< Salmos 78

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[1] Povo meu, escute a minha instrução; incline os ouvidos às palavras da minha boca.
[2] Em parábolas abrirei a minha boca; proferirei enigmas do passado —
[3] coisas que ouvimos e aprendemos e que os nossos pais nos contaram.
[4] Não as esconderemos dos nossos filhos; contaremos à próxima geração os louváveis feitos do Senhor, o seu poder e as maravilhas que fez.
[5] Ele estabeleceu um testemunho para Jacó e em Israel estabeleceu a lei; ordenou aos nossos antepassados que os ensinassem aos seus filhos,
[6] para que a geração seguinte os conhecesse, e também os filhos que haveriam de nascer, e eles, por sua vez, contassem aos seus próprios filhos.
[7] Assim, eles poriam a confiança em Deus; não se esqueceriam dos seus feitos e obedeceriam aos seus mandamentos.
[8] Não seriam como os seus antepassados, geração obstinada e rebelde, povo de coração inconstante, cujo espírito não se manteve fiel a Deus.
[9] Os homens de Efraim, flecheiros armados, viraram as costas no dia da batalha;
[10] não guardaram a aliança de Deus e se recusaram a viver de acordo com a sua lei.
[11] Esqueceram‑se do que ele tinha feito, das maravilhas que lhes havia mostrado,
[12] dos milagres que fez diante dos seus antepassados na terra do Egito, na região de Zoã.
[13] Dividiu o mar para que pudessem passar; fez a água erguer‑se como uma parede.
[14] Ele os guiou com a nuvem de dia e com a luz do fogo de noite.
[15] Fendeu as rochas no deserto e deu‑lhes tanta água como a que flui das profundezas;
[16] da rocha fez brotar regatos e fluir água como um rio.
[17] Mas contra ele continuaram a pecar, revoltando‑se no deserto contra o Altíssimo.
[18] Deliberadamente puseram Deus à prova, exigindo o que desejavam comer.
[19] Duvidaram de Deus, dizendo: “Poderá Deus preparar uma mesa no deserto?
[20] Quando ele feriu a rocha, a água brotou e jorrou em torrentes. Conseguirá, porém, dar‑nos também de comer? Poderá suprir de carne o seu povo?”.
[21] O Senhor os ouviu e enfureceu‑se; com fogo atacou Jacó, e a sua ira levantou‑se contra Israel,
[22] pois eles não creram em Deus nem confiaram no seu poder salvador.
[23] Contudo, ele deu ordens às nuvens e abriu as portas dos céus;
[24] fez chover maná para que o povo comesse, deu‑lhe o trigo dos céus.
[25] Os homens comeram o pão dos anjos; ele enviou‑lhes comida até saciá‑los.
[26] Enviou dos céus o vento leste e pelo seu poder fez avançar o vento sul.
[27] Fez chover sobre eles carne feito pó, bandos de aves como a areia da praia.
[28] Levou‑as a cair dentro do acampamento, ao redor das suas tendas.
[29] Comeram à vontade, e assim ele satisfez o desejo deles.
[30] Contudo, antes de saciarem o apetite, quando ainda tinham a comida na boca,
[31] acendeu‑se contra eles a ira de Deus; ele feriu de morte os mais fortes entre eles, matando os jovens de Israel.
[32] A despeito disso tudo, continuaram pecando; não creram nos seus prodígios.
[33] Por isso, Deus encerrou os dias deles como um sopro; os seus anos, em repentino pavor.
[34] Sempre que os feria de morte, eles o buscavam; com fervor se voltavam de novo para ele.
[35] Lembravam‑se de que Deus era a sua Rocha, de que o Deus Altíssimo era o seu Redentor.
[36] Com a boca o adulavam, com a língua o enganavam,
[37] mas o coração deles não era sincero; não foram fiéis à sua aliança.
[38] Contudo, ele foi compassivo; perdoou‑lhes as maldades e não os destruiu. Vez após vez conteve a sua ira sem despertá‑la totalmente.
[39] Lembrou‑se de que eram meros mortais, brisa passageira que não retorna.
[40] Quantas vezes mostraram‑se rebeldes contra ele no deserto e o entristeceram na terra desolada!
[41] Repetidas vezes puseram Deus à prova; irritaram o Santo de Israel.
[42] Não se lembraram da sua mão poderosa, do dia em que os redimiu do opressor,
[43] do dia em que mostrou os seus prodígios no Egito, as suas maravilhas na região de Zoã,
[44] quando transformou os rios e os riachos dos egípcios em sangue, para que eles não pudessem beber das suas águas;
[45] quando enviou enxames de moscas que os devoraram e rãs que os devastaram;
[46] quando entregou as suas plantações às larvas e a produção da terra aos gafanhotos;
[47] quando destruiu as suas vinhas com o granizo e as suas figueiras bravas com a geada;
[48] quando entregou o gado deles ao granizo e os seus rebanhos aos raios;
[49] quando os atingiu com a sua ira ardente, com furor, indignação e hostilidade, com um exército de anjos destruidores.
[50] Abriu caminho para a sua ira; não os poupou da morte, mas entregou‑os à peste.
[51] Matou todos os primogênitos do Egito, as primícias do vigor varonil nas tendas de Cam.
[52] Tirou, porém, o seu povo como ovelhas e o conduziu feito um rebanho pelo deserto.
[53] Ele os guiou em segurança, e não tiveram medo; os seus inimigos afundaram‑se no mar.
[54] Assim os trouxe à fronteira da sua terra santa, aos montes que a sua mão direita conquistou.
[55] Expulsou nações que lá estavam, cujas terras distribuiu entre eles por herança; deu as suas tendas às tribos de Israel para que nelas habitassem.
[56] Eles, porém, puseram à prova o Deus Altíssimo e se rebelaram contra ele; não guardaram os seus testemunhos.
[57] Foram desleais e infiéis, como os seus antepassados, tão imprecisos como um arco defeituoso.
[58] Eles o irritaram com os santuários locais; com os seus ídolos lhe provocaram ciúmes.
[59] Quando soube disso, Deus se enfureceu e rejeitou totalmente Israel;
[60] abandonou o tabernáculo de Siló, a tenda onde habitava entre os homens.
[61] Entregou o símbolo do seu poder ao cativeiro e o seu esplendor nas mãos do adversário.
[62] Deixou que o seu povo fosse morto à espada, pois enfureceu‑se com a sua herança.
[63] O fogo consumiu os seus jovens, e as suas moças não tiveram canções de núpcias.
[64] Os sacerdotes foram mortos à espada! As viúvas já nem podiam chorar.
[65] Então, o Senhor despertou como que de um sono, como um guerreiro se desperta do domínio do vinho.
[66] Fez retroceder a golpes os seus adversários e os entregou a permanente humilhação.
[67] Também rejeitou as tendas de José e não escolheu a tribo de Efraim;
[68] ao contrário, escolheu a tribo de Judá e o monte Sião, ao qual amou.
[69] Construiu o seu santuário como as alturas; como a terra, firmou‑o para sempre.
[70] Escolheu o seu servo Davi e o tirou do aprisco das ovelhas,
[71] do pastoreio de ovelhas, para ser o pastor de Jacó, o seu povo, e de Israel, a sua herança.
[72] De coração íntegro Davi os pastoreou; com mãos habilidosas os conduziu.