesus ia passando pelas cidades e pelos povoados, pregando o evangelho do reino de Deus. Os Doze estavam com ele
[2] e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios;
[3] Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres lhes serviam com os seus bens.
[4] Reunindo‑se uma grande multidão e vindo a Jesus gente de várias cidades, ele contou esta parábola:
[5] ― O semeador saiu a semear. Enquanto ele semeava, uma parte caiu à beira do caminho, foi pisada, e as aves do céu a comeram.
[6] Outra parte caiu sobre pedras e, quando cresceu, secou porque não havia umidade.
[7] Outra parte caiu entre os espinhos, que cresceram com ela e sufocaram a planta.
[8] Outra, ainda, caiu em boa terra. Cresceu e deu boa colheita, de modo que produziu cem vezes mais. Tendo dito isso, exclamou: ― Aquele que tem ouvidos para ouvir ouça!
[9] Os seus discípulos perguntaram‑lhe o que significava aquela parábola.
[10] Ele disse: ― A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do reino de Deus, mas aos outros falo por parábolas, para que, “apesar de verem, não vejam e, apesar de ouvirem, não entendam”.
[11] ― Este é o significado da parábola: A semente é a palavra de Deus.
[12] As que caíram à beira do caminho são os que ouvem, mas logo vem o Diabo e lhes retira a palavra do coração, para que não creiam e não sejam salvos.
[13] As que caíram sobre as pedras são os que recebem a palavra com alegria quando a ouvem, mas não têm raiz. Creem durante algum tempo, mas a abandonam na hora da provação.
[14] As que caíram entre espinhos são os que ouvem, mas, ao seguir o seu caminho, são sufocados pelas preocupações, pelas riquezas e pelos prazeres desta vida, e não amadurecem.
[15] Mas as que caíram em boa terra são os que, com coração bom e genuíno, ouvem a palavra e a retêm, e que produzem uma colheita com perseverança.
[16] ― Ninguém acende uma lâmpada e a esconde em um jarro ou a coloca debaixo de uma cama. Ao contrário, coloca‑a em um lugar apropriado, para que os que entram possam ver a luz.
[17] Portanto, não há nada oculto que não venha a ser revelado e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz.
[18] Portanto, considerem atentamente como vocês ouvem. Pois, ao que tem, mais lhe será dado; ao que não tem, até o que pensa ter lhe será tirado.
[19] A mãe e os irmãos de Jesus foram vê‑lo, mas não conseguiam aproximar‑se dele, por causa da multidão.
[20] Alguém lhe disse: ― A tua mãe e os teus irmãos estão lá fora e querem ver‑te.
[21] Ele lhe respondeu: ― A minha mãe e os meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam.
[22] Certo dia, Jesus entrou no barco com os seus discípulos e disse: ― Vamos para o outro lado do lago. Então, partiram.
[23] Enquanto navegavam, ele adormeceu. Abateu‑se sobre o lago um forte vendaval, de modo que o barco estava sendo inundado, e eles corriam grande perigo.
[24] Os discípulos foram acordá‑lo, clamando: ― Mestre, Mestre, vamos morrer! Ele se levantou e repreendeu o vento e a violência das águas; a tempestade cessou, e tudo ficou calmo.
[25] Então, perguntou‑lhes: ― Onde está a fé de vocês? Amedrontados e admirados, perguntaram uns aos outros: ― Quem é este que até aos ventos e às águas dá ordens, e eles lhe obedecem?
[26] Navegaram para a região dos gerasenos, que fica do outro lado do lago, partindo da Galileia.
[27] Quando Jesus pisou em terra, foi ao encontro dele um endemoniado daquela cidade. Fazia muito tempo que aquele homem não usava roupas nem vivia em casa alguma, mas nos sepulcros.
[28] Quando viu Jesus, gritou, prostrou‑se aos seus pés e disse em alta voz: ― Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Suplico‑te que não me atormentes!
[29] Porque Jesus havia ordenado que o espírito imundo saísse daquele homem, pois muitas vezes tinha se apoderado dele. De fato, mesmo com os pés acorrentados e as mãos algemadas, ele quebrava as correntes e as algemas, e era levado pelo demônio a lugares solitários.
[30] Então, Jesus lhe perguntou: ― Qual é o seu nome? ― Legião — respondeu, porque muitos demônios haviam entrado nele.
[31] Estes imploravam a Jesus que não os mandasse para o abismo.
[32] Ora, uma grande manada de porcos pastava naquela colina. Os demônios imploraram a Jesus que lhes permitisse entrar neles, e Jesus lhes deu permissão.
[33] Saindo do homem, os demônios entraram nos porcos, e toda a manada atirou‑se precipício abaixo, em direção ao lago, e se afogou.
[34] Vendo o que havia acontecido, os que cuidavam dos porcos fugiram e contaram esses fatos na cidade e nos campos,
[35] e o povo foi ver o que havia acontecido. Quando se aproximaram de Jesus, viram o homem, de quem haviam saído os demônios, sentado aos pés de Jesus, vestido e em perfeito juízo, e ficaram com medo.
[36] Os que tinham presenciado essas coisas contaram ao povo como o endemoniado havia sido liberto.
[37] Então, todo o povo da região dos gerasenos suplicou a Jesus que se retirasse, porque estavam dominados pelo medo. Ele entrou no barco e regressou.
[38] O homem de quem haviam saído os demônios suplicava‑lhe que o deixasse ir com ele, mas Jesus o mandou embora, dizendo:
[39] ― Vá para casa e conte tudo quanto Deus fez a você. Então, o homem foi e anunciou na cidade inteira quanto Jesus tinha feito por ele.
[40] Quando Jesus voltou, uma multidão o recebeu com alegria, pois todos o esperavam.
[41] Então, um homem chamado Jairo, líder da sinagoga, veio, prostrou‑se aos pés de Jesus e implorou‑lhe que fosse à sua casa,
[42] porque a sua única filha, com quase doze anos, estava à morte. Estando Jesus a caminho, a multidão o comprimia.
[43] Havia ali uma mulher que padecia de hemorragia por doze anos, mas ninguém podia curá‑la.
[44] Aconteceu que ela chegou por trás de Jesus e tocou na borda do seu manto. Imediatamente, a hemorragia cessou.
[45] ― Quem tocou em mim? — perguntou Jesus. Porque todos negavam, Pedro disse: ― Mestre, a multidão se aglomera e te comprime.
[46] Jesus, porém, disse: ― Alguém me tocou, pois sei que de mim saiu poder.
[47] A mulher, ao ver que não conseguiria passar despercebida, veio tremendo e prostrou‑se aos seus pés. Na presença de todo o povo, contou por que tinha tocado nele e como fora instantaneamente curada.
[48] Então, ele lhe disse: ― Filha, a sua fé curou você! Vá em paz.
[49] Enquanto Jesus ainda falava, chegou alguém da casa de Jairo, o líder da sinagoga, e disse: ― A tua filha morreu. Não incomodes mais o Mestre.
[50] Jesus, porém, ouvindo isso, disse a Jairo: ― Não tenha medo; apenas creia, e ela será curada.
[51] Quando chegou à casa de Jairo, não deixou ninguém entrar com ele, exceto Pedro, João, Tiago, o pai e a mãe da criança.
[52] Enquanto isso, todo o povo estava se lamentando e chorando por ela. ― Não chorem — disse Jesus. — Pois ela não está morta, mas dorme.
[53] Todos começaram a rir dele, pois sabiam que ela estava morta.
[54] Ele, porém, a tomou pela mão e disse: ― Menina, levante‑se!
[55] O espírito dela voltou, e ela se levantou imediatamente. Então, Jesus lhes ordenou que dessem à menina alguma coisa para comer.
[56] Os pais ficaram maravilhados, mas ele lhes ordenou que não contassem a ninguém o que tinha acontecido.