< 1 Samuel 14

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[1] Certo dia, Jônatas, filho de Saul, disse ao seu jovem escudeiro: ― Vamos ao destacamento filisteu, do outro lado. Ele, porém, não contou isso ao seu pai.
[2] Saul estava sentado debaixo de uma romãzeira na fronteira de Gibeá, em Migrom. Com ele estavam uns seiscentos soldados,
[3] entre os quais Aías, que levava o colete sacerdotal. Ele era filho de Aitube, irmão de Icabode, filho de Fineias e neto de Eli, o sacerdote do Senhor em Siló. Ninguém sabia que Jônatas havia saído.
[4] Em cada lado do desfiladeiro que Jônatas pretendia atravessar para chegar ao destacamento filisteu, havia um penhasco íngreme; um se chamava Bozez; o outro, Sené.
[5] Havia um penhasco ao norte, na direção de Micmás, e outro ao sul, na direção de Geba.
[6] Jônatas disse ao seu escudeiro: ― Vamos ao destacamento daqueles incircuncisos. Talvez o Senhor aja em nosso favor, pois nada pode impedir o Senhor de salvar, seja com muitos, seja com poucos.
[7] O escudeiro disse: ― Faz tudo o que tiveres em mente; eu irei contigo.
[8] Jônatas respondeu: ― Vamos atravessar na direção dos soldados e deixaremos que nos avistem.
[9] Se nos disserem: “Esperem aí até que cheguemos perto”, ficaremos onde estivermos e não avançaremos.
[10] Se, porém, disserem: “Subam até aqui”, subiremos, pois este será um sinal para nós de que o Senhor os entregou nas nossas mãos.
[11] Então, os dois se deixaram ver pelo destacamento dos filisteus, que disseram: ― Vejam, os hebreus estão saindo dos buracos onde estavam escondidos.
[12] Eles gritaram para Jônatas e o seu escudeiro: ― Subam até aqui, e daremos uma lição em vocês. Diante disso, Jônatas disse ao seu escudeiro: ― Siga‑me; o Senhor os entregou nas mãos de Israel.
[13] Jônatas escalou o desfiladeiro, usando as mãos e os pés, e o escudeiro foi logo atrás. Jônatas os derrubava, e o seu escudeiro, logo atrás dele, os matava.
[14] Naquele primeiro ataque, Jônatas e o seu escudeiro mataram cerca de vinte homens em uma área com aproximadamente dois hectares.
[15] Então, caiu terror sobre todo o exército filisteu, tanto sobre os que estavam no acampamento e no campo como sobre os que estavam nos destacamentos, e até mesmo nas tropas de ataque. O chão tremeu, e houve um pânico terrível.
[16] As sentinelas de Saul em Gibeá de Benjamim viram que o exército filisteu se dispersava, correndo em todas as direções.
[17] Então, Saul disse aos seus soldados: ― Contem os soldados e vejam quem está faltando. Quando o fizeram, viram que Jônatas e o seu escudeiro não estavam presentes.
[18] Saul ordenou a Aías: ― Traga a arca de Deus. Naquele tempo, ela estava com os israelitas.
[19] Enquanto Saul falava com o sacerdote, o tumulto no acampamento filisteu crescia cada vez mais. Então, Saul disse ao sacerdote: ― Não precisa trazer a arca.
[20] Na mesma hora, Saul e todos os soldados se reuniram e foram para a batalha. Encontraram os filisteus em total confusão, ferindo uns aos outros com as suas próprias espadas.
[21] Alguns hebreus que antes estavam do lado dos filisteus e que tinham ido com eles ao acampamento filisteu passaram para o lado dos israelitas que estavam com Saul e Jônatas.
[22] Quando todos os israelitas que haviam se escondido nos montes de Efraim ouviram que os filisteus batiam em retirada, também entraram na batalha, perseguindo‑os.
[23] Assim, o Senhor concedeu vitória a Israel naquele dia, e a batalha se espalhou para além de Bete-Áven.
[24] Os homens de Israel estavam exaustos naquele dia, pois Saul lhes havia imposto um juramento, que dizia: ― Maldito seja todo aquele que comer antes do anoitecer, antes que eu tenha me vingado dos meus inimigos! Por isso, ninguém tinha comido nada.
[25] O exército inteiro entrou em um bosque, onde havia mel na superfície do campo.
[26] Eles viram o mel escorrendo, contudo ninguém comeu, pois temiam o juramento.
[27] Jônatas, porém, não sabia do juramento que o pai havia imposto ao exército, de modo que estendeu a ponta da vara que tinha na mão e a molhou no favo de mel. Quando levou a mão à boca, os seus olhos brilharam.
[28] Então, um dos soldados lhe disse: ― O seu pai impôs ao exército um juramento severo, que dizia: “Maldito seja todo aquele que comer hoje!”. Por isso, os homens estão exaustos.
[29] Jônatas disse: ― O meu pai trouxe desgraça para nós. Veja como os meus olhos brilham desde que provei um pouco deste mel.
[30] Como teria sido bem melhor se os homens tivessem comido hoje um pouco do que tomaram dos seus inimigos. A matança de filisteus não teria sido ainda maior?
[31] Naquele dia, depois de derrotarem os filisteus, desde Micmás até Aijalom, os israelitas estavam completamente exaustos.
[32] Eles, então, se lançaram sobre os despojos e pegaram ovelhas, bois e bezerros; mataram‑nos ali mesmo e comeram a carne com o sangue.
[33] Alguém disse a Saul: ― Eis que os soldados estão pecando contra o Senhor, comendo carne com sangue. ― Vocês foram infiéis — disse Saul —. Rolem uma grande pedra até aqui.
[34] Saiam entre os soldados e digam‑lhes: “Cada um traga a mim o seu boi ou a sua ovelha, abatam‑nos e comam a carne aqui. Não pequem contra o Senhor comendo carne com sangue”. Assim, cada um levou o seu boi naquela noite e ali o abateu.
[35] Então, Saul edificou um altar para o Senhor; foi a primeira vez que fez isso.
[36] Saul disse ainda: ― Desçamos atrás dos filisteus de noite; vamos saqueá‑los até o amanhecer e não deixemos vivo nem um só deles. Eles responderam: ― Faz o que for bom aos teus olhos. O sacerdote, porém, disse: ― Consultemos Deus aqui.
[37] Então, Saul perguntou a Deus: ― Devo descer e perseguir os filisteus? Tu os entregarás nas mãos de Israel? Naquele dia, porém, Deus não lhe respondeu.
[38] Saul, então, disse: ― Venham cá, todos vocês que são líderes do exército, e descubramos que pecado foi cometido hoje.
[39] Tão certo como vive o Senhor, o libertador de Israel, mesmo que seja o meu filho Jônatas, ele certamente morrerá. Contudo, ninguém disse uma só palavra.
[40] A seguir, Saul disse a todos os israelitas: ― Fiquem vocês de um lado; eu e Jônatas, o meu filho, ficaremos do outro. Eles responderam: ― Faz o que for bom aos teus olhos.
[41] Então, Saul orou ao Senhor, o Deus de Israel: ― Por que não respondeste ao teu servo hoje? Se a falta está em mim ou no meu filho Jônatas, responde pelo Urim, mas, se os homens de Israel forem os culpados, responde pelo Tumim. Assim, as sortes caíram sobre Jônatas e Saul, ao passo que os demais homens saíram livres.
[42] Saul disse: ― Lancem sortes entre mim e Jônatas, o meu filho. E Jônatas foi indicado pelas sortes.
[43] Então, Saul disse a Jônatas: ― Diga‑me o que você fez. Jônatas lhe contou: ― Eu provei um pouco de mel com a ponta da minha vara. Estou pronto para morrer.
[44] Então, Saul disse: ― Que Deus me castigue com todo o rigor, caso você não morra, Jônatas!
[45] Os soldados, porém, disseram a Saul: ― Será que Jônatas, que trouxe esta grande libertação a Israel, deve morrer? Nunca! Tão certo como vive o Senhor, nem um só cabelo da sua cabeça cairá ao chão, pois o que ele fez hoje foi com o auxílio de Deus. Então, os homens resgataram Jônatas, e ele não foi morto.
[46] Saul, por sua vez, parou de perseguir os filisteus, e eles voltaram para a sua própria terra.
[47] Quando Saul assumiu o reinado sobre Israel, lutou contra os seus inimigos ao redor: moabitas, amonitas, edomitas, os reis de Zobá e os filisteus. Para qualquer lado que fosse, infligia‑lhes castigo.
[48] Lutou corajosamente e derrotou os amalequitas, libertando Israel do poder daqueles que os saqueavam.
[49] Os filhos de Saul foram Jônatas, Isvi e Malquisua. Ele também teve duas filhas. O nome da filha mais velha era Merabe, e o da mais nova, Mical.
[50] A sua mulher chamava‑se Ainoã e era filha de Aimaás. O nome do comandante do exército de Saul era Abner, filho de Ner, tio de Saul.
[51] Quis, pai de Saul, e Ner, pai de Abner, eram filhos de Abiel.
[52] Houve guerra acirrada contra os filisteus durante todo o reinado de Saul. Por isso, sempre que Saul conhecia um homem forte e corajoso, alistava‑o no seu exército.