< Gênesis 42

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[1] Quando Jacó soube que no Egito havia grãos, disse aos seus filhos: ― Por que estão aí olhando uns para os outros?
[2] Disse ainda: ― Ouvi dizer que há grãos no Egito. Desçam até lá e comprem grãos para nós, para que possamos continuar vivos e não morramos.
[3] Assim, dez dos irmãos de José desceram ao Egito para comprar grãos.
[4] Jacó não deixou que Benjamim, irmão de José, fosse com eles, temendo que algum mal lhe acontecesse.
[5] Os filhos de Israel estavam entre outros que também foram comprar grãos, por causa da fome na terra de Canaã.
[6] José era o governador daquela terra e era ele que vendia grãos a todos os povos. Por isso, quando os irmãos de José chegaram, curvaram‑se diante dele com o rosto em terra.
[7] José reconheceu os seus irmãos logo que os viu, mas agiu como se não os conhecesse, e lhes falou asperamente: ― De onde vocês vêm? Eles responderam: ― Da terra de Canaã, para comprar comida.
[8] José reconheceu os seus irmãos, mas eles não o reconheceram.
[9] Lembrou‑se, então, dos sonhos que tivera a respeito deles e lhes disse: ― Vocês são espias! Vieram para ver onde a nossa terra está desprotegida.
[10] Eles responderam: ― Não, meu senhor. Os teus servos vieram comprar mantimento.
[11] Todos nós somos filhos do mesmo pai. Os teus servos são homens honestos, não espias.
[12] José, porém, insistiu: ― Não! Vocês vieram ver as áreas desprotegidas da terra.
[13] Eles disseram: ― Os teus servos eram doze irmãos, todos filhos do mesmo pai, na terra de Canaã. O caçula está agora em casa com o nosso pai, e o outro já morreu.
[14] José tornou a afirmar: ― É como lhes falei: vocês são espias!
[15] Vocês serão postos à prova. Tão certo como vive o faraó, vocês não sairão daqui, enquanto o seu irmão caçula não vier para cá.
[16] Mandem algum de vocês buscar o seu irmão enquanto os demais aguardam presos. Assim, ficará provado se vocês estão dizendo a verdade. Se não forem, tão certo como vive o faraó, vocês são espias!
[17] José os deixou presos três dias.
[18] No terceiro dia, José lhes disse: ― Eu tenho temor de Deus. Se querem salvar a própria vida, façam o seguinte:
[19] se vocês são homens honestos, deixem um dos seus irmãos aqui na prisão, enquanto os demais voltam, levando grãos para matar a fome das suas famílias.
[20] Tragam‑me, porém, o seu irmão caçula, para comprovar o que dizem, e vocês não tenham que morrer. Eles se prontificaram a fazer isso.
[21] Então, disseram uns aos outros: ― Certamente somos culpados pelo que fizemos ao nosso irmão. Vimos como ele estava angustiado, quando nos implorava pela sua vida, mas não lhe demos ouvidos; por isso, nos sobreveio esta angústia.
[22] Rúben respondeu: ― Eu não lhes disse que não pecassem contra o menino? Mas vocês não quiseram me ouvir! Agora temos que prestar contas do seu sangue.
[23] Eles, porém, não sabiam que José podia compreendê‑los, pois ele lhes falava por meio de um intérprete.
[24] Nisso, José retirou‑se e começou a chorar, mas, logo depois, voltou e conversou de novo com eles. Então, escolheu Simeão e mandou acorrentá‑lo diante deles.
[25] Em seguida, José deu ordem para que enchessem de grãos as suas bagagens, devolvessem a prata de cada um deles, colocando‑a nas bagagens, e lhes dessem provisões para a viagem. E assim foi feito.
[26] Eles puseram a carga de grãos sobre os jumentos e partiram.
[27] Em uma hospedaria, um deles abriu a bagagem para pegar forragem para o seu jumento e viu a prata na boca da bagagem.
[28] Então, disse aos seus irmãos: ― Devolveram a minha prata. Está aqui na minha bagagem. Tomados de pavor e tremendo, disseram uns aos outros: ― Que é isto que Deus fez conosco?
[29] Ao chegarem à casa de Jacó, o seu pai, na terra de Canaã, relataram‑lhe tudo o que lhes acontecera, dizendo:
[30] ― O homem que é o senhor daquela terra falou asperamente conosco e nos tratou como espias.
[31] Todavia, nós lhe asseguramos que somos homens honestos, não espias.
[32] Dissemos também que éramos doze irmãos, filhos do mesmo pai, que um já havia morrido e que o caçula estava com o nosso pai, em Canaã.
[33] ― Então, o homem que é senhor daquela terra nos disse: “Vejamos se vocês são honestos: um dos seus irmãos ficará aqui comigo, e os outros poderão voltar e levar mantimentos para matar a fome das suas famílias.
[34] Tragam‑me, porém, o seu irmão caçula, para que eu comprove que vocês não são espias, mas homens honestos. Então, eu lhes devolverei o irmão e os autorizarei a fazer negócios nesta terra”.
[35] Ao esvaziarem as bagagens, dentro da bagagem de cada um estava a sua bolsa cheia de prata. Quando eles e o seu pai viram as bolsas cheias de prata, ficaram com medo.
[36] Jacó, o seu pai, lhes disse: ― Vocês vão me deixar sem filhos! Já fiquei sem José, agora sem Simeão, e ainda querem levar Benjamim. Tudo está contra mim!
[37] Então, Rúben disse ao pai: ― Podes matar os meus dois filhos se eu não trouxer Benjamim de volta. Deixa‑o aos meus cuidados, e eu o trarei.
[38] O pai, porém, respondeu: ― O meu filho não descerá com vocês; o seu irmão está morto, e ele é o único que resta. Se algum mal lhe acontecer na viagem que estão por fazer, vocês farão estes meus cabelos brancos descer com tristeza à sepultura.