No quarto episódio da série NEGRAS RESISTÊNCIAS - especial "MULHERES LATINOAMERICANAS" - você vai conhecer a poetisa Virgínia Brindis de Sala.
GRITO NÚMERO UM
Aceite meu verso
Marimorena
eu sei que tens de bebê-lo
como um copo de álcool,
em troca disso
quero a tua angústia
Marimorena.
Quero tua angústia
quero tua dor,
toda a tua dor
e o corte da tua boca
quando você ri
como uma louca
Marimorena,
toda bêbada
mais do que de vinho:
de miséria.
Tua voz,
que nunca embalou
seus filhos
nem seus netos
é a voz marginal
que aconchega
toda notícia da cidade.
E não há quem te faça calar
um jornal por dois trocados
não há quem pare de comprar
para aliviar teu cansaço
Deixe-me ver teu rosto
Marimorena,
que se chama a atenção
causando tristeza e piedade.
Quanto eles te devem
Marimorena,
aqueles que escrevem
e que você está pagando
com seus trocados,
com seus gritos
pela manhã
pela tarde
milhares de vezes;
você paga muito bem
e com lucro:
seu jornalismo,
sua propaganda política,
todas suas cicatrizes,
seu egoísmo,
suas ilusórias correrias desastradas.
Marimorena
todos os dias vende os jornais;
há uma sentença nisso
Marimorena
e é a sua morte.
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